Comunicação e controle social
Livro organizado por Pedrinho Guareschi em 1991.
Uma análise dos meios de comunicação de massa. Procura detectar os mecanismos ocultos responsáveis pela alienação dos indivíduos. O autor aborda temas como ideologia, consciência de massa e manipulação.
O livro em questão divide-se em cinco capítulos: A realidade da comunicação – visão geral do fenômeno; Comunicação, Gestalt e Behaviorismo; Comunicação e Psicanálise; Comunicação e Produção de Subjetividade; e Comunicação e Teoria Crítica.
O capítulo inicial dessa obra faz com que pensemos como a comunicação está presente na construção da realidade, na detenção do poder, na cultura, no próprio controle social e como ela modifica tudo isso e fomenta um novo ser humano.
Fala-se na construção da realidade a partir de o que é comunicado, veiculado, passa a existir e o que não o é cai no esquecimento, no vazio, passando assim a não ser mais realidade. A comunicação tem duplo poder de fazer uma coisa existir ou deixar de existir. Esse poder, aqui colocado, é algo que deve ser particularmente analisado. Afinal de contas, deter essa construção da realidade significa possuir certo poder. Poder esse sobre a existência das coisas, sobre difusão de idéias e sobre a opinião pública e sua criação. Possuir a comunicação possibilita definir os outros, definir alguns grupos sociais como sendo bons ou ruins, piores ou melhores, de acordo com os que detém o poder. Ter o rosto na televisão ou a voz no rádio faz com que se consiga ser eleito. A conclusão lógica para isso é que a voz que desponta e a imagem que aparece é a de alguém que passa a existir, como afirma Guareschi. E no momento de se dar o voto, escolhe-se aqueles que existem.
No campo da cultura é que de longe se percebe a importância fundamental da comunicação. Sendo os meios de comunicação indispensáveis tanto na criação como na transmissão, mudança, legitimação e reprodução de determinada cultura. Capazes, assim, de subjugar outras culturas.
Esse subjugue passa a exercer parte da constituição do controle social. Dominação estabelecida pela comunicação se faz a partir da interioridade da consciência do outro. E assim o dominador estabelece em cima do dominado uma condenação e uma estigmatização a prática da verdade. Desse modo, a verdade só será daquele que possuir o poder da comunicação e consequentemente terá o controle em suas mãos. Deve-se então deixar de falar em Meio de Comunicação Social para em meios de informação, a serviço do controle social.
O segundo capítulo vai relacionar o behaviorismo e a Gestalt com a comunicação social, pois elas julgam que os princípios básicos dessas teorias psicológicas permitem uma reflexão a cerca da comunicação. Os anúncios e os anunciantes passam a se utilizar mais fortemente destas teorias e de outras a partir do momento que informar sobre o produto simplesmente não funcionava mais para a venda destes, assim essas mensagens passaram agora a impulsionarem uma compra irracional.
As duas teorias enfatizam o ambiente, e as respostas e percepção do sujeito. Dessa forma, as duas servem à manipulação ou ao menos a possibilidade de manipular o sujeito e talvez por isso, são tão amplamente usadas pela comunicação social direta ou indiretamente e consciente ou inconscientemente. O importante aqui é perceber as ferramentas que casa sistema ou teoria utiliza pra emitir pareceres.
No terceiro capitulo, o da Psicanálise, temos essa compreensão de ferramenta sendo utilizada também. A autora desse capítulo, Neuza Guareschi, coloca que nada acontece por acaso. E especialmente nas propagandas é perceptível o quanto esse sistema é manuseado. Não que seja como uma receita de bolo, mas que essa utilização estabelece uma razão para ser praticada nas propagandas é fato.
Guareschi comenta ainda sobre a sociedade capitalista na qual vivemos, onde as relações entre as pessoas são de exploração e dominação, e que poucos são os que podem acompanhar o consumismo exacerbado que se implanta nesse tipo de sociedade. A autora diz que mesmo sem condições a maioria deseja aquilo que as propagandas nos mostram. É, então, neste momento que a pressão, isto é, a quantidade de energia despendida para satisfazer o instinto, é muito maior justamente naqueles que não possuem essa condição, este desgaste maior de energia na busca da satisfação, é a “fábrica” das frustrações, que por sua vez geram as angústias que deixam as pessoas confusas e até perturbadas psiquicamente. Essa questão remete ao intenso processo de individualização que se experimenta hoje.
O capítulo seguinte vem tratar da relação feita entre os Meios de comunicação de massa e a produção de subjetividade, tendo por ponto de partida o desenvolvimento do capitalismo moderno que afeta as relações de produção e por sua vez determina a construção de uma subjetividade. É exatamente ligando esse processo aos Meios de Comunicação que essa situação se configura, pois se utilizando da linguagem intensiva, que estabelece conexão direta entre as instâncias psíquicas (definem o modo de perceber e construir o mundo) e o que é produzido pelo capitalismo. Por isso o desejo se torna uma intensidade sempre à procura da linguagem para que possa se expressar. Assim o processo basicamente acontece quando a mídia capta as intensidades, que são investidas de significados ao se criar uma linguagem onde o desejo se concretiza e acontece. Com isso o desejo perde ou anula seu anterior caráter ativo de possibilidade de produções singulares no social, que também faz perder a possibilidade de uma multiplicidade de singularidades revolucionárias. Tal fato aconteceu já que o desejo se vinculou a uma intensidade pluralística de sentidos. Portanto,é possível afirmar que os Meios de Comunicação são um importante equipamento maquínico capitalístico, já que cria o indivíduo do capitalismo mundial integrado (globalizado), ao mesmo tempo produz uma massa desenraizada produtiva (ou seja um indivíduo que técnico, que não se importa com sua história, que esquece dela), o que mantém um sistema hierarquizante de produções.
