2 de ago. de 2007


. As Cyber-nações .
Vivemos no Brasil, isso é óbvio.E durante muito tempo, isso era suficiente para determinar que tipo de pessoas seríamos, que tipo de comidas comeríamos, que músicas escutaríamos, como nos comportaríamos e que atitudes teríamos diante de certas coisas. Esse tipo de conclusões não vão desaparercer de um dia para o outro - até porque em muitos aspectos, elas continuam sendo verdade. Mas não teríamos chegado na hora de se pensar em um novo conceito de nação como algum elemento subjetivo que une as pessoas, num mundo já quase totalmente interconectado?
O conceito de Cyber-nação pode ser uma das primeiras tentativas para tal reconstrução. Segundo os formuladores dessa hipótese - que admito desconhecer -, "Este tipo de nações não são experimentos exóticos que podem funcionar ou não. Elas já estão aí e existem nesse exato momento à nossa volta, como redes invisíveis de pessoas que partilham da mesmas idéias e mesmos valores. Não há distinção de nacionalidade nessas nações. Seus membros podem ser americanos, espanhóis, brasileiros, tibetanos, etc.. Mas mesmo assim, o que mantém coeso esse "país invisível" é mais forte que qualquer fronteira de geografia. E então percebemos que os membros dessas nações forjam lealdades entre si mais fortes que a lealdade que têm para com seus compatriotas.Isso sem que algum dia se tenham encontrado pessoalmente ou esperem se encontrar." (...).
Ao ler isso, não conseguia parar de pensar no Orkut. O que seria o Orkut senão um conjunto de várias Cyber-nações? Nações em que as pessoas se encaixam (e se fazem encaixar) não por lugar de origem, mas pela identidade que têm de si próprio como uma personalidade que transpôe qualquer barreira. Um exemplo disso são as comunidades. Se pararmos para perceber, as pessoas não se esforçam pra entrar em comunidades que indicam origem geográfica. Lógico, elas existem e muitos de nós inclusive somos membros, mas claramente elas não estão entre as comunidades mais populares nem as mais atraentes ou polêmicas. O fato que parece guiar a conduta do nosso comportamento no orkut é a procura de se encaixar nessas várias cyber-nações, nas quais pessoas de qualquer parte do mundo compartilham um ideal ou gosto em comum e aonde não existe superioridade. Partindo desse pressuposto, passamos a nos sentir mais próximo de uma pessoa do outro lado do planeta que parece com a gente do que de alguém do nosso bairro e que possúi valores e gostos completamente diferentes.
Enfim, acho que isso pode servir para as nossas proximas tendências de estudo, tanto em amizade como em identidade.
dan.

3 comentários:

Kleber disse...

Oi Danilo, parabéns pelo texto. Foi inusitado pra mim. Eu aqui pensando em resenhas e vc me vem com essa análise. Maravilha. Acho que é essa formulação de texto que devemos trabalhar, para postar no Conversações.
Se for do seu interesse, gostaria de em algum momento conversar sobre ele, para ajustes como referências e gramática, para postar lá.
Gostei da iniciativa.
Devo ressaltar que tenho discordâncias em alguns pontos da sua análise, mas isso é de menos, pois é vc quem assina o texto.
Abraço!

Andressa disse...

Oi Dan, legal sua iniciativa. Interessante pensar sobre essa questão de um mundo globalizado, que comungam de gostos, idéias, subjetividades homogeneizadas. Porém Danilo, tem alguns pontos que acho pertinente indagar: por exemplo, a confusão do termo Ciber-nação, podendo explicar melhor; a questão das pessoas terem uma só identidade no sentido de personalidade, ou seja, uma certa confusão ao colocar identidade, mas enfim...; em seguida você exemplifica com o Orkut, em que as pessoas procuram se encaixar em comunidades, não pelo vinculo geográfico, ou dito, nacionalidade, mas pelos gostos em comum, que daí você dá a entender as comunidades de cyber-nações, mas eu acho que o seu texto de autor desconhecido queria ir além disso né?; E na questão dos "ideal ou gosto em comum e aonde não existe superioridade", penso que na realidade esses gostos já se encontram num patamar de hierarquia superior (por conta da grande massa populacional que foi capturada e de seu poder subjetivo em atrair) em relação àqueles gostos ou idéias tidas como diferentes, à margem. Sobre a análise q fez de nos sentirmos mais próximo a qq outro fora do país, do que em relação a alguém do bairro, de fato pode ser verídico, mas lembrando que mesmo o do bairro pode ser tão igual qto vc, pois ele pode compartilhar dessa mesma sensação, daí tb ser similar a vc, entende?
Essas discussões podem servir sim para amizade, creio que quando pensando como uma relação que as vezes podem ser de iguais de gostos ou quando não; e de identidade, sendo que seria bom revermos de fato oq significa essa palavra.
Qq coisa que não tenha entedido de minhas indagações, pod perguntar, pq não sei se me fiz clara. É isso. Inté

dan disse...

Ok, eu entendi e vou explicar em 3 pontos.
1- Na verdade, como eu falei, eu não conheço o autor. E a razão disso é que eu tava lendo um outro livro e ele menciona por alto esse conceito de cyber-nação.

2- Quando eu disse igualdade de ideais e gostos eu não disse uma igualdade entre os ideais uns com os outros. Eu disse igualdade entre *os* membros de cada cyber-nações. dentro de uma nação existe a igualdade, mas com certeza há uma hierarquia entre esses ideias que são valorizadas ou não pela cultura, mídia etc.

3- O cara de meu bairro que é similar comigo pelo fato de se sentir diferente também, apesar de ser similar comigo neste sentido, ainda não garante que eu vou me identificar com ele porque é uma similaridade em meio a tantas outras diferenças, entende...