7 de mai. de 2008

ATA - Reunião 06/05/08

  • Presença: João, Karyne, Andressa, Laura, Rafa, Jade, Lázaro, Marcus, Kleber.
  • Saída de Rafa: se despede do grupo dizendo ter outros interesses e por querer mais horários livres. (Sentiremos saudades!)
  • Projetos PIBIC: Cada grupo ou pessoa falou de suas idéias e pretensões e Kleber pontua em cada projeto algumas sugestões e correções. Lázaro explica a proposta dele sobre possível projeto sobre idosos. Karyne também explica melhor seu projeto sobre sexualidade, sendo que Jade anuncia sua saída desse projeto e não sabe ainda se do grupo. Laura ainda compõe o grupo de Karyne. João explica seu projeto sobre "pessoas que estão nas ruas". Mairla que estará entrando nessa proposta de Projeto (Bem vinda!). Bruna também faz parte do grupo de João.
  • Kleber propõe horários alternativos para conversar com cada grupo de cada projeto = será na quinta (08/05/08) sendo que às 8:00 - Lázaro, 9:00 - João, 10:00 - Karyne. Nesses horários, os grupos deveram levar leituras possíveis para cada projeto.
  • Também abre a possibilidade dos grupos que ainda não fecharam três pessoas, chamarem pessoas que não se encontram ainda no grupo de pesquisa, no caso, Lázaro e Karyne. Estarão divulgando essa resposta depois.
  • Kleber explica que a política de funcionamento do grupo será de que os grupos com cada projeto trabalham em suas reuniões particulares para esporadicamente sejam feitas reuniões entre todos os grupos, ou seja, o grupão.
  • Assuntos não tratados mas mencionados: Trabalhos para SBP - Marcus e Andressa se encontram interessados, estarão propondo trabalhos para painel e mesa e enviando suas idéias vinculadas às linhas possíveis designadas no evento. Questão do horário - Kleber menciona que alguns integrantes do grupo tem chegado muito atrazados. Questão das entrevistas.
  • P.S.1: Por um acaso, teve-se uma certa discussão discontraída sobre o campeonato carioca e o caso de Ronaldo com travestis.
  • P.S.2: Não teve a continuação do seminário de Cartografias (e talvez tenha...).

2 de mai. de 2008

< http://www.paulohenriqueamorim.com.br/ >

Tenho clicado nesse endereço dia sim, dia não. É o blog do jornalista Paulo Henrique Amorim, aquele que trabalhou anos na Globo (correspondente nos EUA), depois Bandeirantes e agora está na Record. Trabalhou em outros lugares também, mas isso não me faz vim falar dele aqui.
O que me faz falar dele é esse blog, o Conversa Afiada, que ele escreve há algum tempo e estava ancorado ao portal iG, foi censurado por lá, e agora se hospeda noutro canto, com mais vontade de denunciar coisas que são pouco ventiladas nos veículos tradicionais de comunicação de massa do Brasil, bem como nos blogs de jornalistas que tratam de política.
Paulo Henrique aponta seus verbos para 3 alvos preferenciais, assim nomeados por ele:
1) PIG: Partido da Imprensa Golpista (o trocadilho é fantástico, desculpem os palmeirenses).
2) O PSDB de São Paulo.
3) O financiador-mor da corrupção no Congresso Nacional, Daniel Dantas. Homem de um vasto currículo de trapaças, que teve o Marcus Valério (aquele careca que emprestava dinheiro para gente do PSDB, DEM, PMDB, PTB, PSB, PT dentre outros, sem qualquer garantia), como seu laranja.
No jornalismo de PH Amorim não há revolução. Diria até que é conservador nos modos de operação ditos legais do capitalismo contemporâneo. Entretanto, lá a notícia parece circular fora do próprio eixo. Isso é muito importante, pois possibilita ampliar as conexões do pensamento. Do jeito que andam as coisas e como aparecem pelo Br adentro e afora, é um vento no qual vale por a vela para navegar.
Abraço!

22 de abr. de 2008

ATA - Reunião 22/04/08

  • Presença: Helmir, Marcus, Lázaro, Laura, Jade, Andressa, Karine, Kleber.
  • Falou-se sobre os futuros projetos para o PIBIC, que deverão ser feitos até o dia 29/04/08. Até o momento só se tem propostas de João e Karine, tendo cada um seus interessados vinculados. Lázaro ficou informado da nova política do grupo de existirem mais de uma pesquisa funcionando no grupo e as pessoas que fazem parte devem estar vincilando a uma dessas propostas se se interessarem. Lázaro posicionou uma semente-idéia sobre uma proposta de se trabalhar com idosos, algo sore a percepção dessa faixa etária. Ficou aberta dele desenvolvê-la até a data limite.
  • Marcus comentou sobre a XXXVIII Reunião Anual de Psicologia da SBP, em Umberlândia, que terão Sessões Coordenadas, Painéis, Painéis Permanentes, Encontros, Reuniões e Lançamento de Livros serão recebidas até dia 31 de Maio. Foi informado também que existe uma lista de um ônibus que fará a locomoção dos estudantes a esse evento. Melhor se apressar em colocar o nome nessa lista e quem quiser se inscrever. Proposta de quem quiser ir ao evento se posicionar e trazer idéias até o dia 06/05/08.
  • Kleber explicou melhor sobre as formas de ler as entrevistas, sendo até o momento duas: (1) Como entrevistador e percebendo os outros colegas tb nesse lugar e por sua vez a ética do processo; (2) Perspectiva do entrevistado e de quem a lê, se aproximando ou não das falas dos entrevistados, apontando as distâncias e afastamentos em relação aos temas Identidade, Consumo e Amizade. O prazo final para entregar os relatórios referentes a essa segunda leitura é até o dia 06/05/08. Interessante que fosse feito uma análise de entrevista por entrevista. Após a entrega dele, serão feitas leituras de todos os 10 relatórios e com isso perceber o movimento de desejo que se cristalizam, para daí fazer um relatório completo. (me corrija aqui Kleber, caso necessário...).
  • Quanto ao Encontro de Psicologia na UFS, ficou decidido que o grupo só se deterá nas apresentações já definidas que são: Andressa, João, Bruna e Hérica, que estarão falando sobre o Grupo, a Metodologia e do Projeto PIBIC; Marcus que ficou se se juntar com mais duas pessoas que fizesse PIBIC para fazer uma mesa sobre isso. Cada grupo deverá se encontrar e acertar os resumos para entregar ANTES a Kleber e daí se enviar para responsável pelo evento. Prazo final de entrega é 30/04/08.
  • Marcus continuou o Seminário sobre a parte 1 do livro Cartografia Sentimental de Suely Rolnik. Porém ainda não terminou, faltando mais um capítulo e o restante será apresentado por Andressa.

16 de abr. de 2008

Empresário falando de democracia...