Creio que os meios de comunicação difundem, sim, uma concepção de mundo. E dizer que o real se cria no social também está valendo. Porém, nem todo mundo produz sua própria realidade. Têm muitas vítimas iludidas, sem poder de crítica e sem ver no horizonte uma realidade que lhe seja própria.
Aqueles que se sujeitam a esse poder são oprimidos. Já aos opressores cabe a tarefa de definir. Definir grupos sociais como sendo bons ou ruins. Subjugar tudo aquilo que lhe for prejudicial. Desmerecer tais coisas pelo fato de ter ou não poder. Foucault considera o poder como "um exercício, que se efetua, uma relação, que provoca resistências, porém nada fixo, mas sim com pontos móveis e transitórios que se distribuem por toda a estrutura social.". E sendo móvel ele pode estar aqui ou ali. Desse modo maleável o poder é barganha pra aqueles que o possui.
E a pergunta que fica é instumentalizar a casta dominante é realmente o certo? Dar-lhes mais poderes para cada vez mais aumentar as diferenças sociais é justo?
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31 de jul. de 2007
5 de jul. de 2007
“Me sinto bebendo sólido e comendo liquido, pq simplesmente acabo de ler e não sei o que comentar..”
Essa frase poderia ser de qualquer um entre nós. Foi da Vanessa em uma outra postagem, aqui-agora é minha. Não para sempre, pois como dizia o poeta, “pra sempre, sempre acaba”.
Penso que nos cabe compreender melhor a frase que quase sempre se usa em diversas situações. Podemos usar os conceitos da Escola de Frankfurt, referentes ao texto que estamos trabalhando, podemos usar aquilo que ocupa nossos pensamentos e sensações. Podemos usar outros textos. O importante é a inquietação que essa frase pode produzir e precisa produzir entre nós.
Acho que não demos muita importância a ela, lá atrás. Andressa fez uma interpretação da mesma e até encaminhou uma possibilidade de entendimento para a história do “beber sólidos e comer líquidos”. Como o encaminhamento veio rápido, abro aqui de novo a dimensão polêmica que a frase possui, já que ela dá extensão a uma idéia ou pensamento, mas não consegue produzir outro sentido nessa extensão. Comenta sem comentar. Pode ser um pedido de ajuda, pode ser uma ironia ao texto posto, pode ser mil coisas outras. Entretanto ele foi apenas uma coisa.
Para o pessoal de Frankfurt, a Indústria Cultural (IC) confere as coisas um ar de semelhança. Isso talvez seja o seu pior. Simples; ao tornar o mundo muito semelhante, a tal IC não permite saídas à linguagem que foi instituída e que organiza os desejos e as necessidades. O sentimento de beber sólido e comer líquido naturaliza-se. Sair dessa situação, construir um lugar FORA dessa lógica, inviabiliza-se pelo costume já produzido.
Aos que mesmo assim tentam algo diferente, estabelece-se para esses o lugar do estigma, do marginal, do desORDEIRO. Os pensadores de Frankfurt buscavam denunciar e resistir ao fascismo que se implementava em políticas de governo na Europa e também na vida cotidiana, na relação entre as pessoas. É como se a escuta do FORA fosse abolida. Agora vale apenas a escuta do DENTRO, a escuta oficial.
Isso é trabalhar com a dimensão psicológica a tiracolo. Isso deve nos interessar, pois como já foi dito em outros textos nesse blog, a Psicologia esteve a serviço de práticas fascistas de modo disseminado. O mínimo de uma discussão é por isso em questão e tentar saber mais dessa história, para também se por em questão, como alguém que pratica a psicologia de modo diferenciado na vida social. Adiante então!
Essa frase poderia ser de qualquer um entre nós. Foi da Vanessa em uma outra postagem, aqui-agora é minha. Não para sempre, pois como dizia o poeta, “pra sempre, sempre acaba”.
Penso que nos cabe compreender melhor a frase que quase sempre se usa em diversas situações. Podemos usar os conceitos da Escola de Frankfurt, referentes ao texto que estamos trabalhando, podemos usar aquilo que ocupa nossos pensamentos e sensações. Podemos usar outros textos. O importante é a inquietação que essa frase pode produzir e precisa produzir entre nós.
Acho que não demos muita importância a ela, lá atrás. Andressa fez uma interpretação da mesma e até encaminhou uma possibilidade de entendimento para a história do “beber sólidos e comer líquidos”. Como o encaminhamento veio rápido, abro aqui de novo a dimensão polêmica que a frase possui, já que ela dá extensão a uma idéia ou pensamento, mas não consegue produzir outro sentido nessa extensão. Comenta sem comentar. Pode ser um pedido de ajuda, pode ser uma ironia ao texto posto, pode ser mil coisas outras. Entretanto ele foi apenas uma coisa.
Para o pessoal de Frankfurt, a Indústria Cultural (IC) confere as coisas um ar de semelhança. Isso talvez seja o seu pior. Simples; ao tornar o mundo muito semelhante, a tal IC não permite saídas à linguagem que foi instituída e que organiza os desejos e as necessidades. O sentimento de beber sólido e comer líquido naturaliza-se. Sair dessa situação, construir um lugar FORA dessa lógica, inviabiliza-se pelo costume já produzido.
Aos que mesmo assim tentam algo diferente, estabelece-se para esses o lugar do estigma, do marginal, do desORDEIRO. Os pensadores de Frankfurt buscavam denunciar e resistir ao fascismo que se implementava em políticas de governo na Europa e também na vida cotidiana, na relação entre as pessoas. É como se a escuta do FORA fosse abolida. Agora vale apenas a escuta do DENTRO, a escuta oficial.
Isso é trabalhar com a dimensão psicológica a tiracolo. Isso deve nos interessar, pois como já foi dito em outros textos nesse blog, a Psicologia esteve a serviço de práticas fascistas de modo disseminado. O mínimo de uma discussão é por isso em questão e tentar saber mais dessa história, para também se por em questão, como alguém que pratica a psicologia de modo diferenciado na vida social. Adiante então!
