14 de jun. de 2007

resumo abrapso

Esse trabalho analisa os processos de subjetivação nas relações estabelecidas entre usuários da plataforma cibernética Orkut, dimensionando as maneiras pelas quais eles buscam ser compreendidos e identificados, assim como os modos pelos quais encaminham possibilidades de relacionamentos com os outros usuários desse dispositivo. A realização dessa análise tem por referência a ação dos usuários do Orkut em manter ou apagar os comentários (scraps) deixados no seu endereço, o que configura possibilidades de acesso ao que está exposto, por qualquer pessoa que entre naquela página eletrônica. Nessa pesquisa, incialmente essa questáo e pensada em referência à principal política de uso desse dispositivo que se volta para o encontro, a descoberta e a produção de amizades. Metodologicamente esse trabalho inicia-se com a obeservação frequente de páginas do orkut, bem como na administração das próprias páginas no Orkut, já que todos os pesquisadores envolvidos com essa pesquisa mantém endereços eletrônicos junto a esse dispostivo. Essa questão confere uma dimensão participante a atividade metodológica. Isso implica acentuar que as reflexões produzidas pelo grupo não estabelecem rupturas entre as atividades do pesquisador e as configurações daquilo que é pesquisado, mas o estabelecimento de uma política que administre as proximidades e distâncias no campo daquilo que está em processo de problematização. Após o trabalho inicial de obeservação, realizou-se usuaneiras pelas quais buscam ser compreendidos e nos modos pelos quais encaminham possibilidades de relacionamentos com outr57 entrevistas através do próprio dispositivo Orkut, buscando configurações discursivas sobre o movimento de apagar os registros deixados nas páginas do programa. A análise dessas falas aponta para o processo de crescente individualização no uso desse programa, bem como para uma orientação do mesmo, muito distinta daquela que lhe configura, no caso, conhecer pessoas e fazer amigos. Essas ações de exclusão comentários recebidos nas páginas da plataforma Orkut dizem de um modo de experimentar a dimensão tecnológica contemporânea, marcando maneiras de operar na vida cotidiana. Uma modalidade tem o caráter individual, onde cada usuário busca formas de atender demandas que lhe são mais imediatas e requerem um sentido no presente. Entretanto não se pode apontar um processo hegemônico nesse dispositivo cibernético em eliminar rastros do outro em uma página pessoal. Outras modalidades de uso marcam modos mais ampliados de entender como o Orkut se transforma, enquanto experiência coletiva, onde conexões estabelecidas mantêm os registros dos encontros e seus respectivos assuntos. Desse modo, para aprofundar a discussão sobre as atividades de apagar ou manter as mensagens que se recebe, fundamenta esse trabalho uma perspectiva teórico-metodológica que não toma determinismos para caracterizar a relação do humano com a tecnologia. Pensa, então, esses sentidos, não como campos opostos de significação, mas como fluxos articulados que configuram a experiência cibernética, onde a diversidade no coletivo possibilita heterogeneidade na dimensão do singular. Tais implicações são apontadas nos estudos realizados por Michel Foucault, Gilles Deleuze, Bruno Latour, Heliana Conde, Leila Machado e Virgínia Kastrup, autores estes referenciais para o presente trabalho, que consideram a produção da subjetividade através de um enredamento de múltiplas instâncias e organizações da vida e do vivo, não podendo ser reduzida essa dimensão a experiência exclusiva de um sujeito. Assim a análise dos discursos obtidos e os relatos da observação realizada, são postos em consideração aos conceitos e metodologias que implicam os autores citados a essa pesquisa. Busca-se pensar a rede de afetos e interesses privados que apagam seus comentários das páginas do Orkut ao desaparecimento intenso e corriqueiro dos sentidos produzidos na contemporaneidade. Articula-se assim a administração dos afetos e interesses a configuração da história que se faz na atualidade. Nesse sentido articula-se o conceito de rizoma em Gilles Deleuze e Feliz Guattari, ao conceito de rede em Bruno Latour, que é composta de elementos da natureza e da sociedade, intelectuais e políticos, materiais e institucionais. Por rizoma não se entende uma totalidade unificada, mas como sendo composto de singularidades pré-individuais que adquirem velocidade estabelecem conexões entre coisas de maneira aleatória, estando potencialmente aberto a conexões em todas suas dimensões, podendo receber modificações sempre, configurando como um uma ação marcada pela heterogênese. No dizer de Deleuze e Guattari, o rizoma conecta-se com cadeias materiais, biológicas, políticas e econômicas heterogênicas. Articula ainda o conceito de dispositivo em Michel Foucault com os modos de invenção de si e do mundo tematizados por Virgínia Kastrup. Busca também pensar as configurações do campo psicológico ao dimensionar o atravessamento dessas práticas e entendimentos que formalizam e atualizam a dimensão tecnológica na experiência humana no contemporâneo. Tem para isso a parceria da produção intelectual de Leila Machado, Heliana Conde, Michel Foucault, Pierre Lévy, Paul Virilio, Marc Augé, dentre outros. Considerações iniciais dessa análise em desenvolvimento, que relaciona a produção da subjetividade e a dimensão das experiências públicas e privadas na plataforma Orkut, indicam uma modalidade de experiência no uso desse programa que empobrece semanticamente os modos de dizer de si para o mundo e perceber nesse mundo um dito distinto daquele que lhe parece próprio. A primeira leitura dos discursos e a observação realizada nas páginas desses usuários apontam para uma ação que visa objetivar os sentidos, primando pela busca da identificação máxima com a informação mínima. Em outras palavras, apagar as mensagens recebidas em sua página eletrônica de recados implica em abreviar a dimensão pública do espaço cibernético Orkut, bem como incrementar políticas de individualização no mesmo, pois esse processo tem como vetor fundamental desconsiderar a opinião alheia e o olhar do outro que não se pode controlar. Esta ação parece também reduzir as possibilidades tecnológicas postas nesse mesmo ambiente, no que lhe confere ao fundamento social do Orkut, que é encontrar, conhecer e fazer amigos. Sendo assim, excluir os comentários deixados pelos amigos de Orkut, desdobra-se, então, em movimentos de simplificação da experiência singular em seu contexto e sua amplitude semântica. Tal pontuação já se observa e se configura em comunidades do Orkut, voltadas para procedimentos de legitimar moralmente a ação de deletar as mensagens recebidas. Com menor número de participantes, há comunidades que se propõem a resistir ao apagamento. Considerações preliminares desse estudo permitem supor processos de afastamento gradual do uso da plataforma Orkut, como conseqüência do sentido particularizado que dela se faz ou se fez.


