- Presença: Helmir, Marcus, Lázaro, Laura, Jade, Andressa, Karine, Kleber.
- Falou-se sobre os futuros projetos para o PIBIC, que deverão ser feitos até o dia 29/04/08. Até o momento só se tem propostas de João e Karine, tendo cada um seus interessados vinculados. Lázaro ficou informado da nova política do grupo de existirem mais de uma pesquisa funcionando no grupo e as pessoas que fazem parte devem estar vincilando a uma dessas propostas se se interessarem. Lázaro posicionou uma semente-idéia sobre uma proposta de se trabalhar com idosos, algo sore a percepção dessa faixa etária. Ficou aberta dele desenvolvê-la até a data limite.
- Marcus comentou sobre a XXXVIII Reunião Anual de Psicologia da SBP, em Umberlândia, que terão Sessões Coordenadas, Painéis, Painéis Permanentes, Encontros, Reuniões e Lançamento de Livros serão recebidas até dia 31 de Maio. Foi informado também que existe uma lista de um ônibus que fará a locomoção dos estudantes a esse evento. Melhor se apressar em colocar o nome nessa lista e quem quiser se inscrever. Proposta de quem quiser ir ao evento se posicionar e trazer idéias até o dia 06/05/08.
- Kleber explicou melhor sobre as formas de ler as entrevistas, sendo até o momento duas: (1) Como entrevistador e percebendo os outros colegas tb nesse lugar e por sua vez a ética do processo; (2) Perspectiva do entrevistado e de quem a lê, se aproximando ou não das falas dos entrevistados, apontando as distâncias e afastamentos em relação aos temas Identidade, Consumo e Amizade. O prazo final para entregar os relatórios referentes a essa segunda leitura é até o dia 06/05/08. Interessante que fosse feito uma análise de entrevista por entrevista. Após a entrega dele, serão feitas leituras de todos os 10 relatórios e com isso perceber o movimento de desejo que se cristalizam, para daí fazer um relatório completo. (me corrija aqui Kleber, caso necessário...).
- Quanto ao Encontro de Psicologia na UFS, ficou decidido que o grupo só se deterá nas apresentações já definidas que são: Andressa, João, Bruna e Hérica, que estarão falando sobre o Grupo, a Metodologia e do Projeto PIBIC; Marcus que ficou se se juntar com mais duas pessoas que fizesse PIBIC para fazer uma mesa sobre isso. Cada grupo deverá se encontrar e acertar os resumos para entregar ANTES a Kleber e daí se enviar para responsável pelo evento. Prazo final de entrega é 30/04/08.
- Marcus continuou o Seminário sobre a parte 1 do livro Cartografia Sentimental de Suely Rolnik. Porém ainda não terminou, faltando mais um capítulo e o restante será apresentado por Andressa.
22 de abr. de 2008
ATA - Reunião 22/04/08
16 de abr. de 2008
Empresário falando de democracia...
8 de abr. de 2008
Sigam-me os bons!!!
"Medo de fugir da raia na hora H. Medo de morrer na praia depois de beber o mar. Medo... que dá medo o medo que dá." (Lenine)
O que se pretende da vida, em nossos dias? Realização, gozo (mesmo que imediato), felicidade a todo custo, busca de sentido pra algo que nem sequer chegamos a sentir de verdade. Cria-se, a partir disso, a ilusão simplória do querer sempre mais e acabamos recorrendo a subterfúgios que parecem nos garantir algum prazer ou fazem-nos esquecer das decepções.
O mito da liberdade parece guiar-nos nesse sentido. A felicidade se afeiçoaria com a possibilidade de, que a liberdade trás consigo. Ser livre, nesse sentido, diria respeito a se fazer o que quisesse, quando bem quisesse. E quanto maior a realização, maiores as possibilidades de ir adiante.
Por outro lado, como aponta Antonio Cícero, também se pode pensar ser livre na modernidade como a negação (ou melhor, abnegação). É aí que entrariam os tais subterfúgios: alcançar as benesses da modernidade somente seria possível àquele que nega a sua condição de questionador, de inquiridor: chega-se à liberdade, desde que respeitadas o limite que ela nos impõe.
Não seria possível, então, provar-se livre. Querer isso é se assumir como escravo. Ou seja, o desejo de reafirmar-se é antes o desejo de mudar e aquele que deseja mudança não É, quer SER. Lembrei na hora do peixinho no aquário: seria mais útil ser limitado pelo vidro protegido ou ser arremessado na imensidão desconhecida do mar?
