30 de ago. de 2007

ATA - Reunião 28.08.07

- Anúncio das saídas de Nelma, Lorena, Lígia e Danilo
- Discussão sobre possíveis entradas de novos membros: como será feito o encaminhamento deles
- Pauta sobre a metodologia da pesquisa: Genealogia da cibercultura e da psicologia.
Sobre este tema, há 3 textos disponíveis falando sobre o método genealógico (com João)
- Leitura Indicativa: "Post-scriptum sobre as sociedades de controle" do livro "Conversações" (Gilles Deleuze)
- Livro: "Videologias" (Eugênia Bucci e Maria Rita Kehl) - com Herica
- Apresentação do fichamento de Marcus postado no Blog - "A disciplina"
- Presença: Andressa, Bruna, Danilo, Herica, João, Lígia, Lorena, Marcus, Nelma, Rafaela, Vanessa
TAREFA:
- Todos
Com base no texto de Marcus, tentar responder perguntas feitas por Bruna e Rafaela e colocar como postagem no Blog (por exemplo, pode ser feito um texto, etc)
PRÓXIMA REUNIÃO:
- 04.09.07 ás 9 hs, excepcionalmente, na sala próxima ao departamento.

28 de ago. de 2007

Fichamento (estudo dirigido) de "A Disciplina"

Conceitue e discuta a noção de docilidade para Michel Foucault.

É dócil o corpo que pode ser submetido, utilizado, transformado, aperfeiçoado em função do poder.
Os estudos de Michel Foucault mostram a origem destes mecanismos capilares de poder nos séculos XVII e XVIII, junto com a aparição da arte do corpo humano, do estudo da anatomia, houve a descoberta do corpo como objeto transformável em eficiência e alvo do controle. É o que ele chamou de momento das disciplinas. Desde então tem-se apenas variado as técnicas de submissão e controle. O que é descrito e detalhado nas prisões, hospícios, quartéis, escolas toma forma social mais ampla de uma sofisticada e sutil tecnologia de submissão (movimentos, gestos, rapidez...).
Este poder que se exerce sobre o corpo é ininterrupto (contínuo) chegando mesmo a instalar-se como coerção interna e suas tecnologias alcançam este feito através do que Foucault chamou DISCIPLINA, o que conduz os corpos a relação docilidade-utilidade. Foucault mostra como a idéia de obediência, evolui até as tecnologias imaginárias das sociedades modernas. Na domesticidade escrava a obediência se inscrevia (inscreve-se) no controle sobre a operação do corpo (suas ações em função dos resultados produtivos). Na vassalidade, a obtenção do controle se faz pela produção, é o resultado do trabalho dos corpos onde se instala o controle. A obediência monástica (religiosa) realiza-se através das renuncias. Mas é na modernidade que se constrói uma maquinaria de poder através do controle dos corpos (anatomia política), isto é, o corpo para fazer não o que se quer mas para operar como se quer. É a tecnologia da disciplina fabricando os corpos submissos.


Discuta como o corpo, durante a época clássica, foi descoberto como alvo e objeto de poder. Exemplifique.

O dispositivo disciplinar constitui o corpo como objeto e alvo de poder. O corpo como máquina, tanto no sentido anátomo-metafísico, desenvolvido por Descartes, quanto no sentido técnico-político, desenvolvido no exército, na escola, no hospital por regulamentos e práticas, está cruzado por dois registros distintos: submissão e utilização e, funcionamento e explicação. Todo um esquema de docilidade dos corpos já está posto no século XVIII. Embora toda a sociedade exerça limitações, proibições ou obrigações ao corpo, algo novo está ocorrendo.
A escala do poder que se aplica sobre o corpo atinge até o nível do movimento, do gesto, das atitudes do corpo, da rapidez de execução de suas tarefas. Este poder infinitesimal, capilar, se exerce sobre o corpo ativo, objeto de controle, cuja economia é almejada na eficácia dos seus movimentos. Toda uma cerimônia do exercício, do movimento, está se constituindo. Esta modalidade do poder atua constantemente, esquadrinhando o tempo, o espaço, os movimentos .

Comente o que permite à disciplina aumentar as forças do corpo em sua utilidade e ao mesmo tempo, diminuí-las no sentido político da sua ação.

