10 de jun. de 2007

Retomando a discussão "Sobre a Televisão"

Retomando a discussão do livro "Sobre a Televisão", que ainda fazíamos no blog anterior "Contemporâneo", Kleber deixou um último recado não postado aqui, mas que retomarei apenas a parte que convém para recomeçar a discussão, em que ele indaga: "quase fim de semana e muitas festas juninas pela frente. Bom, um espetáculo local. Espetáculo, não necessariamente espetacular, como sugere Bourdieu em suas análises da mídia. Bom, de qualquer modo vim aqui para dizer que gosto do que vocês tem escrito e comentado e querer saber do que acham dessa história de "debates verdadeiramente falsos ou falsamente verdadeiros". Alguém pescou isso? Que relação essa questão pode ter com as contradições e tensões que Bourdieu enumera no mesmo texto?"
Poisé, quanto ao comentário do espetáculo, não tem outra, é mais um recurso de se resgatar e manipular um viés de informação sobre as festas juninas de forma tão positivo e cultural do nordeste, afim de que não se passe a informação mais necessária a criação de um recurso crítico. Afinal de contas, em época de festejos, não cai bem falar de quem passa fome, de roubalheira de políticos, entre outros. E porque não comentar de outros dias comemorativos como Dia dos Namorados? Isso e outros dias considerados comemorativos.
Quanto a questão levantada de debates verdadeiramente falsos, no texto menciona ser uma relação de pessoas que se conhecem intimamente, e mesmo quando debatem em posições opostas, demonstram ter combinado, ter uma cumplicidade. Com essa parte pensei no poder que a amizade pode ter, ou qualquer nível de relação que se nomeie, maracutaia, enfim, que sobrepuja a responsabilidade profissional. Nessa viagem me lembro de deputados e outros da política que provém os seus próprios ganhos através desses acertes.
No outro temos debates falsamente verdadeiros tratando num primeiro nível, o dos fenômenos, colocando a posição do apresentador, como aquele que faz intervenções restritivas, é um tipo de censor, impõe o assunto, a problemática, manipula o urgente, distribui também o tempo e tons das palavras, que no entanto, muitas vezes não são controladas, pois existe os sinais não verbais.
E daí se aponta ao problema da democracia, em que se coloca no livro que "nem todos os que servem da palavra são iguais no estúdio". Ou seja, 'trata-se de se colocar a serviço de alguém cuja a palavra seja importante...". Me pergunto, repassando isso a uma prática psi, será que também temos essa responsabilidade ao trabalhar com a sociedade, seja como cliente numa clínica, seja ao se fazer trabalhos de pesquisas, que tragam a benesse necessária a população, que anseia respostas ou novas questões, que geralmente só os especialistas em seu auxílio pode dar? Num segundo nível, o da composição do estúdio, se coloca que há todo um trabalho manipulativo do que se é percebido, toda uma condição social da construção desse percebido, que muda o sentido das imagens. Isso se concebe desde as pessoas que se convida, até a maneira que as organiza, em duas categorias apontadas: os que se explicam e os que vão para explicar, observar, "proferir um metadiscurso". (esse último não podemos nos incluir não,numa prática psi?) Esse cenário está auxiliado a um outro determinante que é o dispositivo previamente montado com todo um roteiro previsto, conversas, participantes, tudo para se evitar a improvisação. Existe ainda a lógica do jogo de linguagem, em que toda a estrutura de um discurso é regida sob regras, de maneira a se evitar os enfretamentos, mais produtivos e espontâneos, para um debate programado e conciliador.
Em seguida se faz uma reflexão do instrumento televisão, que se coloca como não autônomo, tendo em vista que há uma série de restrições, mesmo nas relações entre os jornalistas, que são a concorrência e a conivência, sendo esse segundo ligado àquela cumplicidade apontada, que vai de acordo com os interesses comuns. Comenta o autor da televisão um instrumento sem freio, massificador, homogeneizador de telespectadores, o que seria subestimar de sua capacidade de resistência ou mesmo da capacidade da televisão se tornar um fomentador da produção cultural, incluindo aí a artística e científica (Creio que se ressalta o cuidado disso, já que mesmo assim, seria oportunizar um espaço de expressão livre desse cultural, não manipulado, como se percebe na televisão atual). Mas aí brota o tema da pressão econômica, do índice de audiência, para éntrão entrar no mérito do que se é exigido pela profissão e aspirado pelas escolas de jornalismo. Ou seja, mais uma vez, na prática psi, o que podemos observar de exigência para o profissional psicólogo e de discrepante em relação ao que apreendemos no meio universitário? Será que seremos ou somos capazes de manter essas "aspirações" do meio discente para as nossas práticas profissionais em instituições e outros meios que nos repreendem com regras, normas, exigências, entre outros?
Bom gente, essa foi a minha colaboração para a discussão, fechando o capítulo 1 do livro e quem sabe possamos passar para o segundo e terminar o que nos designamos a fazer. É difícil mas nós tentamos, né? No decorrer do debate me posiciono melhor na discussão focando mais para o meio da internet, consumo, Orkut e afins, porque quando digitava só vinha prática psi, nem sei bem porque. De qualquer forma, tá aí! Continuemos... Inté

Um comentário:

Kleber disse...

Bom, já vi que Hérica escreveu também sobre isso. Antes de ler o post dela, queria falar aqui apenas da referência feita pela Andressa a amizade e os debates falseados. Uma ação entre amigos que vise apenas o bem desses pode ser chamada de ação entre amigos mesmo? Não seria uma gangue? É possível uma amizade fazer mal intecionalmente a quem quer que seja? É importante pensar questões como essa, do contrário poderemos estar a privatizar o conceito de amizade. Abraço!