Fiquei encucado e mostrei o texto para Elen (do 5º período) e para um colega. Ela, como boa cristã que é me respondeu que a "ignorância é feliz". Já ele, preferiu não comentar, disse que esses textos "de psicólogo" causam embaraço na cabeça. Fiquei com uma dúvida: será que matei a liberdade dele?*Texto "Astúcia do Diabo", de Antonio Cícero, retirado do endereço: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0504200836.htm
6 de abr. de 2008
Pensando o corpo e sua construção na contemporaneidade.
O modo com cada um de nós percebe, sente, se relaciona com o corpo está ligado ao modo de vida, ao nosso modo de existência. E por isso torna-se necessário saber ou refletir sobre que tipo de idéias se têm sobre ele. Como já foi dito, estas idéias se produzem a partir dos variados atravessamentos de acordo com a época histórica em que se está inserida. Nas mais variadas épocas históricas e nas mais variadas culturas a relação do sujeito com o seu corpo se dá de maneiras diferentes. Por exemplo, na Idade Média (Rodrigues, 1999) a idéia que se tinha do corpo era de que era um corpo que abarcava a vida e a morte, esta não era vista como algo fora do corpo, fora da vida. A morte era vista como um ponto da vida em que entrávamos num sono profundo, para um despertar posterior, tendo isto um caráter religioso. A própria relação com o divino era encarada de uma forma direta: O Individuo cristão e Deus. Não era necessário, para se sentir falando com Deus, de um intercessor terreno, como um padre. As próprias confissões, geralmente, eram feitas diretamente a Deus, pois acreditava-se na misericórdia divina para a remissão dos pecados dos que se reconheciam como pecadores.
Desde a Idade Média a confissão tem um papel importante na sociedade ocidental, sendo utilizada como técnica de obtenção de verdades sobre si, uma verdade que denunciasse os pecados. Mas pouco a pouco, as coisas vão mudando. A confissão perante um clérigo passa a ser essencial e dependia deste o perdão ou não dos pecados. A confissão passa a ser expandida para outras áreas sociais, servindo ainda nesse ponto de técnica de obtenção de verdade sobre si, sendo utilizada no campo da justiça, em interrogatórios, etc. Passa-se a exigir que se falasse sobre si, que se confessasse cada pensamento, sonho, desejo, via-se isso como uma prática de penitência: cada um confessava suas verdades mais íntimas, mais pecaminosas. Mas era um tipo de confissão que ficava no plano da enunciação, que não se arquivava. Com a expansão da técnica para outras áreas como a medicina, a psiquiatria e a pedagogia, passou-se a arquivar as informações obtidas nas confissões, a solidificá-las, a categorizá-las. Os rituais de confissão saem de um plano religioso para adentrar esquemas da regularidade científica.
Até certo ponto a confissão com bases religiosas buscava que o sujeito falasse sobre sua verdade, sobre si, algo que o denunciasse um ser pecaminoso, um corpo do pecado. Já com a ciência no meio, o que se busca não é mais uma verdade escondida pelo próprio sujeito, mas uma verdade que há nele, mas este desconhece e isso se dá num processo onde participam um Interrogador e o Interrogado. Assim a confissão passa a ser um movimento de produção de verdade científica. E nessa relação de Interrogador X Interrogado, aquele que escuta, alem de dono do perdão (no caso religioso), é dono da verdade sobre o sujeito. Através da confissão, da interpretação desta, se produz um discurso de verdade, uma verdade sobre o corpo.
As verdades sobre o corpo, sobre a “melhor” forma de usá-lo para um bem-estar tanto individual como social, passam a ser ditas por terceiros, tendo como suporte a Ciência. Desenvolve-se todo um conjunto de dispositivos que servirão para gerir nosso modo de viver, de utilizarmos nossos corpos. Segundo Foucault (1997) o poder sobre a vida desenvolve-se, a partir do Séc. XVII, de duas formas: uma que via o corpo como uma máquina e a partir de dispositivos disciplinares assegurava-se esse poder, que visava um adestramento, ampliação das aptidões e docilização dos corpos; e a segunda, já no Séc. XVIII, partia de uma visão de um corpo biológico, de uma bio-política da população (controle de natalidade e morte, nível de saúde, etc.). Os dispositivos disciplinares se espalham pelos meios sociais: escolas, casas, ateliês, hospitais, etc., e as praticas políticas e econômicas já se preocupam com a regulação da população. É a era do Bio-Poder.
