21 de jun. de 2007

Considerações Finais - Sobre a Televisão

Durante toda leitura Bourdieu aponta para o grande peso simbólico que a televisão exerce. E nesse sentido aparece-nos a expressão “omnibus”, que segundo autor significa “para todo mundo”. Com tal a expressão, o autor chama atenção para as notícias de variedade: fatos ou informações-ônibus constituem notícias que não chocam ninguém, não envolvem disputas, não dividem, não tocam em nada de importante, mas mesmo assim formam consenso e interessam a todo mundo. Elas ocupam tempo e são consideradas fúteis “é que essas coisas tão fúteis são de fato muito importante na medida em que ocultam coisas preciosas”. Nesta afirmação, a quem o autor se refere? As coisas preciosas são ocultadas pela televisão, ou também as são pelo público na medida em que tem consciência que ao ligarem a televisão verão coisas sem tanta importância? Quando a televisão dedica-se a este tipo de informação ela está no mínimo formando uma espécie de monopólio da informação sobre a formação das cabeças de uma parcela importante da população.
Outras linhas do texto colocam que “as notícias de variedades têm por efeito produzir o vazio político, despolitizar e reduzir a vida do mundo à anedota e ao mexerico, fixando e prendendo a atenção em acontecimentos sem conseqüências políticas, que são dramatizados para deles “tirar lições”, ou para restituir sentido ao insignificante...”
A questão é: porque informações que não “acrescentam”, que não chocam, etc, ocupam tanto tempo na vida das pessoas e ainda são capazes de produzir consenso???? Qual seria, então, a “informação ideal” que a televisão deveria passar? O autor tem o ponto do vista que considera a televisão como monopolizadora, ou seja, deixam de passar coisas preciosas para se dedicarem a notícias de variedade. Mas, por outro lado, será que a população seria tão vítima assim da TV?

19 de jun. de 2007

Capítulo IV - Comunicação e Produção da Subjetividade


O presente capítulo vem tratar da relação feita entre os Meios de comunicação de massa e a produção de subjetividade, tendo por ponto de partida o desenvolvimento do capitalismo moderno que afeta as relações de produção e por sua vez determina a construção de uma subjetividade.

Essa subjetividade fabricada, modelada, recebida e consumida atinge o inconsciente dos indivíduos, já que "são afetos produzidos, socialmente, pelo capitalismo moderno e estão diretamente relacionados com o modo dos indivíduos perceberem o mundo, de se "modelizarem" os comportamentos e de se articularem as suas relações sociais". Interessante notar que parece existir uma repetição a menção de modelagem da subjetividade, no Behaviorismo, enquanto que aqui se coloca por modelização, sendo a primeira explicada por aproximações sucessivas, e a segunda é quando a subjetividade é criada socialmente a partir de um processo de homogeneização. Esse processo se dá quando a "subjetividade capitalística" vem trazer uma idéia de individualidade, assim como de interioridade, tal como uma essência humana, pré-social. Este quadro retira o caráter transformador da sociedade, para no fim formar uma massa homogênea, porém estratificada individualmente, com o ideal de trabalhador livre.

Está-se falando de uma grande máquina - o capitalismo moderno - produzindo um "jeito de ser" tanto tanto a nível macropolítico - definindo questões sócio-político-econômico-culturais da sociedade - como a nível micropolítico do desejo - estes que permeiam os pequenos gestos do nosso cotidiano (o qual foi tratado no capítulo III sobre Psicanálise). Ou seja, respectivamente, tem-se, não só num plano representacional (consciência), como também planos semióticos heterogêneos (inconsciente) o qual é reduzida a um proceso de subjetivação dominante e cristalizado por conta do poder. Compreende-se a produção de uma micropolítica como a reprodução (ou não) dos modos de subjetivação dominante, tendo ao mesmo tempo os vetores de expressão criativa (de singularidades) que se delineiam.

Ao se tratar da produção inconsciente, o qual é reduzida aos processos de subjetivação dominante e cristalizada a partir de um poder instituido, Foucault é citado por tratar do conceito da mecânica do poder. O autor vem relatar que ela se expande por toda a sociedade nas formas mais regionais e concretas, por parte de instituições e tomando o corpo através de técnicas de dominação (muito se assemelha às técnicas behavioristas que condicionam o corpo e o apreendem a nível do comportamento). Nesse caso o corpo é dominado pela sociedade, quando penetrando pelo cotidiano, carcaterizado como micropoder, que atravessa as relações no microtecido social. Poder é considerado, por Foucault como um exercício, que se efetua, uma relação, que provoca resistências, porém nada fixo, mas sim com pontos móveis e transitórios que se distribuem por toda a estrutura social.

