7 de nov. de 2007

Mensagem da Lígia

----- Original Message -----
From: Lígia Oliveira Silva
To: kleber matos
Sent: Tuesday, November 06, 2007 10:49 PM
Subject: Abrapso - Resultados
Kleber, por favor leia e repasse esse e-mail para os integrantes da pesquisa.Olá a todos!!Estou escrevendo para dar alguns pareceres sobre o trabalho do Orkut no encontro da abrapso. Foram vários imprevistos, mas no final deu tudo muito certo!! Primeiro, que colocaram preu apresentar o pôster no sábado e eu ia embora na sexta de madrugada. Enchi tanto o saco do organizador que no final ele conseguiu me transferir pra sexta-feira!! Lá tinha avaliador e premiação de pôster, ou seja, tinha q apresentar mesmo e as pessoas davam valor. Assim que eu pendurei o pôster, um monte de gente parava pra olhar, e quando as avaliadoras chegaram, que eu comecei a explicar, começou a juntar um monte de gente, que nem cabia mais no corredor, e o povo perguntando milhões, e as avaliadoras também perguntando milhões, sobre coisas que eu nunca tinha pensado, mas deu pra se virar legal!! Sei que todo mundo discutiu, tirou onda, acrescentou, criticou, elogiou, e no fim, uma explicação que era pra durar uns 10 min durou 40min, mas todo mundo achou legal. Depois que as avaliadoras foram embora, juntou mais um monte de gente e eu dei outra explicação prum cara que foi aluno de Virginia Kastrup, que comecou a perguntar milhões, o que durou mais uns 40 min. Daí depois disso acabou o tempo do pôster (era +/- 1:30h só). Nesse mesmo dia, mais tarde, foi a sessão temática. Não sei como meu nome foi parar de coordenadora da sessão, mas bom, lá fui eu. Todos os outros trabalhos da sessão era sobre orkut e internet, o que fez da sessão muito proveitosa, pois os trabalhos se complementaram. Porém, a análise mais profunda sobre o orkut em si foi a nossa. Uma menina falava sobre anorexia no orkut (comunidade), um cara sobre prazer sexual (mas não compareceu), e outra menina falava sobre um estudo de lan houses e usuário de internet. A sala lotou, e no fim das apresentações se deu um debate muito produtivo. As pessoas comentavam, problematizavam, elogiavam, etc. E basicamente foi isso!! E ainda mais, pra completar, acabei de ver no site da abrapso que o nosso painel foi premiado como o melhor do eixo de mídia, comunicação e linguagem no dia 02/03! olhem aqui o link do site: http://abrapso.org.br/siteprincipal/index.php?option=com_content&task=view&id=171&Itemid=29
No mais, bjo a todos e agradeço pela oportunidade que me foi dada de levar esse trabalho pro Rio, apesar de não fazer mais parte do grupo. Outros congressos que os integrantes não puderem comparecer e eu porventura for, estou à disposição para apresentar o trabalho novamente.
Bjo gente!!!
Lígia

4 de nov. de 2007

A Solidificação dos Líquidos

Que os líquidos têm uma qualidade de “fluidez”, isto é certo; eles são capazes de modificar sua forma, ocupar espaços variados e não se fixam em uma ou outra determinação de espaço nem de tempo. Fluidos (ou líquidos) podem, ainda, contornar barreiras que têm o poder de deter sólidos. Enquanto os primeiros inundam espaços, dissolvem matérias; estes últimos limitam-se a permanecer como são, imutáveis, sem recursos.
Essas características parecem representar muito bem, metaforicamente falando, o momento histórico atual. A instabilidade, o desconforto, as mudanças, a fluidez, estão presentes nas atitudes, nas múltiplas opiniões, em qualquer manifestação que tenha um caráter social nos dias de hoje. Mas o início disso tudo está um pouco mais distante da nossa década, como nos mostra o texto: “Ser Leve e Líquido”, prfefácio do Livro “Modernidade Líquida”; desde a época do Manifesto Comunista fala-se em “derreter os sólidos”, o que mostra a insatisfação de um espírito moderno que se acha inadaptável ao momento em que se manifesta.
O que não se pode esquecer é que os estados físicos das substâncias mudam, de uma certa forma, também são “fluidos”. Na química, uma substância no estado líquido pode virar um sólido, depois derreter-se, evaporar; o que significa que também ocorre com os líquidos do nosso tempo a possibilidade de virarem gelo.
A liquidez da modernidade encontrou os seus antigos 'sólidos-base' já em um estado de desintegração; assim, além de derreter esses, solidificou outros, criou seus próprios sólidos. O derretimento dos sólidos antigos levou ao surgimento de uma sociedade 'economicamente líquida', o que dá o tom de fluidez e movimento são as variadas possibilidades de atuação no campo econnômico sem o entrave de questões como honra, família, ética. O que não significa, é claro, que se viva a liberação total; na verdade, essas questões citadas deixaram de ser consideradas obstáculos pois outras são criadas para ocupar seu lugar, mas, agora, de maneira racional.
Essa dita, racionalidade, mantém um sistema de determinações e regras tão rígido e sólido quanto antes, ou mais. O que se percebe é apenas uma mudança de alvo; se, por um lado, as questões familiares eram empecilho para a prosperidade da economia e, dessa forma, deveriam ser esquecidas, por outro, o conjunto de itens que dominam uma transação bancária podem, também, atrapalhar o desenvolvimento de algum negócio. O que se vê hoje não é a vantagem da liberdade, mas sim uma luta pela adaptação, que a modernidade dita fluida, maleável, determinou ao solidificar suas categorias e instituições.
É verdade que cada vez mais o tempo e o espaço tornam-se infinitos ao homem, ele os conquista e os modifica de diferentes – e, cada vez mais, profundas – formas. Mas é exatamente neles que a modernidade adquire sua força, na medida em que se aparenta ter mais liberdade (por causa das conquistas do tempo-espaço), se observa uma maior dominação (por causa das conquistas tempo-espaço) e um poder fluido e líquido, que transpõe barreiras físicas e derrete solidificações subjetivas. O domínio atinge a vontade, a vida é planejada para que se encaixe em uma determinada maneira de se viver, a qual é imposta e criada para disciplinar quem a escolhe. A fluidez deixa de significar mudança para exprimir a fuga e o ocultamento dos sólidos modernos.
Não se pode negar que desde a época do Manifesto Comunista até hoje mudou-se muita coisa, a vida ficou mais fácil, tudo se tornou mais acessível, as distâncias diminuíram, ou seja, é possível se ter muito mais do que as gerações anteriores tiveram. De uma certa maneira, mudou-se da água para o vinho...o que não significa que o vinho não congele.