Parece piada, quando li essa entrevista...
Lembrei imadiatamente das cartografias que viemos discutindo da qual Suely Rolnik comenta. Poder perceber certas dissonâncias do ato e de certas expressões se torna uma habilidade importante de se desenvolver, e com isso tentei pensar sobre alguns pontos dessa entrevista.
Por exemplo, o fato de um empresário estar falando de democracia, exatamente quem ostenta um certo poder financeiro, e sabe que a maioria exatamente é a que morre de fome e fala que tal povo é quem decidiria também por um 3º mandato ou não.
Ora, a entrevista está sendo feita com um empresário, por sua vez, não será que sua opinião é importante, o qual no final o entrevistador busca tal reposta de uma certa maneira quanto ao assunto tratado. Que democracia é essa? Será que existe ou vale de alguma coisa caso existisse? Ou será esse discurso conveniente para o empresariado?
Se houver consulta à sociedade e a sociedade aprovar, seria a vontade da maioria. Se a sociedade aprova que o presidente Lula merece um terceiro mandato, porque o projeto dele não está completo, e a sociedade está satisfeita com a forma de governo que Lula vem conduzindo o país durante oito anos, é democracia, meu Deus. (fala do empresário entrevistado - Lawrence Pih)
Outro ponto que me chamou atenção foi falar que não existiria melhor opção do que Lula, que aparentemente estaria bom do jeito que está para o empresariado, isso levando em conta a opnião do entrevistado, e tendo em vista as ações do presidente e sua intenções, seria então interessante um 3º mandato, mas será isso suficiente? Será que pensar que já tá bom do jeito que tá é a melhor posição? Essa postura, pelo menos, me fez pensar a apatia e conformidade diante das coisas, do novo, ou pelo novo, enfim, a coisa de evitar desesterritorializações e grandes turbulências, até porque, depois disso seria necessário rearrumar "novas máscaras".
FOLHA - Empresários querem o terceiro mandato? O sr. é voz isolada?
PIH - Muitos estão tendo resultados expressivos, estão vendo a estabilidade econômica e que o governo conduz com seriedade a economia. Acham que não seria ruim continuar as coisas como estão. Não dizem que apoiariam um terceiro mandato, mas veriam com bons olhos que as coisas fiquem como estão. Não têm do que reclamar.
E chama atenção também à questão antagônica do próprio do partido PT ter corrido atrás de conseguir seu respaldo de ambas as partes (empresariado e povo), fato confirmado na fala do entrevistado e assim confirma que o interesse mais do que da população e do empreseriado seria também daqueles que se encontram no poder.
FOLHA - A quem interessa agora o debate sobre o terceiro mandato?
PIH - Naturalmente, vejo o governo, o partido do presidente e a base aliada querendo manter as coisas como estão: se manter no poder. A oposição tem a obrigação de tentar obter o poder. O PT não quis ser oposição eternamente. Até usou de estratégias que não usava no passado para chegar ao poder.
[...] O Bolsa Família tem um aspecto importante, o crescimento econômico também. Hoje a população sente que está melhor do que oito anos atrás. Você não pode dizer que o governo usou o Bolsa Família para tentar cooptar o eleitor. O eleitor se sente bem ou não.
Nada nos impede de pensar que tudo é uma grande articulação de todas as partes: o empresariado que quer manter suas benesses e o governo petista que usufrui de sua posição mandatária. A palavra democracia parece um discurso conveniente. A sociedade de fato usufruiria também desse 3º mandato? Vale a pena pensar em continuar como está?
Basei-me na: Entrevista Folha de S. Paulo-Lawrence Pih 3º mandato para Lula é democrático se sociedade quiser, diz empresário - 13-04-2008

8 de abr. de 2008

Sigam-me os bons!!!


"Medo de fugir da raia na hora H. Medo de morrer na praia depois de beber o mar. Medo... que dá medo o medo que dá." (Lenine)


O que se pretende da vida, em nossos dias? Realização, gozo (mesmo que imediato), felicidade a todo custo, busca de sentido pra algo que nem sequer chegamos a sentir de verdade. Cria-se, a partir disso, a ilusão simplória do querer sempre mais e acabamos recorrendo a subterfúgios que parecem nos garantir algum prazer ou fazem-nos esquecer das decepções.
O mito da liberdade parece guiar-nos nesse sentido. A felicidade se afeiçoaria com a possibilidade de, que a liberdade trás consigo. Ser livre, nesse sentido, diria respeito a se fazer o que quisesse, quando bem quisesse. E quanto maior a realização, maiores as possibilidades de ir adiante.
Por outro lado, como aponta Antonio Cícero, também se pode pensar ser livre na modernidade como a negação (ou melhor, abnegação). É aí que entrariam os tais subterfúgios: alcançar as benesses da modernidade somente seria possível àquele que nega a sua condição de questionador, de inquiridor: chega-se à liberdade, desde que respeitadas o limite que ela nos impõe.
Não seria possível, então, provar-se livre. Querer isso é se assumir como escravo. Ou seja, o desejo de reafirmar-se é antes o desejo de mudar e aquele que deseja mudança não É, quer SER. Lembrei na hora do peixinho no aquário: seria mais útil ser limitado pelo vidro protegido ou ser arremessado na imensidão desconhecida do mar?
Fiquei encucado e mostrei o texto para Elen (do 5º período) e para um colega. Ela, como boa cristã que é me respondeu que a "ignorância é feliz". Já ele, preferiu não comentar, disse que esses textos "de psicólogo" causam embaraço na cabeça. Fiquei com uma dúvida: será que matei a liberdade dele?

*Texto "Astúcia do Diabo", de Antonio Cícero, retirado do endereço: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0504200836.htm

6 de abr. de 2008

Pensando o corpo e sua construção na contemporaneidade.