Adiante no texto, afim de se ter uma melhor visão da questão das formas de dependência, salienta-se que isso se deve ao fato de não só ser conseqüência de processos econômicos e sociais (que envolve forças produtivas, conflito de classes e estruturas ideológicas), como também envolve as relações de exploração e de dominação. Não é a toa que a produção da subjetividade se dá tanto a nível dos opressores como dos oprimidos. No entanto, tudo isso só não dá conta do mecanismo de sujeição da subjetividade que acontece na combinação complexa de técnicas de individuação - em que o a subjetividade tem por carcterística a interioridade e individualidade - e de procedimentos de totalização ou homogeneização já mencionado.

Daí, se aponta para a formação de uma massa que tanto é "indivíduo", como "sujeitos", sendo o primeiro caracterizado como despersonalizado, visto por um ideal igualitário capitalista (fruto da homogeneização) e o segundo resultado de um sistema hierarquizante e autoritário de códigos morais que regem as relações pessoais. Ao observar essa situação, percebe-se uma realidade vista como universal, porém tida para cada um como pessoal e circunstancial, que é construída exatamente pela concepção de mundo difundida, através dos Meios de Comunicação. Estes enraizam cada vez mais tais "modos de subjetivação", "intensidades de vida", "desejos", que são os produtores e agenciadores de sentidos de real, compreendendo que o real se cria no social, ou seja, somos co-produtores de nossa realidades e não só meras vítimas iludidas.

Tentando dar conta dessa idéia do desejo, é explicado no texto como movimentos intensivos que são expressados através da subjetividade, entendidas como modos de os indivíduos perceberem o mundo e articularem suas relações sociais. O desejo, de acordo com Rolnik, é um produtor de universos psicossociais, a partir de três movimentos: 1) por meio dos afetos - intensivo e inconsciente - com o poder de atração e repulsa; 2) quando afetos buscam exteriorizar - tomando corpo em matéria de expressão; 3) Com a formação de territórios existenciais - num plano visível, consciente, estando num aglomerado de diferentes matérias de expressão, onde os afetos se situam e se concretizam.

É exatamente ligando esse processo aos Meios de Comunicação que essa situação se configura, pois se utilizando da linguagem intensiva, que estabelece conexão direta entre as instâncias psíquicas (definem o modo de perceber e constuir o mundo) e o que é produzido pelo capitalismo. Por isso o desejo se torna uma intensidade nômade sempre à procura da linguagem para que possa se expressar. Assim o processo basicamente acontece quando a mídia capta as intensidades (que são movediças e mutantes), que são investidas de significados ao se criar uma linguagem onde o desejo se concretiza e acontece, daí a formar o desejo no social. Com isso o desejo perde ou anula seu anterior caráter ativo de possibilidade de produções singulares no social, que também faz perder a possibilidade de uma multiplicidade de singularidades revolucionárias. Tal fato aconteceu já que o desejo se vinculou a uma intensidade homogeneizadora de sentidos.

Portanto é possível afirmar que os Meios de Comunicação são um importante equipamento maquínico capitalístico, já que cria o indivíduo do capitalismo mundial integrado (globalizado), ao mesmo tempo produz uma massa desenraizada produtiva (ou seja um indivíduo que técnico, que não se importa com sua história, que esquece dela), o que mantém um sistema hierarquizante de produções. É através dos Meios de Comunicação, em que a massa social não se comunica, que se ratifica como um meio bastante eficiente na criação de códigos totalizantes de dominação.
No entanto, "os movimentos se desmancham e novos se articulam de forma independente", assim se coloca no texto, afim de mostrar que é possível burlar a interdição da mídia e desenvolver circuitos de comunicação auto-suficientes e de exteriorização intensiva de atualidade, que traz a oportunidade de potencialidade de ação capaz de fazer implodir ou explodir as estruturas institucionais hegemônicas. Da mesma maneira, a forma estética pode, enquanto intensidade criativa, não só socializar a memória, como também recuperar o potencial de transformação e construção do social, através da criação de uma outra linguagem transversal, transubjetiva e social.

18 de jun. de 2007

Capítulo II: Comunicação, Gestalt e Behaviorismo

O texto de Lazzarotto e Rossi vai relacionar o behaviorismo e a Gestalt com a comunicação social, pois elas julgam que os princípios básicos dessas teorias psicológicas permitem uma reflexão a cerca da comunicação. A medida que o texto apresenta esses princípios, são relacionados como a publicidade, em especial, utiliza-se deles. Enfatizei principalmente a Gestalt por que acredito que seja a teoria que a maioria tem menor conhecimento. Além disso, relacionei sempre que lembrei com alguma propaganda que se utilizava da teoria, ao menos aparentemente.
Os anúncios e os anunciantes passam a se utilizar mais fortemente destas teorias e de outras a partir do momento que informar sobre o produto simplesmente não funcionava mais para a venda destes, assim essas mensagens passaram agora a impulsionarem uma compra irracional.

