28 de jan. de 2008

Reversível e inconstante

Antes havia uma “instituição cultural” que ditava um único caminho a ser seguido. Todos deveriam caminhar em uma única direção, a estrada principal era uma linha reta. Tinha-se, assim a hegemonia da cultura da transcendência.
Entretanto, o surgimento do mundo virtual permitiu que essa hegemonia fosse quebrada. Desse modo, a cultura da imanência pôde proliferar-se. Na cultura da imanência as estradas apresentam várias curvas, há múltiplas possibilidades de caminhos a serem seguidos. Todos esses caminhos estão conectados através de uma rede. Essa rede apresenta um fluxo constante e é esse fluxo que mantém a rede viva.
A solidez da cultura da transcendência deu lugar à fluidez da cultura da imanência. Não há constância, não há irreversibilidade. No mundo da cultura da imanência, a única coisa que é constante é a inconstância da constância.
Agora o valor de um produto cultural é dado por sua flexibilidade, por sua capacidade de mover-se dentro dessa rede, por sua capacidade de afetar o que está com ele conectado. Tem-se agora um jogo livre de conexões, o autor fala em natureza “anarqui-cultural” das redes digitais.
Como foi dito, os caminhos são múltiplos. Não há uma instituição para ditar o caminho a ser seguido, pode-se escolher por onde se quer andar. Sendo assim, é mais fácil se perder. Mas, agora ao “se perder” é possível, ao mesmo tempo, “se encontrar”.