Pensar o corpo e sua construção na contemporaneidade é, primeiramente, partir da premissa de que muito já se escreveu sobre este. Isto nos leva a encará-lo como algo não unitário, já dado em si, mas que se apresenta enquanto múltiplo, visto que várias foram as metodologias utilizadas para estudá-lo. Esse caráter múltiplo do corpo já o coloca em uma posição de não ter uma natureza pré-fixada, mas que ela se constrói ou que é construída. O corpo é produto de uma construção moral pautada nos mais variados momentos históricos. Cada um desses momentos fixa determinados valores que servem de referência para estas construções e que também limitam a ação dos corpos, dizendo o que ele pode ou não fazer.
O modo com cada um de nós percebe, sente, se relaciona com o corpo está ligado ao modo de vida, ao nosso modo de existência. E por isso torna-se necessário saber ou refletir sobre que tipo de idéias se têm sobre ele. Como já foi dito, estas idéias se produzem a partir dos variados atravessamentos de acordo com a época histórica em que se está inserida. Nas mais variadas épocas históricas e nas mais variadas culturas a relação do sujeito com o seu corpo se dá de maneiras diferentes. Por exemplo, na Idade Média (Rodrigues, 1999) a idéia que se tinha do corpo era de que era um corpo que abarcava a vida e a morte, esta não era vista como algo fora do corpo, fora da vida. A morte era vista como um ponto da vida em que entrávamos num sono profundo, para um despertar posterior, tendo isto um caráter religioso. A própria relação com o divino era encarada de uma forma direta: O Individuo cristão e Deus. Não era necessário, para se sentir falando com Deus, de um intercessor terreno, como um padre. As próprias confissões, geralmente, eram feitas diretamente a Deus, pois acreditava-se na misericórdia divina para a remissão dos pecados dos que se reconheciam como pecadores.
Desde a Idade Média a confissão tem um papel importante na sociedade ocidental, sendo utilizada como técnica de obtenção de verdades sobre si, uma verdade que denunciasse os pecados. Mas pouco a pouco, as coisas vão mudando. A confissão perante um clérigo passa a ser essencial e dependia deste o perdão ou não dos pecados. A confissão passa a ser expandida para outras áreas sociais, servindo ainda nesse ponto de técnica de obtenção de verdade sobre si, sendo utilizada no campo da justiça, em interrogatórios, etc. Passa-se a exigir que se falasse sobre si, que se confessasse cada pensamento, sonho, desejo, via-se isso como uma prática de penitência: cada um confessava suas verdades mais íntimas, mais pecaminosas. Mas era um tipo de confissão que ficava no plano da enunciação, que não se arquivava. Com a expansão da técnica para outras áreas como a medicina, a psiquiatria e a pedagogia, passou-se a arquivar as informações obtidas nas confissões, a solidificá-las, a categorizá-las. Os rituais de confissão saem de um plano religioso para adentrar esquemas da regularidade científica.
Até certo ponto a confissão com bases religiosas buscava que o sujeito falasse sobre sua verdade, sobre si, algo que o denunciasse um ser pecaminoso, um corpo do pecado. Já com a ciência no meio, o que se busca não é mais uma verdade escondida pelo próprio sujeito, mas uma verdade que há nele, mas este desconhece e isso se dá num processo onde participam um Interrogador e o Interrogado. Assim a confissão passa a ser um movimento de produção de verdade científica. E nessa relação de Interrogador X Interrogado, aquele que escuta, alem de dono do perdão (no caso religioso), é dono da verdade sobre o sujeito. Através da confissão, da interpretação desta, se produz um discurso de verdade, uma verdade sobre o corpo.
As verdades sobre o corpo, sobre a “melhor” forma de usá-lo para um bem-estar tanto individual como social, passam a ser ditas por terceiros, tendo como suporte a Ciência. Desenvolve-se todo um conjunto de dispositivos que servirão para gerir nosso modo de viver, de utilizarmos nossos corpos. Segundo Foucault (1997) o poder sobre a vida desenvolve-se, a partir do Séc. XVII, de duas formas: uma que via o corpo como uma máquina e a partir de dispositivos disciplinares assegurava-se esse poder, que visava um adestramento, ampliação das aptidões e docilização dos corpos; e a segunda, já no Séc. XVIII, partia de uma visão de um corpo biológico, de uma bio-política da população (controle de natalidade e morte, nível de saúde, etc.). Os dispositivos disciplinares se espalham pelos meios sociais: escolas, casas, ateliês, hospitais, etc., e as praticas políticas e econômicas já se preocupam com a regulação da população. É a era do Bio-Poder.

Esse bio-poder, sem a menor duvida, foi elemento indispensável ai desenvolvimento do capitalismo, que só pôde ser garantido à custa da inserção controlada dos corpos no aparelho de produção por meio de um ajustamento dos fenômenos de população aos processos econômicos. (Foucault, 1997:132)

Com o aperfeiçoamento destas técnicas de poder sobre o corpo, com o passar do tempo, cada vez mais se direciona os modos como se deve ou não usar o corpo, isto é, os modos como devemos viver. E esses modos têm como sustentação a força valorativa de uma verdade produzida pelo conhecimento científico, este estando muito próximo dos valores pregados por um modo de vida capitalística. Sendo assim se produzem corpos que só fazem isso ou aquilo se estiverem dentro das normas ditas como corretas, não se permite um tipo de vida onde se experimentam outras formas de se viver. Não se dá um passo, hoje em dia, sem se consultar o especialista (detentor da verdade) sobre a forma correta de se dar um passo adiante. Vivemos cada vez mais numa sociedade onde não mais sabemos como viver, sem que alguém dotado de um saber valorizado, nos diga como viver. A cada instante surgem novos especialistas da vida que dirão como devemos viver e isso vai desde a melhor posição para dormir, como devemos nos comportar dentro de um elevador junto a outras pessoas, qual a melhor forma de se trepar e – se brincar – até como devemos piscar nossos olhos. E o pior de tudo é que acreditamos nisso. Deixamos nas mãos dos outros as decisões sobre nossas vidas.
Portanto seria muito interessante criar-se um campo de discussões sobre estas questões que envolvem o pensar o corpo e sua construção na contemporaneidade. Segundo alguns autores como Foucault (1984) e Mangueira (2001), uma perspectiva voltada para uma discussão ética aponta como tais relações podem instituir e naturalizar certas práticas, determinando formas específicas de experienciar o mundo. Dentro dessa temática acreditamos que a prática do profissional em psicologia também visa entender como se á a produção dos corpos na contemporaneidade, ao mesmo tempo em que se transforma em um exercício de desnaturalização de tais conteúdos valorativos.


Eu usei para esse texto as seguintes referencias:


Foucault, M. A Historia da Sexualidade I: A vontade de saber. 12ª ed. Rio de Janeiro, Edicoes Graal, 1997.

__________. A Historia da Sexualidade II: O uso dos prazeres. Rio de Janeiro, Ediçoes Graal, 1984. (esse foi só a introdução)


Rodrigues, Jose Carlos. O Corpo na História. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. Pg 121 - 135.


Mangueira, M. Microfisica das Criaçoes Parciais. São Cristovao: Editora Ufs, Fund. Oviedo Teixeira, 2001.
___________. Alguns conhecimentos elaborados até o presente momento pelas ciencias humanas a respeito do homem: as quatros dimensões do corpo do homem.

31 de mar. de 2008

1o de abril

Bom gente,
amanhã, nossa reunião começa às 8 horas, para quem tem interesse em apresentar trabalho na Semana da Psicologia. Remarco para as 9 horas a apresentação do Cartografias.

PIBIC
Decidi(mos) na última reunião que a proposta de projeto pibic para 2008/2009 deve ser formulada por alunos, e o nosso grupo passaria então a funcionar de acordo com as propostas apresentadas. Do que viesse, uma seria encaminhada através do pibic e as outras a gente tocaria tb, do mesmo modo. Já há duas idéias circulando no grupo. Uma do Helmir, de problematizar o corpo no contemporâneo e a outra do João, que está interessado em discutir coisas afeitas ao cotidiano de Aracaju, seus passantes, suas carroças, algo por aí.
Acho que precisamos conversar mais sobre isso, tanto ao vivo como por aqui (e-mail), de modo a poder incorporar às idéias que apareçam a viabilidade metodológica e teórica.

