21 de jan. de 2008

1998 foi um Ano Estranho

Estranho ano aquele, agora longínquo, 1998 quando viu-se concretizar uma nova forma de ativismo político, o hacktivismo. Antes se fazendo presente por ações isoladas, foi naquele ano que os hackers entraram na “guerra” subjetiva de maneira maciça, utilizando este novo espaço (o ciberespaço) a favor da luta pró-liberdade de expressão, pelos direitos humanos e maior justiça político-social. Estes eram os discursos que, de maneira geral perpassavam os vários e diferentes grupos ativistas através das ações de Desobediência Civil Eletrônica, tais quais invasões a sites para publicação de textos e imagens com mensagens de cunho político, “sit-ins” on-line¹ e até mesmo pichações com mensagens antiguerra em jogos on-line. Aquele foi o ano da criação de grupos e sites dedicados ao hacktivismo, que de maneira análoga aos ativistas de rua, nas ruas, estavam ocupando este novo espaço com a criação desta nova frente de batalha. Dez anos se passaram desde 1998 e, de acordo com Ricardo Rosas, o movimento só fez crescer.
Não devemos, porém, tomar 1998 como um ano desconectado, pois ele faz parte da historia da nossa sociedade de informação. Porém o que 1998 significa? Quais são, talvez, os indicativos que emergem junto aos movimentos?
Sugiro um possível caminho ao dizer que “ativismos” sempre existiram quando havia necessidade e principalmente possibilidade para que surgissem. Porém, ter chegado ao ciberespaço diz sobre uma necessidade de ocupar este novo lugar até então não atualizado por políticas deste tipo; diz sobre a possibilidade que este novo lugar traz de tornar público opiniões outras supostamente não capturadas pela lógica vigente. A internet confere organicidade ao computador dentro da história evolutiva do mesmo, porém os primeiros hackers eram impelidos por ímpetos de auto-estima num movimento egoísta e solitário de desbravamento da máquina e suas possibilidades. 1998 veio mostrar que essas práticas atingiram um estágio de maturação tal que transbordou em si e acabou por conectar-se a novos sentidos.



¹ Sit-in é uma prática não-violenta de protesto em que as pessoas se sentam barrando a passagem ou a entrada/saída de veículos ou pessoas. No caso on-line é provocado pelo congestionamento do acesso aos sites atacados.

20 de jan. de 2008

O Trabalho deve ser fonte de Prazer

No capitalismo, o sustentáculo é o dinheiro, obtido sempre através de alguma forma de trabalho – seja verdadeiramente produzido ou uma simulação, como a bolsa de valores – e crescente por causa da tecnologia. Porém, o avanço tecnológico mostrou também seu lado mais negativo: o valor que o sujeito adquire não pelo que é, mas pelo que exerce (seu trabalho) ou até mesmo a falta dele – o desemprego.
Ao observar este cenário, em que a economia vigente dita as regras de ser somente feliz aquele que produz o máximo possível, é clamada uma revolta de todos aqueles que queiram fazer uma crítica voltada ao fundo do problema, às questões sociais, as mudanças descabidas de valores do que é preferencial. O autor denomina estas pessoas de hackers, por modificarem o sistema e introduzirem novos códigos, novos valores, novas concepções. O capitalismo deveria, então, ser destruído ou adquirir novas formas, com o trabalho valendo aquilo que proporciona, e não somente servir para gerar dinheiro; deve haver prazer, buscas de significações ou qualquer outra coisa que o homem deseje. Lembra bastante o que sugere Skinner em Walden II, onde afirma que o trabalho não deve ser a vida em si, mas apenas um sustentáculo físico (alimentação, vestuário, etc) que auxilie na procura da felicidade, na prática do que realmente dá prazer.