9 de set. de 2008

UMA AMIZADE FAMILIAR PULSA NO CONTEMPORÂNEO

Autores: Andressa Almada Marinho Pontes (Bolsista Voluntária PIBIC/CNPq - Psicologia/UFS); Kleber Jean Matos Lopes (Orientador DPS/UFS).

O desenvolvimento desse trabalho está vinculado a pesquisa realizada sobre a Psicologia, tecnologia e modos de subjetivação contemporâneos, que analisa a produção da subjetividade nas articulações entre o humano e o uso de suportes cibernéticos na atualidade, bem como as experiências de identificação, de amizade e de consumo vividas na atualidade. Para problematizar a Amizade mediada por dispositivos tecnológicos realizaram-se leituras sobre a produção da subjetividade contemporânea e moderna; e os discursos de 19 alunos ingressos na Universidade Federal de Sergipe no ano de 2007, focando os sentidos que atribuem as experiências de identificação, consumo e amizade. Esses sentidos se formalizaram como categorias de análise o processo de formação, a preocupação com a imagem de si e a presença da família, como um valor que se atribui a relacionamentos importantes, mesmo fora dela. Daí esse viés familiarista que fundamenta os sentidos atribuídos à amizade entre os discursos analisados, tendo por referência à discussão sobre a amizade feita por Michel Foucault, Francisco Ortega, Hanna Arendt, Jaques Derrida, dentre outros. Esse discurso familiarista vem influenciar a experiência da amizade, seja pela presença marcante de familiares nessas relações, seja pela semântica ou compreensão que se tem da amizade atrelada a expressões “é como um irmão pra mim”. Neste sentido, a relação da amizade se caracteriza pelas idéias de intimidade, fraternidade, igualdade, proximidade. Essa semântica que significa o amigo como íntimo circunscreve a amizade num universo familiar, conhecido e habitual, que pode está a acarretar a transformação da diversidade em identidade, anulando a pluralidade e a diferença nesse modo de relacionamento. Essa articulação amizade-intimidade-proximidade privilegia as afinidades e não as diferenças. O que existe em comum ou semelhante impera, remetendo a uma lógica individualista. Traduzem-se, assim, as formas de sociabilidade em metáforas familiares, na busca por segurança e conforto. No entanto, faz-se necessário a crítica, no sentido de possibilitar às relações de amizade um espaço para falar e agir com liberdade, resistindo aos processos automáticos da lógica familiarista.

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