Abraço

25 de mar. de 2008

ATA - Reunião 25.03.08

  • Arquivo de todas as entrevistas trancristas
  • Retorno a leitura de "Cartografias sentimentais" - Livro I

>Cap. I e II: Herica

>Cap. III a VI: Marcus

>Cap. VII a IV: Andressa

  • Discussão de novas propostas para o próximo Pibic
  • Presença: Andressa, Bruna, Helmir, Herica, Jade, João, Marcus, Rafaela.

PRÓXIMA REUNIÃO:

  • Mudança de horário - 8:30 hs
  • Apresentação do Livro I por Andressa, Herica e Marcus

Formas de enunciação midiática

São muitas as formas de se expressar, mas o texto de Rocha deixa claro que na mídia se predomina um tipo de linguajar que pretende manter um entedimento dentro de padrões compreensíveis, dentro de uma lógica maniqueísta, ou seja, daquela que mais nos habituamos na nossa história ocidental, a luta do bem contra o mal. Assim foi o exemplo retratado no texto sobre como se mencionou sobre o atentado do 11 de setembro, o ataque as torres gêmeas, que após tal fato suscedido, se procurou reterritorializar o desterritorializado, mas de que modo?
No final das contas, percebe-se que os discursos, por mais que se queira negar, são produzidos por agenciamentos coletivos de enunciação. São mútiplas vozes, tendências, uma construção histórica envolvida que produz por sua vez inevitavelmente modos de pensar e agir, ou seja, a subjetividade. A produção de territórios é convencionada pelo sentimento de se querer afastar o estranho e o caos e querer o reconhecível e normalizado. A intenção é de trazer a sensação de pertencimento a algo e daí se menciona no texto de Rocha os traços de rosticidade que se trata de um perfil de território que, no caso, tenderia a identificações com papéis ou funções estáveis. A mídia auxilia muito nessa produção de protótipos facilmente reconhecíveis.
No entanto, nos cabe saber que os territórios não são estanques ou naturais, são produzidos por forças e produzem multiplicidades, mas que a sociedade normalizadora tenta controlar. O interessante seria permitir que o pensamento fluísse das mais diversas formas, mas tende-se a manter as coisas como convém, sob controle.
Mas então, o autor nos faz questionar: do que adianta refletir sobre os agentes coletivos de enuciação que produzem subjetividade "se permaneceremos confinados ao que se produz no estrato linguageiro?". Bom, a subjetividade é produzida por mais do que apenas a linguagem, e o importante desse exercício de reflexão é perceber que nas práticas linguageiras que os agenciamentos funcionam melhor do que o sujeito de enunciação (que trabalha num plano das formas constituída, ou seja, para mera transmissão de intensidades determinantes de modos de sentir e agir) que faz da linguagem um instrumento que se diz apenas para informar e marcar representações, mas se sabe que a linguagem vai além, como disse Naffah Neto (apud, Rocha), ela pode afetar, ou seja, de "atualização de forças interpretantes que corporificam os acontecimentos".
P.S.: Tem também outras discussões que preferi não me aprofundar como as próprias enunciações sobre o caso do 11 de setembro que exemplifica no artigo e conceitos interessante como noções de espaço liso e estriado ( que queria saber mais...) e oposição entre molar e molecular ( que lembrou discussão de macro e micropilítica de Rolnik, acho que deve ter o mesmo raciocínio, né?) Inté
Comentários do texto: Agenciamentos coletivos de enunciação e discursos midiáticos - Décio Rocha

8 de mar. de 2008

Consumo e corpo

Ao tratar sobre um assunto como o aumento do consumo de drogas inibidoras do apetite, levando em consideracao que esse aumento se dá por motivos como contrabando frequente dessas drogas, prescriçao desenfreada por partes dos medicos ou mesmo uma fraca presença do estado ou governo no controle desse tipo, é no mínimo uma forma de se buscar uma explicaçao por uma via mais fácil, ou seja, você aponta os culpados e pronto. A questão passa a ser ir atrás destes, tomar as providências cabíveis, segundo a lei e a partir daí, ficar com a consciência tranquila e aguardar que essas problemáticas vão desaparecer. Aí, quando menos se espera, o problema reaparece, mas isso nao quer dizer que havia sumido, mas que achava-se isso. Nesse ponto passa-se a se pensar "Ahh, mas fizemos tudo certo, prendemos os culpados, bloqueamos o canal por onde entravam as drogas. O que aconteceu?" e continuando a busca por uma explicação, mais uma vez volta-se numa identificação dos culpados "Isso acontece porque tem esses safados que querem se drogar. Se querem tomar esses remédios pra emagrecer ate morrer, que tomem." E nesse ponto a forma de combater essas questões não mais buscam aparatos legais, não mais se diferenciam usuários de traficantes e o pau passa a comer pra tudo que é lado (algo meio Tropa de Elite). Como seria então pensar de outra forma o aumento do consumo no Brasil de drogas inibidoras de apetite?
É comum - senão desgastante - no nosso dia-a-dia sermos inundados de propagandas, dos mais variados tipos e voltada para os mais variados objetos de consumo, onde o grande ponto em destaque é a relaçao de eficiência do produto com o corpo do sujeito que protagoniza o comercial. Exemplos não faltam, propagandas de cosméticos tem sempre pessoas com a pele impecável, corpo mais do que sarado e tudo fica ligado ao produto. Produz-se um tipo específico de corpo que as pessoas devem ter. Produz-se uma Norma corpórea. E como toda norma, deve ser cumprida e aqueles que nao a cumprem, que não se adequam a ela sofrem punições. Esse tipo de corpo que se quer que tenhamos apresenta perfeições em toda sua extensão: Braços bem definidos, pernas torneadas, bumbuns e peitos bem durinhos, rosto com pele lisa, etc. É um tipo de corpo que se não impossivel é muito difícil de se atingir esse patamar. Como perfeição, em nossa sociedade, tem um caráter atrelado a saúde e também a um status social, a busca por essa condição é vista como um caminho para ser alguém no meio social em que se vive. A forma de se chegar lá já nos está dada pelas propagandas: comprar o produto veiculado para ter um corpo ideal. Então segue-se esse movimento. Cresce o consumo de determinado produto, pois existe a crença de que ele leve ao corpo perfeito (Ah, entre os produtos, nao estariam somente os cosméticos, mas coloquem nesse meio: exercícios de academia, dos mais variados tipos, aparelhos milagrosos, etc). Só que, como disse antes, chegar a esse corpo perfeito é impossível, senao difícil, demorado. E numa forma de organização social como a nossa, que prega que perder tempo pra alcançar as metas é também perder dinheiro, a demora por atingir um corpo perfeito não é aceitável. Tem que existir algo que apresse o processo, que seja um caminho mais fácil, mas que proporcione atingir o resultado normatizado, ou seja, corpo perfeito. É por aí que entra em cena as drogas inibidoras de apetite, sua eficiência em fazer com que as pessoas literalmente fechem a boca e emagreçam no menor tempo possível é incontestável. O consumo dessas drogas cresce porque elas se tornam o meio eficaz das pessoas atingirem o padrão corpóreo exigido. E como os meios legais de obtenção das mesmas não pode suprir a demanda, os meios informais, senão, ilegais começam a se destacar (nao entrarei nos detalhes de como essa rede funciona, aí ja seria outro ponto a ser discutido). Pois bem, cresce o consumo dessas drogas, alguns atingem o padrão esperado, outros nem tanto, porém de uma hora pra outra, o ideal de corpo perfetio muda, e com isso mudam as propagandas, os produtos e ja se produz outro tipo de corpo a ser alcançado. Por exemplo, há nem tanto tempo começou uma moda em se colocar silicone nos seios e com isso o aumento de cirurgias aumentaram consideravelmente, isso em um país como nosso onde o grande xodó, como se propaga, era a Bunda. Já não basta ter um bumbum bem definido, tem que ter peitos bem delineados também. Com essa mudança no ideal de corpo perfeito, lá se vão as pessoas "acompanharem" isso, porque não se pode contrariar uma norma, pois sabe-se das consequências punitivas disso. E como cada vez mais esse tipo de corpo vai ficando difícil de ser alcançado, mais uma vez se aposta no uso desses inibidores, que também têm que acompanhar o ritmo disso tudo, com isso as drogas tendem a se tornar mais fortes, para terem efeitos mais rápidos. É uma roda vida, mas que nesse girar a intensidade vai aumentando, e forças novas vão se acrescentando a ela. Pensar esse aumento do consumo de inibidores do apetite sem ao menos levar em conta a forma como se dá a relação nossa com nosso corpo (parece até estranho falar isso, porque aparenta uma distância entre nós, seres pensantes, e nosso corpo, coisa mais concreta..a velha idéia cristã de mente e corpo), ou que tipo de corpo se espera que se tenha, ou como se produz a idéia de corpo em nossa sociedade, para assim enxergar como isso é atravessado por essa questão do consumo é algo essencial para podermos desconstruir certos valores que nos fazem virar reféns dessa busca por se adequar a uma norma, e nos possibilita criar outros modos de vivenciarmos nossa vida.


