26 de fev. de 2008

Identidades Globalizadas

Globalização: ligação de mundos distantes, integração, troca; quando alcançou a tecnolgia e a economia, essa simples palavra se transformou no motor do mundo moderno. mas a globalização pode atingir ainda mais fundo, não promover apenas a comunicação de Toquio e Brasília, mas também atingir o que as pessoas achavam ter de mais concreto num novo mundo onde tudo se transforma: sua identidade.
A moderna globalização provoca dois movimentos, um, onde as identidades são atingidas por suas novidades e intensas transformações, no qual se perdem e são forçadas a renovar-se; no outro, o problema de virar um "nada" e a insistência em estabelecer uma referência, uma identidade, são constantemente expostos a quem é atingido por tantas transformações. A mesma modernidade que renova quer impor uma estabilidade que ninguém é capaz de manter.
Esse duplo movimento faz as transformações nas tão amadas identidades parecerem monstros da modernidade que querem arrancar cabeças, deixando todos sem algo no que apoiarem sua estimada subjetividade. Contra essa possível eliminação "do que eu sou", as pessoas buscam diferentes caminhos. Todos eles levam ao mesmo horizonte, a anestesia contra a mudança e o pensamento de esvaziamento de identidade; todos esses caminhos mantêm uma "ilusão identitária" de algo fixo que não é mais capaz de existir.Qual é a receita para esse mal-estar? Drogas, de todos os tipos: farmacológicas, lícitas, ilícitas; televisivas, imagens publicizadas e transformadas em ícones, ideais; produtos que promovam a transformação nesses ícones.
Porém, como todos sabem, o melhor caminho quase sempre é o mais difícil, e buscar se encaixar em um desses "perfis-padrão" que a globalização cria para modelar as figuras de cada um não é o melhor deles. O caminho é o enfretamento do vazio, como um adolescente, experimentar a falta de significado e, já que se tem tantos para escolher, no fim, quem sabe, encontrar algum.
Rolnik, S. (1997) "Toxicômanos de Identidade. Subjetividade em tempo de globalização", pp. 19-24. Cultura e Subjetividade. Saberes Nômades. Org. Daniel Lins. Campinas: Papirus.
Disponível em
Acesso em 19 de Fevereiro de 2008

8 comentários:

Lázaro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lázaro disse...

Pra começar, o marcador "Viciados em identidade" é sensacional.

Achei bacana a convergencia q vc e Laura fazem. As leituras se parecem.

Essa coisa de uma identidade que quer se afirma, apesar de a globalização ir em sentido contrário, me fez lembrar muito o profético Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo: lá também a fuga se dá pelo soma (uma droga lícita), música eletrônica e cinema "sensível"

Brave New World esse nosso!
(o comenário excluído era meu)

Laura Regina disse...

tb gostei muito, e realmente os extos se complementam. sintonia legal, e ao memso tempo demonstrando q leituras podem ser diferentes.
agora uma perguntinha pra todos: acham que alguem consegue sair destes perfis-padrao e construir uma identidade sem eles?

Andressa disse...

Não li de Laura mas já querendo comentar esse texto de Rafinha, é sobre a questão de que somos marcados por uma construção histórica de buscar algo sólido, algo fixo, estabilidade, o tal padrão. Isso é fato, é o que nos deixa confortável, tranquilo. Mas em meio a esse mundo líquido, globalizado, de tantos universos, de uma abertura comedida, porém incomparavelmente maior que de uma época anterior, que aflige com uma liberdade e possibilidade de uma não determinação de si, ao mesmo tempo se percebe que a não fixação em nada não existe,porque nem que por um segundo, você quis muito algo ou mesmo está em algo já envolvido num leque de possibilidades dado. A não ser que se tenha uma grande criatividade e ousadia de fugir de tudo o que se é dado, ter essa capacidade de inventar algo extremamente novo e ir fundo. Parece utopia, seria muito bom acreditar que é possível. Será que não pode ser? Viajei, como sempre... Inté

Kleber disse...

Li seu texto e acho que é muito por aí mesmo. Aqui e acolá uma expressão que distoa daquilo que a Rolnik disse, mas se não distoássemos, não haveria maiss potencia no viver. Uma coisa me incomoda no texto da Rolnik que é o vício ser tomado como algo ruim ou sempre ruim. Falaremos sobre isso adiante.
abraço!

Anônimo disse...

Então Andressa, é justamente a falta do fixo que assusta, pois ela parece uma perda de identidade, de algo em que se apoiar.

Daí a busca insessante por algo que iluda a identidade fixa.

=**

Bruna_ disse...

Gostei do seu texto Rafinha :]

E, sinceramente fiquei curiosa quanto ao que kleber vai falar da quest�o do v�cio
At� ter�a!

Beijos

Karyne disse...

lido