28 de jun. de 2007
beber sólido e comer líquido
“Tudo contém sua negação, tudo contém sua contradição”
Algumas coisas podem parecer muito estranhas a nossa percepção cotidiana, entretanto há muitas outras coisas estranhíssimas que passam despercebidas. As vezes batem em nossos corpos e não fazemos questão alguma de compreendê-las, sequer de reconhecê-las.
Pois bem, acho que esse pessoal da Escola de Frankfurt tinha essa carta no baralho das suas análises e o Pedrinho Guareschi nos aponta isso em seu texto sobre a Comunicação e Teoria Crítica. O texto é curto, mas requer de nós um pensamento que não se entregue às brevidades.
Guareschi lembra que para Karl Marx, “as contradições presentes nas relações de produção maduras” teria por efeito imediato um processo de transformação da sociedade. Revolução social pela consciência das diferenças do viver.
Pois bem, essa promessa-proposta marxista não se deu. As pessoas continuaram cada vez mais a beber sólido e mastigar o líquido e nada de grandes revoluções pipocando pelo planeta. Aqui estamos falando dos primeiros anos do século XX, para se ter uma referência historiográfica.
Pois bem, é nesse cenário que aparece a Escola de Frankfurt propondo ampliar a leitura marxista da vida como ela se faz. Dizem os frankfurtianos que a “crítica radical da sociedade e a crítica da ideologia são inseparáveis”. Isso implica dizer que nada acontece por acaso ou mesmo automaticamente. Se é a liberdade que está em questão, deve-se ter em mente que a liberdade pura, essencial ou plena, é carta fora desse baralho. O mundo se pauta por interesse. Nada se dá desinteressadamente. É necessário para os frankfurtianos, principalmente os dá 1ª geração, tomar partido.
Neutralidades e imparcialidades não cabem na ação que busca transformar a realidade social. Não cabem por também não estarem presentes no pensamento e na ação daqueles que se fazem amigos do capitalismo, por assim dizer. Para a Escola de Frankfurt é preciso “livrar-se da falsa consciência e da coerção auto-imposta”.
Aparece assim na Teoria Crítica um sujeito que sofre para além da mais-valia. Essa frase pode parecer estranha, mas ela quer dizer que ser assaltado diariamente pelo patrão não representa o maior problema na vida do sujeito-trabalhador. Ele pode sofrer também por outros motivos, alguns até fabricados por ele mesmo. Desse modo a psicologia ganha espaço nas análises e proposições dos frankfurtianos.
Por isso Guareschi aponta que a novidade inicial da Escola de Frankfurt pode ser objetivada nesses dois pontos:
· Ampliação do conflito de classe.
· Desenvolvimento da noção de consciência e recuperação da questão da subjetividade.
Bom, desse capítulo, é importante falar também do conceito de Cultura Afirmativa do Marcuse e da Indústria Cultural em Adorno e Horkheimer. Logo falo deles, mas antes seria interessante conversar aqui sobre nossa experiência cotidiana em beber sólido e comer líquido e vice-versa. Abraço!
25 de jun. de 2007
Capítulo I - A realidade da Comunicação

Além da preguiça(e das ressacas), deixei passar a discussão com o intuito de me aproveitar de coisas que foram ditas e coisas que estavam por ser ditas. E pelo visto vou ter muitas cartas para usar. O texto de Andressa está recheado de argumentos que me irão servir pra explicar o texto de Pedrinho Guareschi. E o que Vanessa mostrou sobre o behaviorismo também me ajudará.
No fichamento em tópicos antes feito, a construção da realidade aparece puxando toda a discussão. Falar dessa construção da realidade atrelada a comunicação envolve um problema de existência. A qual a comunicação possui o duplo poder: de fazer com que exista(se realize) ou fazer com que deixe de existir. Ao passo que uma determinada informação está sendo dita ela se faz existir e é claramente perceptível o poder da comunicação quando faz o contrário, algo que existia e estava em voga agora está não dito e aos poucos vai deixando de existir. Fazer uma realidade deixar de existir por ser silenciada é algo corriqueiro. No Brasil, é comum perceber interesses políticos de certos grupos, que controlam as informações, em dar maior destaque à cobertura de um evento esportivo a uma possível crise politica que possa atingir os seus interesses. E assim silenciando aos poucos consegue-se com que essa realidade passe a não existir e não existindo não lhe causará problemas.
Antes de continuar, atento aqui para uma passagem do texto de Andressa quando ela tava falando sobre indivíduos e sujeitos:
"...percebe-se uma realidade vista como universal, porém tida para cada um como pessoal e circunstancial, que é construída exatamente pela concepção de mundo difundida, através dos Meios de Comunicação. Estes enraizam cada vez mais tais "modos de subjetivação", "intensidades de vida", "desejos", que são os produtores e agenciadores de sentidos de real, compreendendo que o real se cria no social, ou seja, somos co-produtores de nossa realidades e não só meras vítimas iludidas. "
Os meios de comunicação difunde, sim, uma concepção de mundo. E dizer que o real se cria no social também está valendo. Porém, nem todo mundo produz sua própria realidade. Têm muitas vítimas iludidas, sem poder de crítica e sem ver no horizonte uma realidade que lhe seja própria.
Voltando a falar dos interesses atrelado a comunicação entra-se no terreno do poder. ”Quem detém a comunicação, detém o poder” e sendo assim; na construção da realidade, quem detém essa construção, detém também o poder. Poder esse sobre a existência das coisas, sobre difusão de idéias e sobre a opinião pública e sua criação. Aqueles que se sujeitam a esse poder são oprimidos. Já aos opressores cabe a tarefa de definir. Definir grupos sociais como sendo bons ou ruins. Subjugar tudo aquilo que lhe for prejudicial. Desmerecer tais coisas pelo fato ter o não o poder. Já que Andressa diz no texto dela que Foucault considera o poder como "um exercício, que se efetua, uma relação, que provoca resistências, porém nada fixo, mas sim com pontos móveis e transitórios que se distribuem por toda a estrutura social.". E sendo móvel ele pode estar aqui ou ali. Desse modo maleável o poder é barganha pra aqueles que o possui.
