9 de fev. de 2008

Paradoxo entre o se exibir e o se privar

Hoje fica claro que existe uma ansiedade por exibição, pois tudo que se é, deve ser visto para ser e cada um é aquele que mostra de si, investindo com isso todas as suas munições na aparência. Os recursos vão os mais diversos: de webcams aos paparazzi, dos blogs e fotologs ao Youtube e o Orkut, das cameras de segurança aos reality shows.
Existe no modo de vida e valores privilegiados pelo capitalismo, um verdadeiro "mercado de personalidades", sendo que cada qual com suas habilidades de autopromoção. Trata-se da subjetividade que vigora no séc. XX de desejar ser amado, na busca desesperada pela aprovação alheia e para tanto, procura tecer contatos e relações com os outros.
Mas existem movimentos paradoxais que veio ao longo da história até contemporâneidade, em que existia uma valorização do espaço da privacidade para se produzir uma subjetividade própria, e que no auge da cultura burguesa, ocorriam relatos de si através de escritas intimas, como se fossem um deciframento de si. Por outro lado, atualmente, as versões cibernéticas da escrita de si, apesar de também solitárias, tem um caráter ambigüo, pois se instalam numa publicidade total.
Mesmo hoje, o paradoxo vai além, pois se por um lado se é zeloso com a preservação de certos dados pessoais da privacidade, por outro, promove-se uma verdadeira evasão de privacidade em campos que a intimidade era resguardada por sólidos muros e portas fechadas.
É evidente a separação de público e do privado, que antes era mais enfatizado do que nunca e de uns tempos para cá passa por uma mutação, como se desvanescessem tais limites, superanto tal dicotomia.
Postagem a partir do texto de: SIBILIA, Paula. Viver em casas de vidro: "Big Brother", webcams e blogs abrem frestas na intimidade, complicando a velha separação publico-privado. 2008. Disponível em: < http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2946,1.shl > . Acesso em: 08 fevereiro 2008.

7 de fev. de 2008

Ativista Racker

Hacker já foi sinônimo de nerd ou vândalo, às vezes as duas coisas. Mas no contemporâneo, onde tudo se transforma muito rápido, se adaptando as exigências do momento, os racker (num movimento de transformação que vem ocorrendo já há alguns anos) começaram a desempenhar um novo papel.
Num cenário de aquecimento global, transgênicos, desigualdades sociais, fome, entre outras coisas, dá-se um surgimento de um novo hacker, ou como já é conhecido, o hackertivista, o nome chega a se hilário, porque parece ser a mistura das palavras racker com ativista, meio esdrúxulo não acham? Enfim, o rackertisva, ou ativista-racker é um misto de programador e ativista social, que age não para chamar a atenção para si, mas para suas causas políticas.
Eles através de sites “alternativos”, agindo no espaço virtual, têm uma atuação mais eficiente que grupo que têm suas ações diretas ruas. Seu campo de atuação é bastante vasto, age em vários países, com protestos e táticas variadas. Os mais tradicionais agem, sobretudo na luta pró-liberdade de expressão, pelos direitos humanos e por uma justiça social e política.

Imanência: um devir iminente

A história da humanidade foi até pouco tempo uma narrativa de acontecimentos que pareciam obedecer a uma lógica cruel e massificante dos indivíduos. Seu poder parecia fazer-nos fantoches representando papéis fixos (lineares) destas narrativas ou meros coadjuvantes das clássicas histórias que sempre reservavam um final feliz para o mocinho. Imperava a cultura da transcendência.
A pós-modernidade, contudo, marca o suspiro dessa sociedade estamental. Ela começa nos nossos dias a sucumbir diante de uma força ímpar que inaugura um novo tempo, rompendo com o sistema de linearidade em que se sustentava a cultura transcendente. Uma revolução silenciosa para muitos, idealizada por muitas mentes incompreendidas e durante anos relegada ao porão da história.
Nesse novo tempo, “a vida evolui pela sobrevivência diferencial de entidades replicadoras". Não há mais espaço para o mesmo de sempre, para o fixo ou o constante. Tudo pode ganhar as mais variadas formas: torcendo-se, retorcendo-se, embricando-se, tocando-se, multiplicando-se, extingüindo-se... É tempo da cultura da imanência, do vir-a-ser. Aproxima-se a era do fim das verdades apodícticas, quiçá do fim da "verdade" - assim como da mentira.
Eis o arqui-culturalismo. As instituições baseadas na tríade autoridade-unicidade-linearidade perdem espaço e se vêem às portas da bancarrota. Em seu lugar surgem produções sempre novas, sempre transitórias, graças às conexões em rede de que fazem parte.
Segundo os autores, ainda que tente um esforço pra se reerguer, a cultura da transcendência não consegue êxito. A natureza de imanência anárquica das redes lhes permite escapar das armadilhas, elas não pertencem a um país, estado político ou se subordinam aos sistemas jurídicos. Trata-se de revolução já consolidada: “os hackers multiplicam-se à medida que são controlados.”