A disciplina aumenta a força em termos econômicos e diminui a resistência que o corpo pode oferecer ao poder. Daí que o corpo tenha sido fonte de utilização econômica e só se torne força útil se, ao mesmo tempo, é produtivo e submisso. Essa sujeição não é obtida só pelos instrumentos da violência ou da ideologia, pode muito bem ser direta, física, usar a força contra a força sem, no entanto, ser violenta. Pode ser calculada, organizada de forma sutil, não fazer uso de armas nem do terror e, no entanto, continuar a ser disciplina física. Os métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante das suas forças e lhe impõem uma relação de docilidade - utilidade são aquilo a que podemos chamar as disciplinas.

Como o exame combina técnicas de ver e de sanção? Discuta sua função na constituição do indivíduo moderno.

O exame é o produto final de todas as técnicas disciplinares, reúne a vigilância, a sanção, o controle de tempo, de espaço, enfim, uma forma de classificar, punir e corrigir. Está presente em praticamente todos os regimes disciplinares. O poder disciplinar é exercido com subtileza mas encontra-se altamente presente nos corpos que disciplina. O exame corresponde a esta característica, é implícito, não atua diretamente no individuo, porém sanciona-o da mesma forma.

Sobre o princípio do panóptico, Foucault diz que os “detentos se encontram presos numa situação de poder de que eles mesmos são os portadores”. Como isso é possível?
Ao ser adotada a arquitetura circular nas prisões e escolas, nos hospitais e fábricas, enfim, em toda sorte de instituições que tenham a marca da disciplina, o poder converteu-se em algo invisível e inverificável. Para que o dispositivo disciplinar exerça-se plenamente em todos os seus efeitos basta que aqueles que estão a ele submetidos saibam que são vigiados ou, mais (ou menos) do que isso, que são potencialmente vigiados. A potencialidade da vigilância, sua possibilidade apenas, é por si suficiente para que o poder disciplinar se exerça justamente porque com ela uma sujeição real nasce de uma relação fictícia. Esse caráter ficcional, por assim dizer, decorre do fato de que, ao saberem-se sujeitos a um único olhar a tudo pode ver permanentemente, os indivíduos disciplinam-se a si mesmos, e o fazem constantemente em simetria à permanência desse olhar onipresente. Na medida em que a visibilidade constante dos indivíduos e a invisibilidade permanente do poder disciplinar fazem com que os indivíduos se adestrem, se ajustem e se corrijam inicialmente por conta própria, pode-se afirmar que a vigilância substitui a violência e a força. Sem essas, passa a ser ainda possível se falar em um adestramento ou readestramento espiritual, das almas, e não dos corpos.

27 de ago. de 2007

14 horas e outras coisas

Oi gente, semana passada foi apertada pra mim e apenas agora vou começar a responder as minhas demandas em relação ao nosso grupo. Recebi o resumo/resenha da Karyne, o resumo da Herica e hoje a resenha da Andressa. Há também as questões da Rafinha e da Bruna para comentar e a postagem do texto A volatização do poder capitalístico. Espero que esse fique pronto amanhã. Vou trabalhar nisso que relatei acima hoje, mas há outras informações importantes a serem passadas antes da reunião: Na pasta/xerox: coloquei hoje três textos de minha autoria. São textos breves e têm em comum uma preocupação com a genealogia como um encaminhamento metodológico. Esses textos foram colocados na pasta em função de questões que apareceram numa breve reunião com os pibikeiros, depois da assinatura do terno de compromisso deles na quarta-feira passada. Outras informações desse encontro na nossa reunião amanhã. Na pasta também há duas cartilhas sobre a normatização de trabalhos e referências da ABNT.
Horário: tive quer marcar um compromisso regular às 17 horas das terças, que é o horário limite das nossas reuniões. Peço por isso, que tentemos chegar às 14 horas, pois quanto mais cedo começarmos, mais poderemos discutir e encaminhar.
Entre nós: quero deixar registrado aqui do nosso compromisso em pelo menos ler e dá um ok da leitura no que é postado em nosso blog. Isso não está acontecendo. O grupo precisa desse instrumento para acontecer naquilo que ele se propõe. Nas postagens dessa última semana, nesse momento os indicadores são: Perguntas da Rafinha: 3 comentários. Perguntas da Bruna: 3 comentários. Ata: 7 comentários.