Esse bio-poder, sem a menor duvida, foi elemento indispensável ai desenvolvimento do capitalismo, que só pôde ser garantido à custa da inserção controlada dos corpos no aparelho de produção por meio de um ajustamento dos fenômenos de população aos processos econômicos. (Foucault, 1997:132)
Com o aperfeiçoamento destas técnicas de poder sobre o corpo, com o passar do tempo, cada vez mais se direciona os modos como se deve ou não usar o corpo, isto é, os modos como devemos viver. E esses modos têm como sustentação a força valorativa de uma verdade produzida pelo conhecimento científico, este estando muito próximo dos valores pregados por um modo de vida capitalística. Sendo assim se produzem corpos que só fazem isso ou aquilo se estiverem dentro das normas ditas como corretas, não se permite um tipo de vida onde se experimentam outras formas de se viver. Não se dá um passo, hoje em dia, sem se consultar o especialista (detentor da verdade) sobre a forma correta de se dar um passo adiante. Vivemos cada vez mais numa sociedade onde não mais sabemos como viver, sem que alguém dotado de um saber valorizado, nos diga como viver. A cada instante surgem novos especialistas da vida que dirão como devemos viver e isso vai desde a melhor posição para dormir, como devemos nos comportar dentro de um elevador junto a outras pessoas, qual a melhor forma de se trepar e – se brincar – até como devemos piscar nossos olhos. E o pior de tudo é que acreditamos nisso. Deixamos nas mãos dos outros as decisões sobre nossas vidas.
Portanto seria muito interessante criar-se um campo de discussões sobre estas questões que envolvem o pensar o corpo e sua construção na contemporaneidade. Segundo alguns autores como Foucault (1984) e Mangueira (2001), uma perspectiva voltada para uma discussão ética aponta como tais relações podem instituir e naturalizar certas práticas, determinando formas específicas de experienciar o mundo. Dentro dessa temática acreditamos que a prática do profissional em psicologia também visa entender como se á a produção dos corpos na contemporaneidade, ao mesmo tempo em que se transforma em um exercício de desnaturalização de tais conteúdos valorativos.
31 de mar. de 2008
1o de abril
amanhã, nossa reunião começa às 8 horas, para quem tem interesse em apresentar trabalho na Semana da Psicologia. Remarco para as 9 horas a apresentação do Cartografias.
PIBIC
Decidi(mos) na última reunião que a proposta de projeto pibic para 2008/2009 deve ser formulada por alunos, e o nosso grupo passaria então a funcionar de acordo com as propostas apresentadas. Do que viesse, uma seria encaminhada através do pibic e as outras a gente tocaria tb, do mesmo modo. Já há duas idéias circulando no grupo. Uma do Helmir, de problematizar o corpo no contemporâneo e a outra do João, que está interessado em discutir coisas afeitas ao cotidiano de Aracaju, seus passantes, suas carroças, algo por aí.
Acho que precisamos conversar mais sobre isso, tanto ao vivo como por aqui (e-mail), de modo a poder incorporar às idéias que apareçam a viabilidade metodológica e teórica.
Abraço
25 de mar. de 2008
ATA - Reunião 25.03.08
- Arquivo de todas as entrevistas trancristas
- Retorno a leitura de "Cartografias sentimentais" - Livro I
>Cap. I e II: Herica
>Cap. III a VI: Marcus
>Cap. VII a IV: Andressa
- Discussão de novas propostas para o próximo Pibic
- Presença: Andressa, Bruna, Helmir, Herica, Jade, João, Marcus, Rafaela.
PRÓXIMA REUNIÃO:
- Mudança de horário - 8:30 hs
- Apresentação do Livro I por Andressa, Herica e Marcus
Formas de enunciação midiática
8 de mar. de 2008
Consumo e corpo
P.s.: Texto escrito a partir da reportagem da Uol "O Brasil é o maior consumidor de inibidores de apetite". Link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/03/05/ult23u1372.jhtm
5 de mar. de 2008
"uma entrevista cartografada"
As cartografias mostram as transformações dos mundos de cada um, seus desdobramentos, abandonos de formas antigas, recuperações de mundos passados, criação de novos mundos. Todas essas movimentações são motivadas pelo desejo, ele é o “processo de produção de universos psicossociais” (Rolnik, 1989. p. 25). Ele é o início, a intensidade que transforma e produz, trabalhando com os elementos mais diversos dos quais tem acesso.
