28 de set. de 2008

Cibercultura e Psicologia

O desenvolvimento desse trabalho está vinculado à pesquisa realizada sobre a Psicologia, tecnologia e modos de subjetivação contemporâneos, que analisa a produção da subjetividade nas articulações entre o humano e o uso de suportes cibernéticos na atualidade, bem como às experiências de identificação, de amizade e de consumo vividas na atualidade. Para problematizar as relações entre cibercultura e psicologia, atravessada pelo dispositivo do consumo contemporâneo, realizaram-se leituras sobre a produção da subjetividade contemporânea e moderna; e foram analisados os discursos de 19 alunos ingressos na Universidade Federal de Sergipe no ano de 2007, focando os sentidos que atribuem as experiências de identificação, consumo e amizade. Esses sentidos se formalizaram as categorias de análise da pesquisa, no caso o processo de formação, a preocupação com a imagem de si e a presença da família, como um valor que se atribui a relacionamentos importantes, mesmo fora dela. A preocupação com a imagem de si, bem como com essa construção, relacionam-se intimamente aos padrões de consumo da atualidade, onde se percebe um intenso movimento em busca da satisfação do próprio desejo. Nos discursos analisados emerge a produção desse voltar-se para si através do consumo de kits-de-perfils-padrão e conseqüente valorização de referenciais identitários. Dispositivos cibernéticos tais como a televisão e a internet estimulam o consumo e a sua exacerbação. O corpo torna-se então alvo do desejo, onde se busca produzir corpos ideais através da superação das limitações anátomo-fisiológicas. Esse movimento segue uma lógica estética imposta pelo social, denunciada por autores como Bauman, Sibília. Sarlo, Sevcenko, dente outros. Faz-se necessário a crítica, no sentido de produzir modos de resistência à imposição desse consumo voltado para imagem de si, possibilitando espaços para o exercício de autonomia em ambientes não identitários.