No final do texto de Vanessa ela ressaltou o quanto os autores do capitulo II se mostram preocupados com o uso das teorias psicologicas para o controle das classes não dominantes pelas dominantes:
“Com isso, constatamos o uso e abuso desta teoria – bem como de outras – ao invés de “somente” contribuir, favorece a instrumentalização, da casta social dominante, que se utiliza dos meios de comunicação, para manter-se dominante e casta” (p.33).
Instrumentalizar a casta dominante é realmente o certo? Dar-lhes mais poderes para cada vez mais aumentar as diferenças sociais é justo?
Talvez ainda tenha o que falar...
=P
19 de jun. de 2007
Capítulo IV - Comunicação e Produção da Subjetividade
O presente capítulo vem tratar da relação feita entre os Meios de comunicação de massa e a produção de subjetividade, tendo por ponto de partida o desenvolvimento do capitalismo moderno que afeta as relações de produção e por sua vez determina a construção de uma subjetividade.
Essa subjetividade fabricada, modelada, recebida e consumida atinge o inconsciente dos indivíduos, já que "são afetos produzidos, socialmente, pelo capitalismo moderno e estão diretamente relacionados com o modo dos indivíduos perceberem o mundo, de se "modelizarem" os comportamentos e de se articularem as suas relações sociais". Interessante notar que parece existir uma repetição a menção de modelagem da subjetividade, no Behaviorismo, enquanto que aqui se coloca por modelização, sendo a primeira explicada por aproximações sucessivas, e a segunda é quando a subjetividade é criada socialmente a partir de um processo de homogeneização. Esse processo se dá quando a "subjetividade capitalística" vem trazer uma idéia de individualidade, assim como de interioridade, tal como uma essência humana, pré-social. Este quadro retira o caráter transformador da sociedade, para no fim formar uma massa homogênea, porém estratificada individualmente, com o ideal de trabalhador livre.
Está-se falando de uma grande máquina - o capitalismo moderno - produzindo um "jeito de ser" tanto tanto a nível macropolítico - definindo questões sócio-político-econômico-culturais da sociedade - como a nível micropolítico do desejo - estes que permeiam os pequenos gestos do nosso cotidiano (o qual foi tratado no capítulo III sobre Psicanálise). Ou seja, respectivamente, tem-se, não só num plano representacional (consciência), como também planos semióticos heterogêneos (inconsciente) o qual é reduzida a um proceso de subjetivação dominante e cristalizado por conta do poder. Compreende-se a produção de uma micropolítica como a reprodução (ou não) dos modos de subjetivação dominante, tendo ao mesmo tempo os vetores de expressão criativa (de singularidades) que se delineiam.
Ao se tratar da produção inconsciente, o qual é reduzida aos processos de subjetivação dominante e cristalizada a partir de um poder instituido, Foucault é citado por tratar do conceito da mecânica do poder. O autor vem relatar que ela se expande por toda a sociedade nas formas mais regionais e concretas, por parte de instituições e tomando o corpo através de técnicas de dominação (muito se assemelha às técnicas behavioristas que condicionam o corpo e o apreendem a nível do comportamento). Nesse caso o corpo é dominado pela sociedade, quando penetrando pelo cotidiano, carcaterizado como micropoder, que atravessa as relações no microtecido social. Poder é considerado, por Foucault como um exercício, que se efetua, uma relação, que provoca resistências, porém nada fixo, mas sim com pontos móveis e transitórios que se distribuem por toda a estrutura social.
Adiante no texto, afim de se ter uma melhor visão da questão das formas de dependência, salienta-se que isso se deve ao fato de não só ser conseqüência de processos econômicos e sociais (que envolve forças produtivas, conflito de classes e estruturas ideológicas), como também envolve as relações de exploração e de dominação. Não é a toa que a produção da subjetividade se dá tanto a nível dos opressores como dos oprimidos. No entanto, tudo isso só não dá conta do mecanismo de sujeição da subjetividade que acontece na combinação complexa de técnicas de individuação - em que o a subjetividade tem por carcterística a interioridade e individualidade - e de procedimentos de totalização ou homogeneização já mencionado.
Daí, se aponta para a formação de uma massa que tanto é "indivíduo", como "sujeitos", sendo o primeiro caracterizado como despersonalizado, visto por um ideal igualitário capitalista (fruto da homogeneização) e o segundo resultado de um sistema hierarquizante e autoritário de códigos morais que regem as relações pessoais. Ao observar essa situação, percebe-se uma realidade vista como universal, porém tida para cada um como pessoal e circunstancial, que é construída exatamente pela concepção de mundo difundida, através dos Meios de Comunicação. Estes enraizam cada vez mais tais "modos de subjetivação", "intensidades de vida", "desejos", que são os produtores e agenciadores de sentidos de real, compreendendo que o real se cria no social, ou seja, somos co-produtores de nossa realidades e não só meras vítimas iludidas.
Tentando dar conta dessa idéia do desejo, é explicado no texto como movimentos intensivos que são expressados através da subjetividade, entendidas como modos de os indivíduos perceberem o mundo e articularem suas relações sociais. O desejo, de acordo com Rolnik, é um produtor de universos psicossociais, a partir de três movimentos: 1) por meio dos afetos - intensivo e inconsciente - com o poder de atração e repulsa; 2) quando afetos buscam exteriorizar - tomando corpo em matéria de expressão; 3) Com a formação de territórios existenciais - num plano visível, consciente, estando num aglomerado de diferentes matérias de expressão, onde os afetos se situam e se concretizam.