P.s.: Texto escrito a partir da reportagem da Uol "O Brasil é o maior consumidor de inibidores de apetite". Link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/03/05/ult23u1372.jhtm

5 de mar. de 2008

"uma entrevista cartografada"

Para ser um entrevistador tem-se que, antes de tudo, estabelecer uma posição de cartógrafo; assim como fala Suely Rolnik em seu livro “Cartografia Sentimental – transformações contemporâneas do desejo”. Cartografar é acompanhar a transformação da paisagem (Rolnik, 1989. p. 15), é transformar e transcrever junto com quem se modifica, é movimentar-se junto com os movimentos de quem é cartografado.
As cartografias mostram as transformações dos mundos de cada um, seus desdobramentos, abandonos de formas antigas, recuperações de mundos passados, criação de novos mundos. Todas essas movimentações são motivadas pelo desejo, ele é o “processo de produção de universos psicossociais” (Rolnik, 1989. p. 25). Ele é o início, a intensidade que transforma e produz, trabalhando com os elementos mais diversos dos quais tem acesso.
A transformação e a produção de mundos têm um elemento diferencial, eles possuem processos visíveis e invisíveis que produzem algo que Rolnik chama de “máscaras”, não falsidades ou omissões, mas sim, faces que se apresentam de diversas maneiras e que podem mudar a qualquer momento, “a máscara funciona como condutor de afeto (...) ganha espessura de real, ela é viva e, por isso, tem credibilidade: é verdadeira” (Rolnik, 1989. p. 31). Quem olha de fora, só consegue enxergar a máscara já constituída, o indivíduo transformado que se apresenta ao mundo, mas, um cartógrafo, que está em busca de acompanhar essa transformação, percebe também seus elementos mais discretos, os desejos, os afetos que levam à mudança e à criação. O cartógrafo acompanha o visível para descobrir o invisível.
E está aí a principal diferença entra a cartografia e o mapa, mapear é descrever o que já aconteceu, depois de modificado. Cartografar é acompanhar a modificação em todas as suas fases, seus momentos, seus movimentos de transformação; dessa forma, uma cartografia pode demonstrar intensidades e afetos que se manifestam, mesmo estes não aparecendo no plano visível, pois ela os acompanha na medida em que segue o movimento de criação.
Sendo estas máscaras, posições que se pode estabelecer no mundo, elas podem ser várias, se modificar e adaptar-se ao externo a qualquer momento. Para que isso aconteça, são necessárias três movimentações: primeiro o desejo deve ser gerado e tornar-se capaz de ser exteriorizado, deve haver atração de afetos. Essa atitude, em certa medida, depende de um cartógrafo-entrevistador, ser capaz de manter uma relação com quem entrevista na qual os desejos e as intensidades sejam trazidos à tona e possam materializar-se em máscaras. O que a experiência da entrevista veio proporcionar foi isso, a materialização dos afetos para que o interior se tornasse visivelmente presente; e sem a manutenção do ambiente em que os afetos podem sentir-se “livres”, não é possível que isso aconteça.
Num segundo momento, está presente no entrevistado a sensação de habitar o espaço, de poder representar suas máscaras livremente, sem precisar modificá-las a maneira do cartógrafo, mas sim, do seu desejo. Está-se dentro da entrevista, as respostas fluem e as perguntas são construídas acompanhando a trajetória do que é respondido, buscando-se, cada vez mais, a presença dos afetos no ambiente.
Se o segundo momento não se completa, o terceiro não aparece. Este último movimento é aquele da “territorialização” de transformar e manifestar afetos e desejos, de construir o mundo. Por vezes, acontece em meio à passagem do segundo momento para o terceiro, um estranhamento; mas o entrevistador-cartógrafo deve trabalhar para que isso seja positivo, pois, é através do contato com o estranho e com o diferente que os mundos se transformam e se renovam. O estranhamento com uma pergunta permite um pensamento sobre ela, uma opinião que será inovadora, nunca pensada, uma posição que se forma enquanto se pergunta e o cartógrafo-entrevistador acompanha tudo isso acontecer, presenciando a criação das máscaras dos afetos do início, quase em contato com o próprio desejo. O desejo passa a estar em contato com o momento da criação e da percepção do entrevistador.
Em cada situação e vivência que presenciamos, colocamos novas máscaras, elas nos ajudam a interpretar e dialogar com o externo, de forma que a atração dos afetos tornem-se materializadas e algo possa acontecer, como um diálogo em uma entrevista, por exemplo. Nem sempre somos os mesmos, não agimos da mesma forma sempre e cada forma de agir depende da atração e da intimidade dos afetos que se encontram, cada forma de criação é um mundo, uma realidade que se estabelece para aqueles que se afetam. E, por sua vez, cada mundo é uma realidade que transcende um plano individual e atinge a existência do social, o desejo, que parece tão íntimo, não se encontra separado da realidade do social, mas sim, é projetado para ele.
Desejar é adaptar sua máscara ao social que lhe é apresentado, obedecer à troca de intensidades dos afetos, mas de forma que se configure como, realmente, uma troca; um consentimento mútuo de afetos que podem se complementar e não se anular, complementação do desejo com o social, com a realidade.
Esse foi o trabalho e a experiência da entrevista: cartografar, acompanhar os movimentos como eles se apresentam, na sua gênese e na sua transformação; ser acompanhante ao mesmo tempo em que transformador do existente. Ter por caminho apenas o desejo e por guia, os afetos; conduzir uma cartografia e transformar e produzir um mundo.