A transformação e a produção de mundos têm um elemento diferencial, eles possuem processos visíveis e invisíveis que produzem algo que Rolnik chama de “máscaras”, não falsidades ou omissões, mas sim, faces que se apresentam de diversas maneiras e que podem mudar a qualquer momento, “a máscara funciona como condutor de afeto (...) ganha espessura de real, ela é viva e, por isso, tem credibilidade: é verdadeira” (Rolnik, 1989. p. 31). Quem olha de fora, só consegue enxergar a máscara já constituída, o indivíduo transformado que se apresenta ao mundo, mas, um cartógrafo, que está em busca de acompanhar essa transformação, percebe também seus elementos mais discretos, os desejos, os afetos que levam à mudança e à criação. O cartógrafo acompanha o visível para descobrir o invisível.
E está aí a principal diferença entra a cartografia e o mapa, mapear é descrever o que já aconteceu, depois de modificado. Cartografar é acompanhar a modificação em todas as suas fases, seus momentos, seus movimentos de transformação; dessa forma, uma cartografia pode demonstrar intensidades e afetos que se manifestam, mesmo estes não aparecendo no plano visível, pois ela os acompanha na medida em que segue o movimento de criação.
Sendo estas máscaras, posições que se pode estabelecer no mundo, elas podem ser várias, se modificar e adaptar-se ao externo a qualquer momento. Para que isso aconteça, são necessárias três movimentações: primeiro o desejo deve ser gerado e tornar-se capaz de ser exteriorizado, deve haver atração de afetos. Essa atitude, em certa medida, depende de um cartógrafo-entrevistador, ser capaz de manter uma relação com quem entrevista na qual os desejos e as intensidades sejam trazidos à tona e possam materializar-se em máscaras. O que a experiência da entrevista veio proporcionar foi isso, a materialização dos afetos para que o interior se tornasse visivelmente presente; e sem a manutenção do ambiente em que os afetos podem sentir-se “livres”, não é possível que isso aconteça.
Num segundo momento, está presente no entrevistado a sensação de habitar o espaço, de poder representar suas máscaras livremente, sem precisar modificá-las a maneira do cartógrafo, mas sim, do seu desejo. Está-se dentro da entrevista, as respostas fluem e as perguntas são construídas acompanhando a trajetória do que é respondido, buscando-se, cada vez mais, a presença dos afetos no ambiente.
Se o segundo momento não se completa, o terceiro não aparece. Este último movimento é aquele da “territorialização” de transformar e manifestar afetos e desejos, de construir o mundo. Por vezes, acontece em meio à passagem do segundo momento para o terceiro, um estranhamento; mas o entrevistador-cartógrafo deve trabalhar para que isso seja positivo, pois, é através do contato com o estranho e com o diferente que os mundos se transformam e se renovam. O estranhamento com uma pergunta permite um pensamento sobre ela, uma opinião que será inovadora, nunca pensada, uma posição que se forma enquanto se pergunta e o cartógrafo-entrevistador acompanha tudo isso acontecer, presenciando a criação das máscaras dos afetos do início, quase em contato com o próprio desejo. O desejo passa a estar em contato com o momento da criação e da percepção do entrevistador.
Em cada situação e vivência que presenciamos, colocamos novas máscaras, elas nos ajudam a interpretar e dialogar com o externo, de forma que a atração dos afetos tornem-se materializadas e algo possa acontecer, como um diálogo em uma entrevista, por exemplo. Nem sempre somos os mesmos, não agimos da mesma forma sempre e cada forma de agir depende da atração e da intimidade dos afetos que se encontram, cada forma de criação é um mundo, uma realidade que se estabelece para aqueles que se afetam. E, por sua vez, cada mundo é uma realidade que transcende um plano individual e atinge a existência do social, o desejo, que parece tão íntimo, não se encontra separado da realidade do social, mas sim, é projetado para ele.
Desejar é adaptar sua máscara ao social que lhe é apresentado, obedecer à troca de intensidades dos afetos, mas de forma que se configure como, realmente, uma troca; um consentimento mútuo de afetos que podem se complementar e não se anular, complementação do desejo com o social, com a realidade.
Esse foi o trabalho e a experiência da entrevista: cartografar, acompanhar os movimentos como eles se apresentam, na sua gênese e na sua transformação; ser acompanhante ao mesmo tempo em que transformador do existente. Ter por caminho apenas o desejo e por guia, os afetos; conduzir uma cartografia e transformar e produzir um mundo.
