Rosane Neves da Silva é a autora desse livro que está sendo posto em discussão. Penso ser um livro importante pois busca inserir a psicologia social numa discussão da qual ela tem quase sempre se furtado. Uma discussão nova, mas não uma nova discussão. Ela é nova pois no campo dos saberes e práticas psi, ela tem sido negligenciada, entretanto não é uma nova discussão porque historicamente a necessidade desse tipo de problematização vem sendo denunciada por alguns pensadores da vida e das relações entre as pessoas, as coisas e o mundo. Por isso é preciso olhar para a proposta da Rosane de maneira crítica, para que após a leitura e a discussão, a gente possa avançar para observações e análises da realidade com esse instrumental epistemológico refletido e dado ao uso das nossas pesquisas.
Rosane inicia sua discussão requerendo de seus leitores a percepção de uma "genealogia do social". Para mim, ela traduz essa dimensão ao propor a ultrapassagem de um impasse, que aponta para a necessidade de "deixar de tomar o social como uma evidência e passar a constituí-lo como um problema" (14 p.). Vamos trabalhar com evidências ou vamos trabalhar com problematizações? O que são evidências? O que são problematizações?
Acho que essas três questões nos ajudam nessa trilha de percepção do social.
Assim Rosane toma o social como um objeto fluido, que é "produzido a partir de diferentes práticas humanas e que não cessa de se transformar ao longo do tempo" ( 15 p.). Atentem para aquilo que "não cessa de se transformar". Ora se é assim, a evidência é sempre precária. As coisas passam diante de nós. Então como querer que as coisas se reduzam a UMA COISA.
É um problema relativo a produção da verdade. Assim vamos tomar a verdade como evidência ou vamos tomar a verdade como problematização?
Rosane aponta que o dito senso comum está transitando entre ma coisa e outra, mas muitas vezes, quando fazemos referência a ele, não o percebemos assim. O pensamos como algo cristalizado. Pensar assim, certamente contribui para produzir uma verdade sobre o social numa dimensão absoluta e uma metodologia de aplicação onde o pesquisador assume um lugar de neutralidade em relação ao mundo.
Como vocês pensam isso em relação ao nosso trabalho e também em relação a formação que estão construindo na Psicologia-UFS?
Conversar sobre isso é necessário, aqui e sempre que possível.
Abraços!