4 de mar. de 2008

ATA - Reunião 05.03.08

  • Participação de Helmir (falando sobre sua monografia, possibilidade de participação no grupo, participaçao no blog e no email do grupo)
  • Kleber: apresentação e discussão do texto de Suely Rolnik "Toxicômanos de identidade: subjetividade em tempo de globalização", postado aqui no blog.
  • Encaminhamentos da pesquisa PIBIC
  • Presença: Andressa, Herica, Jade, João, Karyne, Lázaro, Laura, Marcus, Rafaela.

TAREFAS:

  • Pibiqueiros: terminar a realização e a transcrição das entrevistas em 15 dias (18.03.08)
  • Todos (sem a obrigatoriedade de Andressa, Marcus e Herica) : começar a análise e discussão de uma entrevista aqui no blog.

PRÓXIMA REUNIÃO:

  • A discutir / não haverá reuniao na próxima semana

3 de mar. de 2008

Precisamos perguntar!

“Você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer meu amigo, que uma nova mudança, em breve, vai acontecer. E o que há algum tempo era jovem e novo, hoje é antigo. E precisamos todos rejuvenescer” .
(Belchior – Velha roupa colorida)

Esse pequeno fragmento do cancioneiro popular cearense aponta que na década de 70, já se antecipava à condição juvenil, a circunstância RE. Rejuntar, refazer, repensar, reviver, reatar, rejuvenescer. RE em tudo que aparecia, de modo a modificar a aparência.
Pois bem, de lá pra cá, o RE passou a ser usado com maior freqüência e também a significar um estrato de tempo cada vez menor. Se lá (anos 70) a (re)atualização indicava uma ruptura com a década que ficara pra trás, hoje não seria exagero supor, que se luta para deixar de ser o dia de ontem. Muita velocidade para experimentar a vida. Não dá tempo. Re-experimentar talvez permita saber melhor. Não há tempo. É isso que se vive.
Sevcenko (2001) nos apresenta a vida agora como um passeio no loop da montanha russa. Lá o tempo sequer se conta como experiência. Um quase surto.
É disso que trata Suely Rolnik (1997) em Toxicômanos de identidade: subjetivação em tempo de globalização. Suely aponta que as subjetividades se produzem em meio a afetos cambiantes, embriagados pela aceleração das coisas pulverizadas no ar, coisas líquidas como diria o Bauman (2004). Qualquer coisa hoje parece habitar a condição líquida. Contrapartida dessa liquefação nos modos de existir, persiste nas pessoas a vocação moderna de constituição de uma “referência identitária”. Crise que se intensifica, acentua Rolnik. Como ser, onde pelas condições de vida, já não se permite a estabilidade da experiência de ser?
A impossibilidade de ser moderno tenciona a experiência de quem se vê às feras no pós-moderno mundo RE. Aí só enchendo a cara ou coisa que o valha. Surgem os toxicômanos da identidade, onde tudo vale para SER, mesmo que esse ser seja ilusório ou líquido. Psicotrópicos, maconha, cocaína, álcool, tv, internet, literatura de auto-ajuda, esportes radicais, igrejas-show, dietas, definição corporal, cirurgias estéticas, etc e etc. Tudo isso e mais outros tantos dispositivos que vendem a ilusão de ser, se apresentam à experiência humana contemporânea. Esses dispositivos são recursos à disposição de um sujeito com medo, que anseia por ser.
Esse parecer ser o diagnóstico de Rolnik (1997). Consumo que se intensifica para produzir uma identidade ou representação de si. Diante do terror desse modo de existência que se generaliza, Rolnik teme pela ética na vida. Como um sujeito tomado pela carência pode por em questão sua vontade? Resistir é preciso, mas como? Como resistir sem uma verdade dura? "Hay que endurecer-se Pero sin perder la ternura jamás!" diria Che. Mas ternura como? O que dizem as pessoas da amizade que mantém, da necessidade de identidade para ser reconhecido e de consumo para se sentir inserido na vida. Precisamos perguntar.

RB.
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
ROLNIK, Suely, Toxicômanos de identidade: subjetividade em tempo de globalização. In LINS, Daniel. Cultura e subjetividade: saberes nômades. Papirus: Campinas, 1997 (19-24)
SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

26 de fev. de 2008

Imitação da Subjetividade

Utilizando-se de uma linguagem simplória podemos explanar alguns pontos importantes em que o texto retrata a emergente perda de identidade que está acontecendo no mundo globalizado.
Diante do constante ataque fulminante da tecnologia, da robótica e da cibernética em que presenciamos na atualidade, percebe-se também uma constante perda da personalidade de cada indivíduo.
A globalização faz com que se produzam os chamados kits de perfis padrão, de acordo com os anseios do mercado (e aqui poderemos citar as modas lançadas nas novelas bem como nos sites da internet que são seguidos a risca pela massa) que são extremamente flexíveis. As identidades locais e as características étnicas e culturais locais estão desaparecendo para dar lugar ás produções em grande escala e que previnem a diferenciação entre grupos.
Evidente que isso não implica necessariamente em uma recusa aos contornos da modernidade, contudo deve-se ter um certo cuidado e saber diferenciar uma abertura para o novo, ou seja, novos produtos, novas tecnologias, novos paradigmas, de uma perda da sua subjetividade, o que retira do indivíduo a sua capacidade de auto-dicernimento.
Uma das várias espécies do mercado e de suas exigências é o de drogas que sustenta e produz a demanda da ilusão e promove uma espécie de toxicomania generalizada – e aqui o texto explana várias espécies de drogas: não se fala aqui apenas em drogas farmacológicas que promovem a ilusão da identidade do indivíduo, mas também as drogas da televisão que influenciam consideravelmente na subjetividade, a droga oferecida pela literatura da auto ajuda, e enfim as drogas oferecidas pela tecnologia (que vem como conseqüência da globalização).
Assim, diante do exposto, percebe-se através da leitura do texto que estamos diante de uma constante força atrativa provocada pela globalização e seus efeitos, esta força tende cada vez mais a retirar da pessoa sua verdadeira identidade, a “despersonalizar”, para incutir um estereotipo globalizado que vai se adequar aos anseios do mercado.