É exatamente ligando esse processo aos Meios de Comunicação que essa situação se configura, pois se utilizando da linguagem intensiva, que estabelece conexão direta entre as instâncias psíquicas (definem o modo de perceber e constuir o mundo) e o que é produzido pelo capitalismo. Por isso o desejo se torna uma intensidade nômade sempre à procura da linguagem para que possa se expressar. Assim o processo basicamente acontece quando a mídia capta as intensidades (que são movediças e mutantes), que são investidas de significados ao se criar uma linguagem onde o desejo se concretiza e acontece, daí a formar o desejo no social. Com isso o desejo perde ou anula seu anterior caráter ativo de possibilidade de produções singulares no social, que também faz perder a possibilidade de uma multiplicidade de singularidades revolucionárias. Tal fato aconteceu já que o desejo se vinculou a uma intensidade homogeneizadora de sentidos.
Portanto é possível afirmar que os Meios de Comunicação são um importante equipamento maquínico capitalístico, já que cria o indivíduo do capitalismo mundial integrado (globalizado), ao mesmo tempo produz uma massa desenraizada produtiva (ou seja um indivíduo que técnico, que não se importa com sua história, que esquece dela), o que mantém um sistema hierarquizante de produções. É através dos Meios de Comunicação, em que a massa social não se comunica, que se ratifica como um meio bastante eficiente na criação de códigos totalizantes de dominação.
No entanto, "os movimentos se desmancham e novos se articulam de forma independente", assim se coloca no texto, afim de mostrar que é possível burlar a interdição da mídia e desenvolver circuitos de comunicação auto-suficientes e de exteriorização intensiva de atualidade, que traz a oportunidade de potencialidade de ação capaz de fazer implodir ou explodir as estruturas institucionais hegemônicas. Da mesma maneira, a forma estética pode, enquanto intensidade criativa, não só socializar a memória, como também recuperar o potencial de transformação e construção do social, através da criação de uma outra linguagem transversal, transubjetiva e social.
18 de jun. de 2007
Capítulo II: Comunicação, Gestalt e Behaviorismo
O texto de Lazzarotto e Rossi vai relacionar o behaviorismo e a Gestalt com a comunicação social, pois elas julgam que os princípios básicos dessas teorias psicológicas permitem uma reflexão a cerca da comunicação. A medida que o texto apresenta esses princípios, são relacionados como a publicidade, em especial, utiliza-se deles. Enfatizei principalmente a Gestalt por que acredito que seja a teoria que a maioria tem menor conhecimento. Além disso, relacionei sempre que lembrei com alguma propaganda que se utilizava da teoria, ao menos aparentemente.
Os anúncios e os anunciantes passam a se utilizar mais fortemente destas teorias e de outras a partir do momento que informar sobre o produto simplesmente não funcionava mais para a venda destes, assim essas mensagens passaram agora a impulsionarem uma compra irracional.
O condicionamento e o comportamento observável são os conceitos behavioristas mais utilizados pela mídia. Acredito que a Propaganda nova da Skol, aquela dos ratinhos, é muito clara nesse sentido. Por que as propagandas se utilizam desses conceitos indiretamente, mas essa propaganda ela mostra o behaviorismo explicitamente.
O outro conceito do behaviorismo importante é o comportamento reflexo (involuntário) e o operante. A idéia do comportamento operante acho que reforça aquela discussão que teve a partir do fichamento de Nelma do capítulo III. Quando as propagandas de refrigerante, por exemplo, colocam pessoas famosas e bonitas, faz com que os consumidores que a bebem vejam como conseqüência o sucesso e não a celulite. Nesse caso, a sede seria o estímulo incondicionado, beber o refrigerante o estímulo condicionado e o reforço seria o sucesso.
O reforço também está presente nas propagandas. O positivo quando os produtos “prometem” exclusividade, bom preço, prêmios, beleza, sucesso e etc. e o negativo é mais usado com o produto concorrente. A modelagem, condicionamento a partir de aproximações sucessivas, também é utilizado pela comunicação. Isso se exemplifica com o lançamento de produtos, em que o produto ele vai surgindo aos poucos, mesmo nas propagandas. A gente pode ver um exemplo aqui em aju, com o lançamento do Burger King, primeiro tinha lá uma construção no shopping e ninguém sabia o que era depois colocaram um site (http://www.soumuitocurioso.com.br/) que não falava o que era o produto, quando você entra descobre qual a loja, acredito que em breve o produto irá cada vez mais ser destacado.
A gestalt tem 3 postulados:
1 – O todo é percebido de maneira distinta da soma das partes. Em comercial a gente pode ver, por exemplo, a propaganda da antártica, porque tem a cerveja e Juliana Paes, e juntas formam a BOA, assim cada separada são diferentes das duas juntas.
2 – No processo perceptivo percebe-se o campo estimulatório constituído de fenômenos ligados por associação.
3 – O campo perceptivo é organizado. Assim a mídia aparece como “perfeita”, “cabada”, o indivíduo não se dá conta do imperfeito, e não parte para a crítica e reflexão, consumindo sem pensar.
Outro conceito da gestalt é a percepção figura e fundo, em que algo está destacado -figura- e algo está como o nome diz de fundo. Um exemplo claro deste, são as propagandas de cigarro, em o cigarro como figura, aparece bem destacado e como fundo aparece à frase “fumar é prejudicial à saúde”.
São 5 os princípios, vou falar os que mais me chamaram a atenção:
àProximidade: “os meios de comunicação colocam sempre próximos o produto ou imagem a ser vendida com algo que lhe traga benefícios e vantagens”.
Assim, acredito que diferentemente da Psicanálise, as propagandas com cunho sexual, não sexualizam o produto e sim, fazem com que o produto tenha uma imagem positiva, ou que seu consumo produza algum benefício que não necessariamente sexual. Acho que continuo sem concordar com aquela idéia do capítulo III.
àSemelhança: “o produto vendável ao lado, ou ligado a uma figura importante, famosa”. Esse conceito é comumente visto em muitas propagandas.
