2 de ago. de 2007

ATA - Reunião 31.07.07

  • Comunicação da saída de John e possibilidade de entrada de mais 1 membro
  • Entrevista na TV Aperipê: Marcus, Lígia e Andressa (ver com Fernanda se pode mesmo ser os 3)
  • Discussão e esclarecimentos de questões sobre o texto postado por Kleber da 3ª parte "A invenção da Piscologia Social"
  • Continuação do "Para desencaminhar o presente psi" -> Futuro do pretérito
  • Criar uma agenda aqui no Blog com os contatos de todos o integrantes (podemos colocar nosso telefones, etc, aqui nos comentários)
  • Entrega de Resenha dos pibiqueiros: a primeira a ser trabalhada será a de Marcus e Danilo (já publicada aqui no blog para discussão) - "Comunicação e Controle Social"
  • Presença: Andressa, Danilo, Herica, João, Lígia, Marcus, Nelma, Vanessa
  • Distribuição de outras resenhas para os demais participantes: João e Lígia ("Comunicação e Controle Social"; Nelma, Karine e Lorena (texto a ser definido por Kleber)

PRÓXIMA REUNIÃO

  • Terminar a apresentação e discussão dotexto de Heliana Conde
  • Ver o andamento das resenhas

. As Cyber-nações .
Vivemos no Brasil, isso é óbvio.E durante muito tempo, isso era suficiente para determinar que tipo de pessoas seríamos, que tipo de comidas comeríamos, que músicas escutaríamos, como nos comportaríamos e que atitudes teríamos diante de certas coisas. Esse tipo de conclusões não vão desaparercer de um dia para o outro - até porque em muitos aspectos, elas continuam sendo verdade. Mas não teríamos chegado na hora de se pensar em um novo conceito de nação como algum elemento subjetivo que une as pessoas, num mundo já quase totalmente interconectado?
O conceito de Cyber-nação pode ser uma das primeiras tentativas para tal reconstrução. Segundo os formuladores dessa hipótese - que admito desconhecer -, "Este tipo de nações não são experimentos exóticos que podem funcionar ou não. Elas já estão aí e existem nesse exato momento à nossa volta, como redes invisíveis de pessoas que partilham da mesmas idéias e mesmos valores. Não há distinção de nacionalidade nessas nações. Seus membros podem ser americanos, espanhóis, brasileiros, tibetanos, etc.. Mas mesmo assim, o que mantém coeso esse "país invisível" é mais forte que qualquer fronteira de geografia. E então percebemos que os membros dessas nações forjam lealdades entre si mais fortes que a lealdade que têm para com seus compatriotas.Isso sem que algum dia se tenham encontrado pessoalmente ou esperem se encontrar." (...).
Ao ler isso, não conseguia parar de pensar no Orkut. O que seria o Orkut senão um conjunto de várias Cyber-nações? Nações em que as pessoas se encaixam (e se fazem encaixar) não por lugar de origem, mas pela identidade que têm de si próprio como uma personalidade que transpôe qualquer barreira. Um exemplo disso são as comunidades. Se pararmos para perceber, as pessoas não se esforçam pra entrar em comunidades que indicam origem geográfica. Lógico, elas existem e muitos de nós inclusive somos membros, mas claramente elas não estão entre as comunidades mais populares nem as mais atraentes ou polêmicas. O fato que parece guiar a conduta do nosso comportamento no orkut é a procura de se encaixar nessas várias cyber-nações, nas quais pessoas de qualquer parte do mundo compartilham um ideal ou gosto em comum e aonde não existe superioridade. Partindo desse pressuposto, passamos a nos sentir mais próximo de uma pessoa do outro lado do planeta que parece com a gente do que de alguém do nosso bairro e que possúi valores e gostos completamente diferentes.
Enfim, acho que isso pode servir para as nossas proximas tendências de estudo, tanto em amizade como em identidade.
dan.

31 de jul. de 2007

RESENHA

Comunicação e controle social

Livro organizado por Pedrinho Guareschi em 1991.
Uma análise dos meios de comunicação de massa. Procura detectar os mecanismos ocultos responsáveis pela alienação dos indivíduos. O autor aborda temas como ideologia, consciência de massa e manipulação.





