10 de jun. de 2007

Debates falsamente verdadeiros

Particularmente esta explanação que irei destaca foi uma das mais intrigantes que Bourdieu coloca. Justamente para nós, enquanto pesquisadores da cibercultura, uma vez que nos põe a pensar sobre as limitaçoes que esse ambiente cibernético pode ter, e ainda se realmente existir isso, como podemos superá-lo ou, pelo menos, trabalhar dentro dessa perspectiva de limitaçao. Estou me referindo ao trecho da pag 44 "Certos sociólogos tentaram destacar o implícito não-verbal da comunicação verbal: dizemos tanto pelos olhares, pelos silêncios, pelos gestos, pelas miminas, pelos movimentos dos olhos etc. quanto pela propria palavra. e também pela entonação, por toda espécie de coisas. (...) Há tantos níveis na expressão, ainda que apenas no nível da palavra propriamente dita que ninguém, mesmo o mais senhor de si mesmo, a menos que represente um papel ou pratique a linguagem empolada, pode controlar tudo"
O podemos dizer do implícito não-verbal da comunicação dentro do Orkut, ou qualquer outro espaço cibernético?? Até que ponto ele pode deixar de nos dizer algo de importante, considerando que ele quase sempre desaparece quando nos mostramos virtualmente?
Parece-me que é exatamente este implícito da linguagem que está entre a fronteira de um campo real e virtual de experiência, vivência... e seria isso que nós estamos fazendo agora. Quando nós sabemos que o olhar, o silencio, os gestao nao estarao nas nossas maos e nem evidente para o receptor, nos preocupamos mais ainda com o que iremos falar (já que só estaremos utilizando um recurso da nossa linguagem: a palavra pura, sem seus elementos implícitos). Ou não. Como coloca Bourdieu em relaçao a TV, podemos utilizar deste espaço virtual para manipular somente aquilo que queremos transmitir ao receptor, pq já que os elementos implicitos nao aparecerao (e este elemento escapa do nosso total controle) uma "melhor" manipulaçao do que iremos transmitir atravez da linguagem é possivel.
Fazendo uma ponte deste implícito da comunicação nao-verbal com um dos nosso futuros estudos, a identidade, temos outro fragmento do texto "Sobre a Televisao: "É preciso palavras extraordinárias. De fato, paradoxalmente, o mundo da imagem é dominado pelas palavras. A foto não é nada sem a legenda que diz o que é preciso ler. Nomear como se sabe, é fazer ver, é criar, levar à existência. (...) Porque essas palavras fazem coisas, criam fantasias, medos, fobias ou, simplesmente, representaçoes falsas" . "A imagem tem a particularidade de poder produzir o que os críticos literários chamam o efeito real, ela pode fazer ver e fazer crer no que faz ver"
Não deixei de associar esse discurso de imagem + palavras ao perfil que alguém constrói de si no Orkut. Mas acho que são questões para pensarmos quando estivermos de fato estudando os 3 assuntos especificos!!

é isso!
Bjos

Um comentário:

Kleber disse...

Duas postagens sobre o texto do Bourdieu. legal como vocês estão trazendo o texto para aquilo que interessa na pesquisa. Questão da amizade no da Andressa e da Identidade, nesse da Hérica. Acho que num ponto, pelo menos, os dois textos convergem bem. Nisso que não é dito, mas está presente. Há um conceito na produção do Foucault, que pode nos ajudar a pensar essa questão das invisibilidades. Trta-se do conceito de dispositivo. Amanhã, falo dele em nossa reunião. Abraço!