àExperiência passada: “o indivíduo faz associação direta com sua própria experiência”, por exemplo, a associação da boa qualidade de determinada pasta de dente e o beijo.
“Os meios de comunicação munem-se de condições para manipular não somente o sujeito, mas também sua forma de conhecer objetos.” (p.31) Assim, utiliza-se da freqüência de repetição do slogan, a intensidade, a mudança de movimento (é mais atraente uma propaganda com uma pessoa falando do que parada), e ainda a sensibilização do mecanismo de percepção individual.
As duas teorias enfatizam o ambiente, e as respostas e percepção do sujeito. Dessa forma, as duas servem à manipulação ou ao menos a possibilidade de manipular o sujeito e talvez por isso, são tão amplamente usadas pela comunicação social direta ou indiretamente e consciente ou inconscientemente.
“Com isso, constatamos o uso e abuso desta teoria – bem como de outras – ao invés de “somente” contribuir, favorece a instrumentalização, da casta social dominante, que se utiliza dos meios de comunicação, para manter-se dominante e casta” (p.33). Acho que devemos pensar sobre isso...
Bem é isso...
Os anúncios e os anunciantes passam a se utilizar mais fortemente destas teorias e de outras a partir do momento que informar sobre o produto simplesmente não funcionava mais para a venda destes, assim essas mensagens passaram agora a impulsionarem uma compra irracional.
O condicionamento e o comportamento observável são os conceitos behavioristas mais utilizados pela mídia. Acredito que a Propaganda nova da Skol, aquela dos ratinhos, é muito clara nesse sentido. Por que as propagandas se utilizam desses conceitos indiretamente, mas essa propaganda ela mostra o behaviorismo explicitamente.
O outro conceito do behaviorismo importante é o comportamento reflexo (involuntário) e o operante. A idéia do comportamento operante acho que reforça aquela discussão que teve a partir do fichamento de Nelma do capítulo III. Quando as propagandas de refrigerante, por exemplo, colocam pessoas famosas e bonitas, faz com que os consumidores que a bebem vejam como conseqüência o sucesso e não a celulite. Nesse caso, a sede seria o estímulo incondicionado, beber o refrigerante o estímulo condicionado e o reforço seria o sucesso.
O reforço também está presente nas propagandas. O positivo quando os produtos “prometem” exclusividade, bom preço, prêmios, beleza, sucesso e etc. e o negativo é mais usado com o produto concorrente. A modelagem, condicionamento a partir de aproximações sucessivas, também é utilizado pela comunicação. Isso se exemplifica com o lançamento de produtos, em que o produto ele vai surgindo aos poucos, mesmo nas propagandas. A gente pode ver um exemplo aqui em aju, com o lançamento do Burger King, primeiro tinha lá uma construção no shopping e ninguém sabia o que era depois colocaram um site (http://www.soumuitocurioso.com.br/) que não falava o que era o produto, quando você entra descobre qual a loja, acredito que em breve o produto irá cada vez mais ser destacado.
A gestalt tem 3 postulados:
1 – O todo é percebido de maneira distinta da soma das partes. Em comercial a gente pode ver, por exemplo, a propaganda da antártica, porque tem a cerveja e Juliana Paes, e juntas formam a BOA, assim cada separada são diferentes das duas juntas.
2 – No processo perceptivo percebe-se o campo estimulatório constituído de fenômenos ligados por associação.
3 – O campo perceptivo é organizado. Assim a mídia aparece como “perfeita”, “cabada”, o indivíduo não se dá conta do imperfeito, e não parte para a crítica e reflexão, consumindo sem pensar.
Outro conceito da gestalt é a percepção figura e fundo, em que algo está destacado -figura- e algo está como o nome diz de fundo. Um exemplo claro deste, são as propagandas de cigarro, em o cigarro como figura, aparece bem destacado e como fundo aparece à frase “fumar é prejudicial à saúde”.
São 5 os princípios, vou falar os que mais me chamaram a atenção:
àProximidade: “os meios de comunicação colocam sempre próximos o produto ou imagem a ser vendida com algo que lhe traga benefícios e vantagens”.
Assim, acredito que diferentemente da Psicanálise, as propagandas com cunho sexual, não sexualizam o produto e sim, fazem com que o produto tenha uma imagem positiva, ou que seu consumo produza algum benefício que não necessariamente sexual. Acho que continuo sem concordar com aquela idéia do capítulo III.
àSemelhança: “o produto vendável ao lado, ou ligado a uma figura importante, famosa”. Esse conceito é comumente visto em muitas propagandas.
àExperiência passada: “o indivíduo faz associação direta com sua própria experiência”, por exemplo, a associação da boa qualidade de determinada pasta de dente e o beijo.
“Os meios de comunicação munem-se de condições para manipular não somente o sujeito, mas também sua forma de conhecer objetos.” (p.31) Assim, utiliza-se da freqüência de repetição do slogan, a intensidade, a mudança de movimento (é mais atraente uma propaganda com uma pessoa falando do que parada), e ainda a sensibilização do mecanismo de percepção individual.
As duas teorias enfatizam o ambiente, e as respostas e percepção do sujeito. Dessa forma, as duas servem à manipulação ou ao menos a possibilidade de manipular o sujeito e talvez por isso, são tão amplamente usadas pela comunicação social direta ou indiretamente e consciente ou inconscientemente.
“Com isso, constatamos o uso e abuso desta teoria – bem como de outras – ao invés de “somente” contribuir, favorece a instrumentalização, da casta social dominante, que se utiliza dos meios de comunicação, para manter-se dominante e casta” (p.33). Acho que devemos pensar sobre isso...
Bem é isso...