4 de mar. de 2008
ATA - Reunião 05.03.08
- Participação de Helmir (falando sobre sua monografia, possibilidade de participação no grupo, participaçao no blog e no email do grupo)
- Kleber: apresentação e discussão do texto de Suely Rolnik "Toxicômanos de identidade: subjetividade em tempo de globalização", postado aqui no blog.
- Encaminhamentos da pesquisa PIBIC
- Presença: Andressa, Herica, Jade, João, Karyne, Lázaro, Laura, Marcus, Rafaela.
TAREFAS:
- Pibiqueiros: terminar a realização e a transcrição das entrevistas em 15 dias (18.03.08)
- Todos (sem a obrigatoriedade de Andressa, Marcus e Herica) : começar a análise e discussão de uma entrevista aqui no blog.
PRÓXIMA REUNIÃO:
- A discutir / não haverá reuniao na próxima semana
3 de mar. de 2008
Precisamos perguntar!
(Belchior – Velha roupa colorida)
Esse pequeno fragmento do cancioneiro popular cearense aponta que na década de 70, já se antecipava à condição juvenil, a circunstância RE. Rejuntar, refazer, repensar, reviver, reatar, rejuvenescer. RE em tudo que aparecia, de modo a modificar a aparência.
Pois bem, de lá pra cá, o RE passou a ser usado com maior freqüência e também a significar um estrato de tempo cada vez menor. Se lá (anos 70) a (re)atualização indicava uma ruptura com a década que ficara pra trás, hoje não seria exagero supor, que se luta para deixar de ser o dia de ontem. Muita velocidade para experimentar a vida. Não dá tempo. Re-experimentar talvez permita saber melhor. Não há tempo. É isso que se vive.
Sevcenko (2001) nos apresenta a vida agora como um passeio no loop da montanha russa. Lá o tempo sequer se conta como experiência. Um quase surto.
É disso que trata Suely Rolnik (1997) em Toxicômanos de identidade: subjetivação em tempo de globalização. Suely aponta que as subjetividades se produzem em meio a afetos cambiantes, embriagados pela aceleração das coisas pulverizadas no ar, coisas líquidas como diria o Bauman (2004). Qualquer coisa hoje parece habitar a condição líquida. Contrapartida dessa liquefação nos modos de existir, persiste nas pessoas a vocação moderna de constituição de uma “referência identitária”. Crise que se intensifica, acentua Rolnik. Como ser, onde pelas condições de vida, já não se permite a estabilidade da experiência de ser?
A impossibilidade de ser moderno tenciona a experiência de quem se vê às feras no pós-moderno mundo RE. Aí só enchendo a cara ou coisa que o valha. Surgem os toxicômanos da identidade, onde tudo vale para SER, mesmo que esse ser seja ilusório ou líquido. Psicotrópicos, maconha, cocaína, álcool, tv, internet, literatura de auto-ajuda, esportes radicais, igrejas-show, dietas, definição corporal, cirurgias estéticas, etc e etc. Tudo isso e mais outros tantos dispositivos que vendem a ilusão de ser, se apresentam à experiência humana contemporânea. Esses dispositivos são recursos à disposição de um sujeito com medo, que anseia por ser.
Esse parecer ser o diagnóstico de Rolnik (1997). Consumo que se intensifica para produzir uma identidade ou representação de si. Diante do terror desse modo de existência que se generaliza, Rolnik teme pela ética na vida. Como um sujeito tomado pela carência pode por em questão sua vontade? Resistir é preciso, mas como? Como resistir sem uma verdade dura? "Hay que endurecer-se Pero sin perder la ternura jamás!" diria Che. Mas ternura como? O que dizem as pessoas da amizade que mantém, da necessidade de identidade para ser reconhecido e de consumo para se sentir inserido na vida. Precisamos perguntar.
RB.
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
ROLNIK, Suely, Toxicômanos de identidade: subjetividade em tempo de globalização. In LINS, Daniel. Cultura e subjetividade: saberes nômades. Papirus: Campinas, 1997 (19-24)
SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
26 de fev. de 2008
Imitação da Subjetividade
Diante do constante ataque fulminante da tecnologia, da robótica e da cibernética em que presenciamos na atualidade, percebe-se também uma constante perda da personalidade de cada indivíduo.
