5 de jun. de 2007

“Para que o que poderia ter se tornado um extraordinário instrumento de democracia direta, não se converta em instrumento de opressão simbólica". Essa citação realmente é muito importante, primeiro por deixar claro que Bordieu não pretende uma defesa da Televisão, ao menos, não como ela se configura atualmente e por tornar claro que o aparente objetivo inicial da televisão pode não estar sendo seguido, e realmente para mim e para Bordieu(creio eu) não está, na verdade pelo contrário, ela age como “instrumento de opressão simbólica”.
No entanto, como proposto por Kleber, é preciso estabelecer o que seria para nós ‘Democracia direta’ e também ‘Opressão Simbólica’. Penso que a democracia direta está para a realidade como semanticamente, assim, seria propor a igualdade claramente, na verdade, não apenas propor, mas de certa forma influenciar, valorizar, demonstrar (através do visual e do áudio, no caso da TV) a importância da democracia. Falando bem piegasmente (existe essa palavra?), transmitir aquilo que de fato é, entende? Não supervalorizar determinado partido porque esse paga para tanto, não colocar os negros sempre na cozinha, na senzala, nas novelas... Enfim, coisas assim... no momento me fogem exemplos.
Já a opressão simbólica, seria praticamente o oposto da democracia direta. A partir do momento que a televisão valoriza um determinado partido, ele oprime aqueles que não possuem condições de pagar, ou melhor, seria aqueles que não se subordinam a tais situações, ou ainda, quando os negros são excluídos da possibilidade de ascensão social nas novelas, oprime simbolicamente os negros, que se sentem subordinado a tais situações/posições. Essa opressão seria simbólica porque ela não se dá na realidade em si, os fatos ocorrem na televisão, e muitas vezes se trata da ficção, no entanto, ela é muito forte, posto que mesmo na tela da televisão, a opressão ultrapassa os limites e influenciam direta ou indiretamente as pessoas, o país e as situações em geral que envolvem o social. Ah, essa opressão pode ser encarada como simbólica também porque aqueles que são oprimidos de uma forma ou de outra sabem dessa opressão, como se existisse uma concordância entre os que oprimem e são oprimidos, e no caso da televisão especialmente, posto que, explicitamente ou ativamente não há nenhuma manifestação em massa referente a tal opressão.

Aí, acho que viajei...

Aterrizando agora... É engraçado porque parece que tudo o que pensei já foi dito. Também associei muitas vezes a televisão com o orkut, até mesmo transpondo o que está dito para e sobre a televisão, para a plataforma que estudamos. A questão apontada por Bordieu citando Berkeley, na página 16 do “ser, é ser percebido”, é muito presente na plataforma Orkut, ao menos, aparentemente, enfocando todas aquelas questões de apagar ou não scraps, ter ou não muitos amigos, comunidades de apagar ou não scraps e etc. Outra frase (já falada por Herica) que também tem muita ligação é: “Não se está ali para dizer alguma coisa, mas por razões bem outras, sobretudo para se fazer ver e ser visto”(16), o que corrobora a relação feita acima acerca da frase de Berkely.

Outra coisa que chamou minha atenção é que, aparentemente as pessoas não pensam sobre os porquês de se estar na Tv, de assistir e de ir a programas de televisão, penso, o Orkut opõe-se a essa lógica já que, o fato das pessoas apagarem o orkut, pode sim apontar um modismo, uma privatização do público, sequenciar uma “morte”, mas aponta, ou ao menos, passa por menor que seja, por um pensamento acerca do porque de tudo aquilo, ou no mínimo do porque de apagar.

Enfim, depois falo mais...=)
[kleber] [klebermatos@uol.com.br] Essa relação entre opressão simbólica e orkut tem tudo a ver. O orkut tem muito disso, muito mesmo, principalmente nessa referência, que vc resgata, de que na contemporaneidade, "ser -é ser percebido". Taí um bom mote para tocar a discussão da produção de identidades. A identidade é a busca do ser, do lugar do ser. abs!30/05/2007 06:39
[Andressa] [aampontes@hotmail.com] E desde qd q se pensa q ser é ser percebido? Quer dizer então q identidade é mais algo que se quer mostrar doq oq de fato é? Nesse caso estamos fugindo cada vez mais de uma autenticidade. Por sua vez, só ratificamos as produções de subjetividades, sendo guiadas por tendências e lógicas mercadológicas, de consumo. Ou seja, ser o que vigora, oq "tá na onda". Será q viajei? Inté31/05/2007 11:23

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