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15 de jun. de 2007
Cap. III: Comunicação e Psicanálise
O texto de Neuza Guareschi é pequeno, e Nelma já comentou boa parte dele, mas ai vai a minha contribuição:
Os instintos se manifestam nas pessoas como uma necessidade que deve ser de sobrevivência. "Entretanto, o que se passa dentro de nós até satisfazer a esta necessidade do organismo, a pressão é a quantidade de energia que utilizamos para isso,que vai depender do objeto, que é a ação ou expressão ou qualquer coisa que nos permita satisfazer o instinto." pag.39. Nós acabamos investindo energia libidinosa nas relações objetais, de modo que um copo de água não matas mais, simplismente, a nossa sede, tem que ser uma "a coca-cola bem gelada". As propagandas agem exatamente nessa relação de tesão com o objeto.
A autora também faz uma análise de como as propagandas exploram os sentimentos de castração e o complexo de Édipo, nos homens e nas mulheres:
"O homem, toda vez que vê um comercial com uma mulher nua ou seminua, devido a desejos que possui no inconsciente, fará a fantasia de que, adquirindo o produto que ela está mostrando, conseguirá alcançar um estado de prazer. Embora, conscientemente, saiba que não vai comprar a mulher, isto o ajudará a afastar o temor da não-ereção que lhe origina a angústia da castração."pág40
A mulher ao ver na televisão outra mulher seminua, não desejará a mulher mas o produto por ela mostrado, pois assim seu corpo será tão desejado quando o da mulher da propaganda. "Dessa forma, ao mesmo tempo em que inconscientemente está competindo com a mãe na distputa com o pai, passa, também, a ter emoções que afastam os seus sentimentos de castração.
Guareschi mostra-nos exemplos de propagandas de datas comemorativas (dia da mães, dia dos pais, casamento) demostrando o uso da comunicação de uma maneira inconscicente. No Dia da mãe a mãe é passada como um ser perfeito, maravilhoso, que não possui sentimento egoístas, e que nos dera a vida; isso nos traz sentimentos de culpa introjetado na relação com a mãe, e desenvolvemos fantasias de que com um presente podemos reparar essa culpa que sentimos por ela. No Dia dos pais são mostrados pais para todos os gostos, e sempre um presente é insinuados para cada tipo de pai, esse presentes têm que representar simbolicamente o seu poder e status social, também representa em geral um símbolo fálico. No casamento os "...os objetos devem sempre simbolizar a pureza e a disposição de doação que a noiva transmite, assim como o vigor, soberania e decisão do noivo."pag.42, e deve passar uma conotação de como o amor de ser: "infinito enquanto dure."
Era isso que tinha para dizer, desculpe de fui repetitiva com o de Nelma.
Bem mas é isso.
Os instintos se manifestam nas pessoas como uma necessidade que deve ser de sobrevivência. "Entretanto, o que se passa dentro de nós até satisfazer a esta necessidade do organismo, a pressão é a quantidade de energia que utilizamos para isso,que vai depender do objeto, que é a ação ou expressão ou qualquer coisa que nos permita satisfazer o instinto." pag.39. Nós acabamos investindo energia libidinosa nas relações objetais, de modo que um copo de água não matas mais, simplismente, a nossa sede, tem que ser uma "a coca-cola bem gelada". As propagandas agem exatamente nessa relação de tesão com o objeto.
A autora também faz uma análise de como as propagandas exploram os sentimentos de castração e o complexo de Édipo, nos homens e nas mulheres:
"O homem, toda vez que vê um comercial com uma mulher nua ou seminua, devido a desejos que possui no inconsciente, fará a fantasia de que, adquirindo o produto que ela está mostrando, conseguirá alcançar um estado de prazer. Embora, conscientemente, saiba que não vai comprar a mulher, isto o ajudará a afastar o temor da não-ereção que lhe origina a angústia da castração."pág40
A mulher ao ver na televisão outra mulher seminua, não desejará a mulher mas o produto por ela mostrado, pois assim seu corpo será tão desejado quando o da mulher da propaganda. "Dessa forma, ao mesmo tempo em que inconscientemente está competindo com a mãe na distputa com o pai, passa, também, a ter emoções que afastam os seus sentimentos de castração.
Guareschi mostra-nos exemplos de propagandas de datas comemorativas (dia da mães, dia dos pais, casamento) demostrando o uso da comunicação de uma maneira inconscicente. No Dia da mãe a mãe é passada como um ser perfeito, maravilhoso, que não possui sentimento egoístas, e que nos dera a vida; isso nos traz sentimentos de culpa introjetado na relação com a mãe, e desenvolvemos fantasias de que com um presente podemos reparar essa culpa que sentimos por ela. No Dia dos pais são mostrados pais para todos os gostos, e sempre um presente é insinuados para cada tipo de pai, esse presentes têm que representar simbolicamente o seu poder e status social, também representa em geral um símbolo fálico. No casamento os "...os objetos devem sempre simbolizar a pureza e a disposição de doação que a noiva transmite, assim como o vigor, soberania e decisão do noivo."pag.42, e deve passar uma conotação de como o amor de ser: "infinito enquanto dure."
Era isso que tinha para dizer, desculpe de fui repetitiva com o de Nelma.
Bem mas é isso.
14 de jun. de 2007
Fichamento do capítulo: “Comunicação e Psicanálise”.
* Fiz uma espécie de fichamento sobre o capítulo 3 do livro “Comunicação e controle social”, intitulado “Comunicação e Psicanálise”. Como eu o havia feito em forma de tópicos, vou tentar articulá-los agora, de modo a dar sentido às minhas idéias. Espero que vocês entendam.
A autora desse capítulo, Neuza Guareschi, logo no primeiro parágrafo, comenta: “observamos que, dentro dessa enorme área de comunicação, um dos pontos que mais geram comentários nas pessoas são as propagandas, principalmente as da televisão” (p.35), afirmando que “na maioria das vezes, a discussão das pessoas fica num nível um tanto superficial na análise destas propagandas como bonita, feia, engraçada, excitante, ridícula, romântica, etc” (p.35).
Ela propõe uma análise da influência da mídia eletrônica a partir de uma visão psicanalítica. Antes disso, aponta para o valor (apelativo) das propagandas.