A globalização faz com que se produzam os chamados kits de perfis padrão, de acordo com os anseios do mercado (e aqui poderemos citar as modas lançadas nas novelas bem como nos sites da internet que são seguidos a risca pela massa) que são extremamente flexíveis. As identidades locais e as características étnicas e culturais locais estão desaparecendo para dar lugar ás produções em grande escala e que previnem a diferenciação entre grupos.
Evidente que isso não implica necessariamente em uma recusa aos contornos da modernidade, contudo deve-se ter um certo cuidado e saber diferenciar uma abertura para o novo, ou seja, novos produtos, novas tecnologias, novos paradigmas, de uma perda da sua subjetividade, o que retira do indivíduo a sua capacidade de auto-dicernimento.
Uma das várias espécies do mercado e de suas exigências é o de drogas que sustenta e produz a demanda da ilusão e promove uma espécie de toxicomania generalizada – e aqui o texto explana várias espécies de drogas: não se fala aqui apenas em drogas farmacológicas que promovem a ilusão da identidade do indivíduo, mas também as drogas da televisão que influenciam consideravelmente na subjetividade, a droga oferecida pela literatura da auto ajuda, e enfim as drogas oferecidas pela tecnologia (que vem como conseqüência da globalização).
Assim, diante do exposto, percebe-se através da leitura do texto que estamos diante de uma constante força atrativa provocada pela globalização e seus efeitos, esta força tende cada vez mais a retirar da pessoa sua verdadeira identidade, a “despersonalizar”, para incutir um estereotipo globalizado que vai se adequar aos anseios do mercado.
Texto original retirado de: http://caosmose. net/suelyrolnik/ pdf/viciados_ em_identidade. pdf
OBs: Obtive uma enorme ajuda neste texto de um amigo meu, Italo (estudante de Direito), que se interessou pela temática e pelo texto em específico, e me ajudou bastante no texto e na discussão inicial em torno dele. Somos, então, dois autores do texto acima. Desculpem se não era permitido, mas seria injusto não creditar esta participação.
Identidades Globalizadas
25 de fev. de 2008
Mais do mesmo : "Atrás da exata calibragem"
Até onde ser mulher, até onde ser negro: osdesafios de Hillary Clinton e de Barack Obama
Ser mulher e querer ser presidente dos Estados Unidos ou ser negro e querer ser presidente dos Estados Unidos são aspirações que exigem do ser humano bem mais do que se costuma exigir. Hillary Clinton e Barack Obama, os líderes na disputa pela candidatura do Partido Democrata à eleição deste ano, estão envolvidos numa empreitada hercúlea. Ser mulher e ser negro lhes é permitido, o.k., disso eles não podem fugir – mas nada de exagerar. Saber até onde pode ser mulher, num caso, e até onde cai bem ser negro, no outro – eis um desafio visceral, que se soma aos de fazer história e ameaçar tabus. Demanda uma calibragem de cujo fino ajuste dependem a vida e a morte eleitoral.
Hillary, ao decidir se lançar na carreira política, decidiu simultaneamente renunciar à condição de mulher. Desde que, na presidência do marido, ganhou tarefas como a de coordenar a reforma do sistema público de saúde, adotou o modelo da executiva fria, forte nos números, preocupada com os pobres, sim, mas nem por isso disposta a, como a princesa Diana, posar ao lado dos famintos. Não chegou a encarnar uma Margaret Thatcher, a menos mulher de todas as mulheres que já comandaram um país – tão difícil de imaginar pondo o neto para dormir quanto fácil de supor a varar noites em articulações com parceiros fumando charuto –, mas também se posicionou o mais distante possível do modelo fada-madrinha de Eva Perón. No Senado, seu mais famoso voto, pelo qual hoje é insistentemente cobrada – o de apoio à invasão do Iraque –, foi voto de macho. Se fosse homem, talvez se permitisse votar contra. Sendo mulher, nunca. O voto contra poderia ser interpretado como fraqueza de mulherzinha.
Eis, no entanto, que na semana passada, na véspera da eleição prévia de New Hampshire, Hillary – coisa jamais vista! – chorou. A rigor, não foi nem choro. Numa conversa com eleitoras, uma perguntou como ela conseguia agüentar o stress da campanha, e a candidata ficou com aquilo que nos romances populares se chama de "olhos rasos de lágrimas". A cena, de tão incomum, foi repisada mil vezes na TV. Os assessores de Hillary se apavoraram. Um homem ficar com os olhos rasos de lágrimas se tolera. Já uma mulher vira mulherzinha. Como pode uma pessoa dessas governar a maior das potências? Já se sabe o resultado desse fugaz momento de fraqueza: a ele foi atribuído o fato de, contrariando as pesquisas, Hillary ter vencido a eleição de New Hampshire. Bendito choro. Mostrou-a humana e mulher. Mas isso não quer dizer que Hillary deva sair chorando pela campanha eleitoral afora. Indica apenas que nem sempre é preciso ficar em guarda contra a condição de mulher, ou contra manifestações que o estereótipo dá como femininas e condena como incompatíveis com o exercício do poder.