Texto original retirado de: http://caosmose. net/suelyrolnik/ pdf/viciados_ em_identidade. pdf



OBs: Obtive uma enorme ajuda neste texto de um amigo meu, Italo (estudante de Direito), que se interessou pela temática e pelo texto em específico, e me ajudou bastante no texto e na discussão inicial em torno dele. Somos, então, dois autores do texto acima. Desculpem se não era permitido, mas seria injusto não creditar esta participação.

Identidades Globalizadas

Globalização: ligação de mundos distantes, integração, troca; quando alcançou a tecnolgia e a economia, essa simples palavra se transformou no motor do mundo moderno. mas a globalização pode atingir ainda mais fundo, não promover apenas a comunicação de Toquio e Brasília, mas também atingir o que as pessoas achavam ter de mais concreto num novo mundo onde tudo se transforma: sua identidade.
A moderna globalização provoca dois movimentos, um, onde as identidades são atingidas por suas novidades e intensas transformações, no qual se perdem e são forçadas a renovar-se; no outro, o problema de virar um "nada" e a insistência em estabelecer uma referência, uma identidade, são constantemente expostos a quem é atingido por tantas transformações. A mesma modernidade que renova quer impor uma estabilidade que ninguém é capaz de manter.
Esse duplo movimento faz as transformações nas tão amadas identidades parecerem monstros da modernidade que querem arrancar cabeças, deixando todos sem algo no que apoiarem sua estimada subjetividade. Contra essa possível eliminação "do que eu sou", as pessoas buscam diferentes caminhos. Todos eles levam ao mesmo horizonte, a anestesia contra a mudança e o pensamento de esvaziamento de identidade; todos esses caminhos mantêm uma "ilusão identitária" de algo fixo que não é mais capaz de existir.Qual é a receita para esse mal-estar? Drogas, de todos os tipos: farmacológicas, lícitas, ilícitas; televisivas, imagens publicizadas e transformadas em ícones, ideais; produtos que promovam a transformação nesses ícones.
Porém, como todos sabem, o melhor caminho quase sempre é o mais difícil, e buscar se encaixar em um desses "perfis-padrão" que a globalização cria para modelar as figuras de cada um não é o melhor deles. O caminho é o enfretamento do vazio, como um adolescente, experimentar a falta de significado e, já que se tem tantos para escolher, no fim, quem sabe, encontrar algum.
Rolnik, S. (1997) "Toxicômanos de Identidade. Subjetividade em tempo de globalização", pp. 19-24. Cultura e Subjetividade. Saberes Nômades. Org. Daniel Lins. Campinas: Papirus.
Disponível em
Acesso em 19 de Fevereiro de 2008

25 de fev. de 2008

Mais do mesmo : "Atrás da exata calibragem"

Apesar de ter pavor a essa revista de quatro letras, achei prudente postar o texto de Toledo. É mais do mesmo e só ratifica aquilo que já havíamos discutido, mas...




Até onde ser mulher, até onde ser negro: osdesafios de Hillary Clinton e de Barack Obama
Ser mulher e querer ser presidente dos Estados Unidos ou ser negro e querer ser presidente dos Estados Unidos são aspirações que exigem do ser humano bem mais do que se costuma exigir. Hillary Clinton e Barack Obama, os líderes na disputa pela candidatura do Partido Democrata à eleição deste ano, estão envolvidos numa empreitada hercúlea. Ser mulher e ser negro lhes é permitido, o.k., disso eles não podem fugir – mas nada de exagerar. Saber até onde pode ser mulher, num caso, e até onde cai bem ser negro, no outro – eis um desafio visceral, que se soma aos de fazer história e ameaçar tabus. Demanda uma calibragem de cujo fino ajuste dependem a vida e a morte eleitoral.

Hillary, ao decidir se lançar na carreira política, decidiu simultaneamente renunciar à condição de mulher. Desde que, na presidência do marido, ganhou tarefas como a de coordenar a reforma do sistema público de saúde, adotou o modelo da executiva fria, forte nos números, preocupada com os pobres, sim, mas nem por isso disposta a, como a princesa Diana, posar ao lado dos famintos. Não chegou a encarnar uma Margaret Thatcher, a menos mulher de todas as mulheres que já comandaram um país – tão difícil de imaginar pondo o neto para dormir quanto fácil de supor a varar noites em articulações com parceiros fumando charuto –, mas também se posicionou o mais distante possível do modelo fada-madrinha de Eva Perón. No Senado, seu mais famoso voto, pelo qual hoje é insistentemente cobrada – o de apoio à invasão do Iraque –, foi voto de macho. Se fosse homem, talvez se permitisse votar contra. Sendo mulher, nunca. O voto contra poderia ser interpretado como fraqueza de mulherzinha.

Eis, no entanto, que na semana passada, na véspera da eleição prévia de New Hampshire, Hillary – coisa jamais vista! – chorou. A rigor, não foi nem choro. Numa conversa com eleitoras, uma perguntou como ela conseguia agüentar o stress da campanha, e a candidata ficou com aquilo que nos romances populares se chama de "olhos rasos de lágrimas". A cena, de tão incomum, foi repisada mil vezes na TV. Os assessores de Hillary se apavoraram. Um homem ficar com os olhos rasos de lágrimas se tolera. Já uma mulher vira mulherzinha. Como pode uma pessoa dessas governar a maior das potências? Já se sabe o resultado desse fugaz momento de fraqueza: a ele foi atribuído o fato de, contrariando as pesquisas, Hillary ter vencido a eleição de New Hampshire. Bendito choro. Mostrou-a humana e mulher. Mas isso não quer dizer que Hillary deva sair chorando pela campanha eleitoral afora. Indica apenas que nem sempre é preciso ficar em guarda contra a condição de mulher, ou contra manifestações que o estereótipo dá como femininas e condena como incompatíveis com o exercício do poder.

Barack Obama, embora mulato – sua falecida mãe era branca –, é, sob certo ângulo, o negro mais negro que jamais freqüentou a política americana. Na semana passada correram mundo fotos e filmes de sua avó paterna, uma octogenária que mora na zona rural do Quênia, na mesma aldeia em que nasceu o também falecido pai do candidato – uma avó que fala suaíli e usa os característicos vestidos, turbantes e colares coloridos. Não há no panorama político americano personagem com ascendência africana tão próxima. A mulher de Obama é negra, ou mulata, como ele. Quer dizer: o sucesso não o levou a aderir ao padrão Pelé de certos negros brasileiros bem-sucedidos. Obama converteu-se ao cristianismo, mas a família paterna é muçulmana.
Eis, no entanto, que esse negro de trajetória tão assombrosa, um Lula em escala global, em que o Quênia faz o papel das favelas e do pau-de-arara das origens do presidente brasileiro, está a grande distância do negro típico da política americana. O típico é o militante dos direitos civis. É Martin Luther King ou, em anos mais recentes, Jesse Jackson, que, aliás, também chegou a se lançar candidato a presidente. Andrew Young, outro veterano militante dos direitos civis, hoje na campanha de Hillary, disse há pouco que Bill Clinton é mais negro do que Obama. "Com certeza Clinton já teve mais mulheres negras do que Obama", acrescentou. Era uma piada, claro, mas adivinha-se que uma piada saída do fundo do coração. Obama é um negro que toma suas distâncias da política negra habitual. É aquilo que se convencionou chamar de "moderado". Por isso mesmo é um candidato competitivo, e não, como Jesse Jackson, um negro que entra nas campanhas para marcar presença.