Os comerciais, sobretudo da televisão, antes “irrelevantes”, hoje despertam a atenção do público, independente da sua faixa etária. É “engraçado” observar que os comerciais eram exatamente o tempo – disponível – que nós tínhamos para realizar alguma tarefa, tais como beber água ou usar o banheiro, sem perder um instante do programa que estivéssemos assistindo. Hoje os intervalos são um chamariz; algo que prende a nossa atenção. Quem nunca presenciou uma criança imitando ou mesmo correndo para a frente da televisão afim de acompanhar algum comercial? Ou melhor, não precisamos ir muito além... Quem nunca reproduziu em seu quotidiano alguma fala interessante “daquela” propaganda?
Segundo a autora, “uma das principais contribuições da Psicanálise é a de que nada acontece por acaso” (p.36).
Neuza Guareschi traz conceitos recorrentes na psicanálise como “instintos”, “inconsciente”, “energia”, “libido”, “desejo”, “pressão”, fazendo assim uma associação com as propagandas e datas comemorativas, que incentivam o consumo.
Pelo que entendi, não é que as propagandas sejam articuladas como uma receita de bolo (“agora eu acrescento um instinto, ativando a libido, que vai agir sobre o inconsciente e voilà, está pronto mais um campeão de vendas”); a autora é quem faz uma análise psicanalítica, tomando por base as propagandas e os elementos nelas presentes.
Nos comerciais, homens e mulheres semi-nus geram desejos conscientes ou inconscientes. A aquisição do produto, metaforicamente, fará com que se alcance um estado de prazer. “As propagandas agem, exatamente, para excitar aquilo que em nós é sentido como prazeroso ou desejoso” (p.39).
Um exemplo interessante apontado pela autora é a emoção e a culpa diante da figura materna. “Uma das datas que mais chama a nossa atenção e que mexe com a nossa estrutura afetiva é o Dia das mães” (p.40). A culpa estaria na relação objeto-mãe presente na fase oral do desenvolvimento; ela também se deve a fantasias agressivas do período infantil. Por que não presentear “este ser quase que do outro mundo”, sem o qual “não estaríamos vivos e não seríamos o que somos” (p.40)?
Em relação à figura paterna, a autora indica o poder como idéia central. “Esses comerciais sempre mostram uma situação onde o homem é dominante, tanto afetiva quanto sexualmente” (p.42).
Finalizando o texto, Guareschi afirma que “não é, com certeza, a intenção dessas propagandas ajudar as pessoas; pelo contrário, o seu objetivo é de tornar essas pessoas iguais às mercadorias que consomem” (p.43); citando, em seguida, Marcondes Filho (1986): “de forma idêntica às mercadorias, as relações humanas que as antecedem desaparecem no ato da troca mercantil. Viram fatos sem história, sem criadores e sem afetos: fetiches”.
Bom... Ta aí. Não sei se no final, ao fazer a citação – já feita pela autora – eu deveria usar o “apud”. Na verdade, tenho quase certeza de que deveria fazê-lo, mas como tudo o que escrevi vai ser lido apenas para que seja feita uma discussão, acho que não preciso formalizar muito.
Gostaria de pedir à pessoa que fosse disponibilizar o endereço da próxima reunião, que fizesse isso (também) através do e-mail do grupo. Obrigada.
Até terça.
10 de jun. de 2007
Fichamento do capitulo 1 de "Comunicação e controle social"
- Capítulo 1
A realidade da comunicação – visão geral do fenômeno. - 1. Comunicação e construção da realidade
“uma coisa existe,ou deixa de existir, à medida em que é comunicada, veiculada”. Ponto em que mostra o duplo poder da comunicação: criar realidades ou deixar que existam por serem silenciadas. - 2. Comunicação e poder
”quem detém a comunicação, detém o poder”. Voltando na construção da realidade, quem detém essa construção, detém também o poder. Poder esse sobre a existência das coisas, sobre difusão de idéias e sobre a opinião pública e sua criação.
Possuir a comunicação possibilita definir os outros, definir alguns grupos sociais como sendo bons ou ruins, piores ou melhores, de acordo com os que detém o poder.
Ter o rosto na televisão ou a voz no rádio faz com que se consiga ser eleito nas eleições. A conclusão lógica para isso é que “a voz que desponta e a imagem que aparece é a de alguém que passa a existir”. E no momento de se dar o voto, escolhe-se aqueles que existem. - 3. Comunicação e cultura
No campo da cultura é que de longe se percebe a importância fundamental da comunicação. “Os meios de comunicação estão sempre presentes e são fator indispensável tanto na criação como na transmissão, mudança, legitimação e reprodução de determinada cultura” e por isso são capazes de subjugar outras culturas fazendo com que essas outras culturas queiram transformar-se de acordo com aqueles que detém esses meios de comunicação. - 4. Comunicação e controle social
O interesse por trás da comunicação faz com que tenhamos produção de verdades parciais estabelecendo assim relações de poder comandadas pelos interesses partidários e classistas. E por isso, “é ingenuidade pensar numa verdade abstrata ou numa informação objetiva que obedeça às regras da verdade moral”.
Dominação estabelecida pela comunicação se faz a partir da interioridade da consciência do outro. E assim o dominador estabelece em cima do dominado uma condenação e uma estigmatização a prática da verdade. Desse modo, a verdade só será daquele que possuir o poder da comunicação e consequentemente terá o controle em suas mãos. Um poder hegemônico.
“a verdade e os valores éticos passam pela mediação da comunicação”. Deve-se então deixar de falar em Meio de Comunicação Social para em meios de informação, a serviço do controlo social. - 5. A aldeia global
A comunicação é uma relação e o ser humano se forma, historicamente, e se estrutura a partir das relações que vai colocando. O importante saber é até que ponto a comunicação estaria configurando um novo ser humano e se estamos entrando num novo mundo cultural.
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