O condicionamento e o comportamento observável são os conceitos behavioristas mais utilizados pela mídia. Acredito que a Propaganda nova da Skol, aquela dos ratinhos, é muito clara nesse sentido. Por que as propagandas se utilizam desses conceitos indiretamente, mas essa propaganda ela mostra o behaviorismo explicitamente.
O outro conceito do behaviorismo importante é o comportamento reflexo (involuntário) e o operante. A idéia do comportamento operante acho que reforça aquela discussão que teve a partir do fichamento de Nelma do capítulo III. Quando as propagandas de refrigerante, por exemplo, colocam pessoas famosas e bonitas, faz com que os consumidores que a bebem vejam como conseqüência o sucesso e não a celulite. Nesse caso, a sede seria o estímulo incondicionado, beber o refrigerante o estímulo condicionado e o reforço seria o sucesso.
O reforço também está presente nas propagandas. O positivo quando os produtos “prometem” exclusividade, bom preço, prêmios, beleza, sucesso e etc. e o negativo é mais usado com o produto concorrente. A modelagem, condicionamento a partir de aproximações sucessivas, também é utilizado pela comunicação. Isso se exemplifica com o lançamento de produtos, em que o produto ele vai surgindo aos poucos, mesmo nas propagandas. A gente pode ver um exemplo aqui em aju, com o lançamento do Burger King, primeiro tinha lá uma construção no shopping e ninguém sabia o que era depois colocaram um site (http://www.soumuitocurioso.com.br/) que não falava o que era o produto, quando você entra descobre qual a loja, acredito que em breve o produto irá cada vez mais ser destacado.

A gestalt tem 3 postulados:
1 – O todo é percebido de maneira distinta da soma das partes. Em comercial a gente pode ver, por exemplo, a propaganda da antártica, porque tem a cerveja e Juliana Paes, e juntas formam a BOA, assim cada separada são diferentes das duas juntas.
2 – No processo perceptivo percebe-se o campo estimulatório constituído de fenômenos ligados por associação.
3 – O campo perceptivo é organizado. Assim a mídia aparece como “perfeita”, “cabada”, o indivíduo não se dá conta do imperfeito, e não parte para a crítica e reflexão, consumindo sem pensar.

Outro conceito da gestalt é a percepção figura e fundo, em que algo está destacado -figura- e algo está como o nome diz de fundo. Um exemplo claro deste, são as propagandas de cigarro, em o cigarro como figura, aparece bem destacado e como fundo aparece à frase “fumar é prejudicial à saúde”.

São 5 os princípios, vou falar os que mais me chamaram a atenção:
àProximidade: “os meios de comunicação colocam sempre próximos o produto ou imagem a ser vendida com algo que lhe traga benefícios e vantagens”.
Assim, acredito que diferentemente da Psicanálise, as propagandas com cunho sexual, não sexualizam o produto e sim, fazem com que o produto tenha uma imagem positiva, ou que seu consumo produza algum benefício que não necessariamente sexual. Acho que continuo sem concordar com aquela idéia do capítulo III.
àSemelhança: “o produto vendável ao lado, ou ligado a uma figura importante, famosa”. Esse conceito é comumente visto em muitas propagandas.
àExperiência passada: “o indivíduo faz associação direta com sua própria experiência”, por exemplo, a associação da boa qualidade de determinada pasta de dente e o beijo.

“Os meios de comunicação munem-se de condições para manipular não somente o sujeito, mas também sua forma de conhecer objetos.” (p.31) Assim, utiliza-se da freqüência de repetição do slogan, a intensidade, a mudança de movimento (é mais atraente uma propaganda com uma pessoa falando do que parada), e ainda a sensibilização do mecanismo de percepção individual.

As duas teorias enfatizam o ambiente, e as respostas e percepção do sujeito. Dessa forma, as duas servem à manipulação ou ao menos a possibilidade de manipular o sujeito e talvez por isso, são tão amplamente usadas pela comunicação social direta ou indiretamente e consciente ou inconscientemente.

“Com isso, constatamos o uso e abuso desta teoria – bem como de outras – ao invés de “somente” contribuir, favorece a instrumentalização, da casta social dominante, que se utiliza dos meios de comunicação, para manter-se dominante e casta” (p.33). Acho que devemos pensar sobre isso...

Bem é isso...