Barack Obama, embora mulato – sua falecida mãe era branca –, é, sob certo ângulo, o negro mais negro que jamais freqüentou a política americana. Na semana passada correram mundo fotos e filmes de sua avó paterna, uma octogenária que mora na zona rural do Quênia, na mesma aldeia em que nasceu o também falecido pai do candidato – uma avó que fala suaíli e usa os característicos vestidos, turbantes e colares coloridos. Não há no panorama político americano personagem com ascendência africana tão próxima. A mulher de Obama é negra, ou mulata, como ele. Quer dizer: o sucesso não o levou a aderir ao padrão Pelé de certos negros brasileiros bem-sucedidos. Obama converteu-se ao cristianismo, mas a família paterna é muçulmana.
Eis, no entanto, que esse negro de trajetória tão assombrosa, um Lula em escala global, em que o Quênia faz o papel das favelas e do pau-de-arara das origens do presidente brasileiro, está a grande distância do negro típico da política americana. O típico é o militante dos direitos civis. É Martin Luther King ou, em anos mais recentes, Jesse Jackson, que, aliás, também chegou a se lançar candidato a presidente. Andrew Young, outro veterano militante dos direitos civis, hoje na campanha de Hillary, disse há pouco que Bill Clinton é mais negro do que Obama. "Com certeza Clinton já teve mais mulheres negras do que Obama", acrescentou. Era uma piada, claro, mas adivinha-se que uma piada saída do fundo do coração. Obama é um negro que toma suas distâncias da política negra habitual. É aquilo que se convencionou chamar de "moderado". Por isso mesmo é um candidato competitivo, e não, como Jesse Jackson, um negro que entra nas campanhas para marcar presença.
Se houvesse só uma mulher, ou só um negro, concorrendo, em condições de vencer, à candidatura do Partido Democrata, a disputa já seria demais de boa. Ter os dois, como está ocorrendo, é a glória, ainda que a mulher tome seus cuidados para não ser tão mulher assim, e o negro para não ser tão negro. O simbolismo permanece. E tem valor duplicado quando posto em contraste com os horrores da era Bush e seu coquetel de guerra no Iraque, Guantánamo, oficialização da tortura e outros desastres. A glória de abrigar uma disputa eleitoral entre Hillary e Obama é da democracia americana.
18 de fev. de 2008
Hillary ou Obama
Em novembro desse ano acontecem as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Os republicanos já escolheram seu candidato, John Mc Cain. Os democratas decidem entre Hillary Clinton e Barack Obama.
John Mc Cain não representa nenhuma novidade. Obama além de ter o sobrenome “Husseim” é negro e filho de imigrante africano muçumano. Obama não usa o fato de ser negro para se promover, nem Hillary usa o fato de ser mulher. Ela não levanta a bandeira do feminismo, ele não faz discursos contra o racismo.
Independente de quem seja escolhido pra representar o partido Democrata, caso se eleja, será uma mudança. E essa mudança vai muito além do fato de um negro ou uma mulher se eleger presidente. Não seria a vitória de um negro, ou de uma mulher, seria a vitória de Hillary ou de Obama. Seria a vitória da igualdade que não levanta a bandeira da igualdade – isso sim é igualdade.
Mas realisticamente falando isso é um pouco difícil de acontecer. A igualdade não é tão igualitária assim. A modernidade não é assim tão moderna e tem medo de mudanças.
Referência:
CALLIGARIS, Contardo. Eleições Americanas. Disponível em:
< http://www1. folha.uol. com.br/fsp/ ilustrad/ fq1402200825. htm > , acesso em 14/02/2008.
17 de fev. de 2008
Escolhas (norte)americanas
Bom, o cenario que se apresenta põe um negro descente de islamicos e uma mulher como grandes personagens do lado democrata e um ex-militar como grande nome entre os republicanos. Sobre esse último, nao ha muito a se dizer: ele é ainda o produto da velha tradição norteamericana de honra aos herois de guerra (apesar de muitos nao serem herois propriamente ditos).