O livro em questão divide-se em cinco capítulos: A realidade da comunicação – visão geral do fenômeno; Comunicação, Gestalt e Behaviorismo; Comunicação e Psicanálise; Comunicação e Produção de Subjetividade; e Comunicação e Teoria Crítica.
O capítulo inicial dessa obra faz com que pensemos como a comunicação está presente na construção da realidade, na detenção do poder, na cultura, no próprio controle social e como ela modifica tudo isso e fomenta um novo ser humano.
Fala-se na construção da realidade a partir de o que é comunicado, veiculado, passa a existir e o que não o é cai no esquecimento, no vazio, passando assim a não ser mais realidade. A comunicação tem duplo poder de fazer uma coisa existir ou deixar de existir. Esse poder, aqui colocado, é algo que deve ser particularmente analisado. Afinal de contas, deter essa construção da realidade significa possuir certo poder. Poder esse sobre a existência das coisas, sobre difusão de idéias e sobre a opinião pública e sua criação. Possuir a comunicação possibilita definir os outros, definir alguns grupos sociais como sendo bons ou ruins, piores ou melhores, de acordo com os que detém o poder. Ter o rosto na televisão ou a voz no rádio faz com que se consiga ser eleito. A conclusão lógica para isso é que a voz que desponta e a imagem que aparece é a de alguém que passa a existir, como afirma Guareschi. E no momento de se dar o voto, escolhe-se aqueles que existem.
No campo da cultura é que de longe se percebe a importância fundamental da comunicação. Sendo os meios de comunicação indispensáveis tanto na criação como na transmissão, mudança, legitimação e reprodução de determinada cultura. Capazes, assim, de subjugar outras culturas.
Esse subjugue passa a exercer parte da constituição do controle social. Dominação estabelecida pela comunicação se faz a partir da interioridade da consciência do outro. E assim o dominador estabelece em cima do dominado uma condenação e uma estigmatização a prática da verdade. Desse modo, a verdade só será daquele que possuir o poder da comunicação e consequentemente terá o controle em suas mãos. Deve-se então deixar de falar em Meio de Comunicação Social para em meios de informação, a serviço do controle social.
O segundo capítulo vai relacionar o behaviorismo e a Gestalt com a comunicação social, pois elas julgam que os princípios básicos dessas teorias psicológicas permitem uma reflexão a cerca da comunicação. Os anúncios e os anunciantes passam a se utilizar mais fortemente destas teorias e de outras a partir do momento que informar sobre o produto simplesmente não funcionava mais para a venda destes, assim essas mensagens passaram agora a impulsionarem uma compra irracional.
As duas teorias enfatizam o ambiente, e as respostas e percepção do sujeito. Dessa forma, as duas servem à manipulação ou ao menos a possibilidade de manipular o sujeito e talvez por isso, são tão amplamente usadas pela comunicação social direta ou indiretamente e consciente ou inconscientemente. O importante aqui é perceber as ferramentas que casa sistema ou teoria utiliza pra emitir pareceres.
No terceiro capitulo, o da Psicanálise, temos essa compreensão de ferramenta sendo utilizada também. A autora desse capítulo, Neuza Guareschi, coloca que nada acontece por acaso. E especialmente nas propagandas é perceptível o quanto esse sistema é manuseado. Não que seja como uma receita de bolo, mas que essa utilização estabelece uma razão para ser praticada nas propagandas é fato.
Guareschi comenta ainda sobre a sociedade capitalista na qual vivemos, onde as relações entre as pessoas são de exploração e dominação, e que poucos são os que podem acompanhar o consumismo exacerbado que se implanta nesse tipo de sociedade. A autora diz que mesmo sem condições a maioria deseja aquilo que as propagandas nos mostram. É, então, neste momento que a pressão, isto é, a quantidade de energia despendida para satisfazer o instinto, é muito maior justamente naqueles que não possuem essa condição, este desgaste maior de energia na busca da satisfação, é a “fábrica” das frustrações, que por sua vez geram as angústias que deixam as pessoas confusas e até perturbadas psiquicamente. Essa questão remete ao intenso processo de individualização que se experimenta hoje.
O capítulo seguinte vem tratar da relação feita entre os Meios de comunicação de massa e a produção de subjetividade, tendo por ponto de partida o desenvolvimento do capitalismo moderno que afeta as relações de produção e por sua vez determina a construção de uma subjetividade. É exatamente ligando esse processo aos Meios de Comunicação que essa situação se configura, pois se utilizando da linguagem intensiva, que estabelece conexão direta entre as instâncias psíquicas (definem o modo de perceber e construir o mundo) e o que é produzido pelo capitalismo. Por isso o desejo se torna uma intensidade sempre à procura da linguagem para que possa se expressar. Assim o processo basicamente acontece quando a mídia capta as intensidades, que são investidas de significados ao se criar uma linguagem onde o desejo se concretiza e acontece. Com isso o desejo perde ou anula seu anterior caráter ativo de possibilidade de produções singulares no social, que também faz perder a possibilidade de uma multiplicidade de singularidades revolucionárias. Tal fato aconteceu já que o desejo se vinculou a uma intensidade pluralística de sentidos. Portanto,é possível afirmar que os Meios de Comunicação são um importante equipamento maquínico capitalístico, já que cria o indivíduo do capitalismo mundial integrado (globalizado), ao mesmo tempo produz uma massa desenraizada produtiva (ou seja um indivíduo que técnico, que não se importa com sua história, que esquece dela), o que mantém um sistema hierarquizante de produções.
Creio que os meios de comunicação difundem, sim, uma concepção de mundo. E dizer que o real se cria no social também está valendo. Porém, nem todo mundo produz sua própria realidade. Têm muitas vítimas iludidas, sem poder de crítica e sem ver no horizonte uma realidade que lhe seja própria.
Aqueles que se sujeitam a esse poder são oprimidos. Já aos opressores cabe a tarefa de definir. Definir grupos sociais como sendo bons ou ruins. Subjugar tudo aquilo que lhe for prejudicial. Desmerecer tais coisas pelo fato de ter ou não poder. Foucault considera o poder como "um exercício, que se efetua, uma relação, que provoca resistências, porém nada fixo, mas sim com pontos móveis e transitórios que se distribuem por toda a estrutura social.". E sendo móvel ele pode estar aqui ou ali. Desse modo maleável o poder é barganha pra aqueles que o possui.
E a pergunta que fica é instumentalizar a casta dominante é realmente o certo? Dar-lhes mais poderes para cada vez mais aumentar as diferenças sociais é justo?