17 de fev. de 2008

Ciberespaço público e Ambivalência

A ambivalência acaba por perpassar a noção de espaço público na internet. Esta não é apenas uma constatação que se faz por si só, ou mesmo inerente ao ciberespaço, ela se constrói através da análise do uso que se dá a esta nova configuração de espaço público, como mostram, por um lado, Paula Sibilia¹ e por outro, José Carlos Correia².
Os autores vêm mostrar que, simultaneamente, o espaço público gerado pela emergência do ciberespaço, hora é utilizado como vitrine de si, hora como um espaço de encontro e troca. Sabemos que é característica deste novo espaço esta configuração fluida, multifacetada e de significações plurais. Ainda carregando a virtualidade como sua principal característica, estas qualidades imprimem nos ciberespaços públicos um grande potencial de ser aquilo que se fazem dele, pois a potência dos mesmos se atualiza no seu uso. Então é possível identificar essa tal ambivalência, pois se de um lado, como mostra Sibilia, a intimidade está transbordando e inundando os espaços públicos, transformando-os em vitrines de si, em mostruários egóicos onde o “eu” transforma-se em produto de consumo; por outro, diz Correia, o ciberespaço carrega a descentralização dos discursos e suas possibilidades semânticas, fortalecendo instâncias de encontros e trocas marginais, criando, assim, uma maior diversidade significativa, uma espécie de circuito outsider.
Fica claro que a primeira possibilidade aqui apresentada, aparece e fala (de si) muito mais alto que a segunda, até porque é de sua natureza. Mas não se deve pensar que a segunda não existe ou mesmo que seja utópica, pois ela existe e desenvolve-se subterraneamente, de modo silencioso, por entre as sombras das luzes dos holofotes.

¹SIBILIA, Paula. Viver em casas de vidro: "Big Brother", webcams e blogs abrem frestas na intimidade, complicando a velha separação publico-privado. 2008. Disponível em: < http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2946,1.shl >
²CORREIA, José Carlos. De que modo a noção de espaço público altera-se na rede e afeta conceitualmente o webjornalismo cultural?. In: org. BRASIL, André; FALCI, Carlos H.; JESUS, Eduardo de; ALZAMORA, Geane. Cultura em fluxo: novas meditações em rede. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2004

6 comentários:

Andressa disse...

Pois é, duas posições de estar em contato no ciberespaço, distintas porém marcantes e diria que mesmo parecendo,como João disse, a "intimidade" estar mais enfática do que a "troca", acredito que as duas aconteçam de forma concomitante e não maior que a outra. Acho que a impressão de "intimidade" ser maior se deve ao fato de estarmos em contato mais com programas que mostram isso, sendo que as "trocas' acontecem tanto quanto a outra, ou até mesmo nesses programas que parecem enfatizar a intimidade como o Orkut ou MSN. Enfim, uma impressão... inté

Bruna_ disse...

Achei interessante não só o texto do Juaunzinho como o seu comentário Andressa. Pensei bastante principalmente sobre o que você falou do orkut. Pelo que me falam , as vezes parece que o orkut pode ser uma troca de informações encoberta por um " isso só pertence a minha intimidade".
Quem tem orkut concorda com o meu comentário?

Beijos

Anônimo disse...

O que seria, exatamente, um espaço público e aquilo que teria um acaracterística mais íntima?

Penso que nos meios de comunicação essas coisas não se diferenciam e meio que, não existem mais...

=**

Juaum disse...

queria que vc falasse mais rafinha, e leiam o texto de andressa que trata sobre essa coisa do íntimo e do público... e se interessar ler tb o texto da Sibília que como falei lá embaixo dá uma boa pincelada sobre a história da separação dos espaços...

Bruna_ disse...

concordo como juaum , tive vontade que a rafinha falasse mais

:]

Karyne disse...

lido