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4 comentários:

Técnicos, educadores e educandos do CRAS Enedina Bomfim disse...

Kleber, li o resumo achei bom sim, só tem uns errinhos de portugues mas acho que foi aqui no blog né??

ana maria disse...

já mandei o resumo. corrigi alguns erros de portugues e mantive o título original. tá blz? flw galera...

Kleber disse...

é. no arquivo que mandei havia corrigido. é que digitei num teclado padrão EUA. Os americanos me perseguem!!! kkkkk. Abraço!

Andressa disse...

Olá galera, oi Kleber. Bom, de fato existem erros claros de ortografia ma, oq me chamou a aetnção foi a colocação por duas vezes dos autores calabodores, ou seja, "Michel Foucault, Gilles Deleuze, Bruno Latour, Heliana Conde, Leila Machado e Virgínia Kastrup" e logo em seguida, "Leila Machado, Heliana Conde, Michel Foucault, Pierre Lévy, Paul Virilio, Marc Augé". Talvez seja redudante colocar por duas vezes, né? De resto, acredito estar bem articulado, apesar de que pude perceber q se tentou falar mais da metodologia, suprimiu um pouco do conteúdo teórico q Lígia colocou. Quantas palavras ficaram? Ah, sei q comentei depois do dia de emissão, mas aí estão mesu comentários. Inté