Hoje fica claro que existe uma ansiedade por exibição, pois tudo que se é, deve ser visto para ser e cada um é aquele que mostra de si, investindo com isso todas as suas munições na aparência. Os recursos vão os mais diversos: de webcams aos paparazzi, dos blogs e fotologs ao Youtube e o Orkut, das cameras de segurança aos reality shows.
Existe no modo de vida e valores privilegiados pelo capitalismo, um verdadeiro "mercado de personalidades", sendo que cada qual com suas habilidades de autopromoção. Trata-se da subjetividade que vigora no séc. XX de desejar ser amado, na busca desesperada pela aprovação alheia e para tanto, procura tecer contatos e relações com os outros.
Mas existem movimentos paradoxais que veio ao longo da história até contemporâneidade, em que existia uma valorização do espaço da privacidade para se produzir uma subjetividade própria, e que no auge da cultura burguesa, ocorriam relatos de si através de escritas intimas, como se fossem um deciframento de si. Por outro lado, atualmente, as versões cibernéticas da escrita de si, apesar de também solitárias, tem um caráter ambigüo, pois se instalam numa publicidade total.
Mesmo hoje, o paradoxo vai além, pois se por um lado se é zeloso com a preservação de certos dados pessoais da privacidade, por outro, promove-se uma verdadeira evasão de privacidade em campos que a intimidade era resguardada por sólidos muros e portas fechadas.
É evidente a separação de público e do privado, que antes era mais enfatizado do que nunca e de uns tempos para cá passa por uma mutação, como se desvanescessem tais limites, superanto tal dicotomia.
Postagem a partir do texto de: SIBILIA, Paula. Viver em casas de vidro: "Big Brother", webcams e blogs abrem frestas na intimidade, complicando a velha separação publico-privado. 2008. Disponível em: < http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2946,1.shl > . Acesso em: 08 fevereiro 2008.