7 de fev. de 2008

Imanência: um devir iminente

A história da humanidade foi até pouco tempo uma narrativa de acontecimentos que pareciam obedecer a uma lógica cruel e massificante dos indivíduos. Seu poder parecia fazer-nos fantoches representando papéis fixos (lineares) destas narrativas ou meros coadjuvantes das clássicas histórias que sempre reservavam um final feliz para o mocinho. Imperava a cultura da transcendência.
A pós-modernidade, contudo, marca o suspiro dessa sociedade estamental. Ela começa nos nossos dias a sucumbir diante de uma força ímpar que inaugura um novo tempo, rompendo com o sistema de linearidade em que se sustentava a cultura transcendente. Uma revolução silenciosa para muitos, idealizada por muitas mentes incompreendidas e durante anos relegada ao porão da história.
Nesse novo tempo, “a vida evolui pela sobrevivência diferencial de entidades replicadoras". Não há mais espaço para o mesmo de sempre, para o fixo ou o constante. Tudo pode ganhar as mais variadas formas: torcendo-se, retorcendo-se, embricando-se, tocando-se, multiplicando-se, extingüindo-se... É tempo da cultura da imanência, do vir-a-ser. Aproxima-se a era do fim das verdades apodícticas, quiçá do fim da "verdade" - assim como da mentira.
Eis o arqui-culturalismo. As instituições baseadas na tríade autoridade-unicidade-linearidade perdem espaço e se vêem às portas da bancarrota. Em seu lugar surgem produções sempre novas, sempre transitórias, graças às conexões em rede de que fazem parte.
Segundo os autores, ainda que tente um esforço pra se reerguer, a cultura da transcendência não consegue êxito. A natureza de imanência anárquica das redes lhes permite escapar das armadilhas, elas não pertencem a um país, estado político ou se subordinam aos sistemas jurídicos. Trata-se de revolução já consolidada: “os hackers multiplicam-se à medida que são controlados.”

7 comentários:

Karyne disse...

lido

Anônimo disse...

Nossa, Lázaro...seu texto me passou um sentimento de revolução e "vamos à luta", típico de quando eu lia sobre a Revolução Francesa nos livros de História =D~~ (talvez tenha sido a Bancarrota, sempre gostei dessa palavra e nunca tive oportunidade de usá-la =D)

Voltando...
Gostei muito do texto, ele complementou o texto que Jade escreveu. A sensação que eu tive é que Jade explicou o processo (ou optou pelo processo) e você contextualizou ele num momento histórico e mostrou como ele se deu e suas mudanças.

Apesar de terem sido escrito separadamente, eles se complementam de uma forma que nós conseguimos imaginar o processo da mudança de cultura da forma que aconteceu, quando, onde, porque, o que é....

Enriqueceu...pronto...resumi
=)

=***

Laura Regina disse...

concordando em muneto, genero e grau com rafaela!!!!!!
quase vi lazaro na frente de um monte de pessoas reunidas, em prol de algo (o q seria, sr. lazaro?).
sobre o texto, lembrou totalemente modernidade liquida novamente. e por ser uma leitora de marx, me lembrou-o tb. tudo há de se modificar.

Andressa disse...

Olá! De fato o texto de Lázaro traz uma aura do tipo, "tudo será diferente agora", mas sabemos que o persurso é mais difícil do que se imagina, não que não existam mudanças, mas que mesmo assim, as mudanças não são novas, só parecem ser. Há de fato um "novo tempo", modo dez pensar que procuram fugir de uma mera reprodução do que já existia. No entanto, ressalto, que coisas estanques como religião, poder, enfim, parâmetros, meio que parecem se eternizar, e por mais que queiramos fugir, é algo que não saberemos ainda se é possível, me fiz compreender? Inté

Juaum disse...

mas então concordo com as meninas quando dizem que seu texto e o de jade se complementam... gosto disso.
eu queria jogar uma provocação aqui... para o sr. lázaro:
quando vc diz assim "...Aproxima-se a era do fim das verdades apodícticas, quiçá do fim da "verdade"..." isso pra mim ganha um tom meio profético e pelo que sei profecias são verdades futuras, ditos ainda por vir, mas que com certeza virão... então queria saber de vc oq vc acha sobre isso.. se esse mesmo discurso non acaba por instaurar um tipo de verdade que se pretende sustentável através da propria negação de verdades absolutas... pra mim o cão non deixou de morder o rabo.

Jade disse...

gostei muito do texto... muito mesmo...

Lázaro disse...

Vamos por partes.

a)Laura: Eu sou um ex-esquerdista. Nao acredito mais em um monte de gente reunido... Qunato a "tudo a de se modificar", eu acrescentaria um adverbio de tempo à frase:

"Tudo há de se modificar INDEFINIDAMENTE"

b)Andressa: o texto fala exatamente o oposto. São esses "parâmetros" de que você fala que deixam de existir. É uma revolução silenciosa? É. Mas também é inalienável e irreversível. Por exemplo, até meados do seculo XX as melhores escolas também eram as mais tradicionais e mantinham forte ligação com a Igreja. nOs nossos dias, a instituição ESCOLA sucumbe frente à onda de cursos técnicos, cursos à distância semi ou nao-presenciais.

c) João: talvez essa seja a maior descoberta que fiz em quase 2 anos de curso Joao: sou contemporâneo de uma época que ficará marcada por uma nova consciência, a do ser-no-mundo.
Sobre a instauração de uma verdade, por assim dizer, "congelada", reafirmo o que disse acima:

"Tudo há de se modificar INDEFINIDAMENTE"