Se houvesse só uma mulher, ou só um negro, concorrendo, em condições de vencer, à candidatura do Partido Democrata, a disputa já seria demais de boa. Ter os dois, como está ocorrendo, é a glória, ainda que a mulher tome seus cuidados para não ser tão mulher assim, e o negro para não ser tão negro. O simbolismo permanece. E tem valor duplicado quando posto em contraste com os horrores da era Bush e seu coquetel de guerra no Iraque, Guantánamo, oficialização da tortura e outros desastres. A glória de abrigar uma disputa eleitoral entre Hillary e Obama é da democracia americana.

18 de fev. de 2008

Hillary ou Obama


Em novembro desse ano acontecem as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Os republicanos já escolheram seu candidato, John Mc Cain. Os democratas decidem entre Hillary Clinton e Barack Obama.
John Mc Cain não representa nenhuma novidade. Obama além de ter o sobrenome “Husseim” é negro e filho de imigrante africano muçumano. Obama não usa o fato de ser negro para se promover, nem Hillary usa o fato de ser mulher. Ela não levanta a bandeira do feminismo, ele não faz discursos contra o racismo.
Independente de quem seja escolhido pra representar o partido Democrata, caso se eleja, será uma mudança. E essa mudança vai muito além do fato de um negro ou uma mulher se eleger presidente. Não seria a vitória de um negro, ou de uma mulher, seria a vitória de Hillary ou de Obama. Seria a vitória da igualdade que não levanta a bandeira da igualdade – isso sim é igualdade.
Mas realisticamente falando isso é um pouco difícil de acontecer. A igualdade não é tão igualitária assim. A modernidade não é assim tão moderna e tem medo de mudanças.


Referência:

CALLIGARIS, Contardo. Eleições Americanas. Disponível em:
< http://www1. folha.uol. com.br/fsp/ ilustrad/ fq1402200825. htm > , acesso em 14/02/2008.

17 de fev. de 2008

Escolhas (norte)americanas

O que representam as eleições norteamericanas?
Bom, o cenario que se apresenta põe um negro descente de islamicos e uma mulher como grandes personagens do lado democrata e um ex-militar como grande nome entre os republicanos. Sobre esse último, nao ha muito a se dizer: ele é ainda o produto da velha tradição norteamericana de honra aos herois de guerra (apesar de muitos nao serem herois propriamente ditos).

Eis, entao, que as eleicoes norteamericanas - normalmente ja um prato cheio para noticiarios de todo o mundo - ganham ainda mais notoriedade. Obama é o preferido entre os joves e de postura mais "moderna", enquanto Hilary... Bom, Hilary seria uma mulher à frente da maior potência mundial. Contra o censo machista, os americanos nao estao muito preocupados com isso. E nem a propria candidata que nao parece mostrar-se adepta de propostas feministas.
Do mesmo modo, apesar da explícita preferencia desse eleitorado, Obana nao se arrisca no irregular piso do racismo. É negro, mas se prefere a moderação. Ou seja, as eleições nos EUA sao até certo ponto decepcionantes para a mídia: há uma mulher notória por perdoar o marido depois da traição e um negro (de sobrenome Hussein) que prefere não lembrar o povo da imensa distinçaõ racial...
This is the Americanway of life!!!

Ciberespaço público e Ambivalência

A ambivalência acaba por perpassar a noção de espaço público na internet. Esta não é apenas uma constatação que se faz por si só, ou mesmo inerente ao ciberespaço, ela se constrói através da análise do uso que se dá a esta nova configuração de espaço público, como mostram, por um lado, Paula Sibilia¹ e por outro, José Carlos Correia².
Os autores vêm mostrar que, simultaneamente, o espaço público gerado pela emergência do ciberespaço, hora é utilizado como vitrine de si, hora como um espaço de encontro e troca. Sabemos que é característica deste novo espaço esta configuração fluida, multifacetada e de significações plurais. Ainda carregando a virtualidade como sua principal característica, estas qualidades imprimem nos ciberespaços públicos um grande potencial de ser aquilo que se fazem dele, pois a potência dos mesmos se atualiza no seu uso. Então é possível identificar essa tal ambivalência, pois se de um lado, como mostra Sibilia, a intimidade está transbordando e inundando os espaços públicos, transformando-os em vitrines de si, em mostruários egóicos onde o “eu” transforma-se em produto de consumo; por outro, diz Correia, o ciberespaço carrega a descentralização dos discursos e suas possibilidades semânticas, fortalecendo instâncias de encontros e trocas marginais, criando, assim, uma maior diversidade significativa, uma espécie de circuito outsider.
Fica claro que a primeira possibilidade aqui apresentada, aparece e fala (de si) muito mais alto que a segunda, até porque é de sua natureza. Mas não se deve pensar que a segunda não existe ou mesmo que seja utópica, pois ela existe e desenvolve-se subterraneamente, de modo silencioso, por entre as sombras das luzes dos holofotes.

¹SIBILIA, Paula. Viver em casas de vidro: "Big Brother", webcams e blogs abrem frestas na intimidade, complicando a velha separação publico-privado. 2008. Disponível em: < http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2946,1.shl >
²CORREIA, José Carlos. De que modo a noção de espaço público altera-se na rede e afeta conceitualmente o webjornalismo cultural?. In: org. BRASIL, André; FALCI, Carlos H.; JESUS, Eduardo de; ALZAMORA, Geane. Cultura em fluxo: novas meditações em rede. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2004

13 de fev. de 2008

ATA - Reunião 12.02.08

  • De 8:30 às 9 hs: Reunião PIBIC
  • Presença: Andressa, Herica, Jade, Karyne, Laura, Marcus, Rafaela
  • Sobre as entrevistas: como aconteceram
  • Mês de Fevereiro não haverá reunião, funcionando somente o email do grupo e o "Li e Disse isso".
  • Possibilidade de apresentação dos nossos trabalhos na Semana de Psicologia

TAREFA:

  • Transcrever a primeira entrevista e ler o livro "Cartografias Sentimentais" de Suely Rolnik para fazer uma análise relacional entre os dois.
  • Prazo para esta atividade: 04/03/08