Eis, entao, que as eleicoes norteamericanas - normalmente ja um prato cheio para noticiarios de todo o mundo - ganham ainda mais notoriedade. Obama é o preferido entre os joves e de postura mais "moderna", enquanto Hilary... Bom, Hilary seria uma mulher à frente da maior potência mundial. Contra o censo machista, os americanos nao estao muito preocupados com isso. E nem a propria candidata que nao parece mostrar-se adepta de propostas feministas.
Do mesmo modo, apesar da explícita preferencia desse eleitorado, Obana nao se arrisca no irregular piso do racismo. É negro, mas se prefere a moderação. Ou seja, as eleições nos EUA sao até certo ponto decepcionantes para a mídia: há uma mulher notória por perdoar o marido depois da traição e um negro (de sobrenome Hussein) que prefere não lembrar o povo da imensa distinçaõ racial...
This is the Americanway of life!!!
Ciberespaço público e Ambivalência
Os autores vêm mostrar que, simultaneamente, o espaço público gerado pela emergência do ciberespaço, hora é utilizado como vitrine de si, hora como um espaço de encontro e troca. Sabemos que é característica deste novo espaço esta configuração fluida, multifacetada e de significações plurais. Ainda carregando a virtualidade como sua principal característica, estas qualidades imprimem nos ciberespaços públicos um grande potencial de ser aquilo que se fazem dele, pois a potência dos mesmos se atualiza no seu uso. Então é possível identificar essa tal ambivalência, pois se de um lado, como mostra Sibilia, a intimidade está transbordando e inundando os espaços públicos, transformando-os em vitrines de si, em mostruários egóicos onde o “eu” transforma-se em produto de consumo; por outro, diz Correia, o ciberespaço carrega a descentralização dos discursos e suas possibilidades semânticas, fortalecendo instâncias de encontros e trocas marginais, criando, assim, uma maior diversidade significativa, uma espécie de circuito outsider.
Fica claro que a primeira possibilidade aqui apresentada, aparece e fala (de si) muito mais alto que a segunda, até porque é de sua natureza. Mas não se deve pensar que a segunda não existe ou mesmo que seja utópica, pois ela existe e desenvolve-se subterraneamente, de modo silencioso, por entre as sombras das luzes dos holofotes.
¹SIBILIA, Paula. Viver em casas de vidro: "Big Brother", webcams e blogs abrem frestas na intimidade, complicando a velha separação publico-privado. 2008. Disponível em: < http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2946,1.shl >
²CORREIA, José Carlos. De que modo a noção de espaço público altera-se na rede e afeta conceitualmente o webjornalismo cultural?. In: org. BRASIL, André; FALCI, Carlos H.; JESUS, Eduardo de; ALZAMORA, Geane. Cultura em fluxo: novas meditações em rede. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2004
13 de fev. de 2008
ATA - Reunião 12.02.08
- De 8:30 às 9 hs: Reunião PIBIC
- Presença: Andressa, Herica, Jade, Karyne, Laura, Marcus, Rafaela
- Sobre as entrevistas: como aconteceram
- Mês de Fevereiro não haverá reunião, funcionando somente o email do grupo e o "Li e Disse isso".
- Possibilidade de apresentação dos nossos trabalhos na Semana de Psicologia
TAREFA:
- Transcrever a primeira entrevista e ler o livro "Cartografias Sentimentais" de Suely Rolnik para fazer uma análise relacional entre os dois.
- Prazo para esta atividade: 04/03/08
9 de fev. de 2008
Paradoxo entre o se exibir e o se privar
7 de fev. de 2008
Ativista Racker
Num cenário de aquecimento global, transgênicos, desigualdades sociais, fome, entre outras coisas, dá-se um surgimento de um novo hacker, ou como já é conhecido, o hackertivista, o nome chega a se hilário, porque parece ser a mistura das palavras racker com ativista, meio esdrúxulo não acham? Enfim, o rackertisva, ou ativista-racker é um misto de programador e ativista social, que age não para chamar a atenção para si, mas para suas causas políticas.
Eles através de sites “alternativos”, agindo no espaço virtual, têm uma atuação mais eficiente que grupo que têm suas ações diretas ruas. Seu campo de atuação é bastante vasto, age em vários países, com protestos e táticas variadas. Os mais tradicionais agem, sobretudo na luta pró-liberdade de expressão, pelos direitos humanos e por uma justiça social e política.